Oposição de São-Tomé
critica "secretismo" do
Governo no acordo
militar com a Rússia
09.05.2024 -
O MLSTP/PSD, líder da
oposição são-tomense,
criticou esta
quarta-feira "o
secretismo" com que o
Governo assinou o acordo
militar com a Rússia,
vaticinando
consequências na relação
com a União Europeia e
os Estados Unidos.
“O MLSTP [Movimento de
Libertação de São Tomé e
Príncipe], e eu diria o
país no seu todo, acabou
de receber esta
informação como facto
consumado. Infelizmente,
e é o que nós
lamentamos, através da
imprensa estrangeira.
Até este momento o
Governo não transmitiu
ao país as cláusulas
deste acordo”, disse à
Lusa o presidente do
partido.
Fonte do
Governo são-tomense
confirmou esta
quarta-feira à Lusa que
São Tomé e Príncipe
assinou com a Rússia um
acordo técnico militar
que prevê formação,
utilização de armas e
equipamentos militar e
visitas de aviões,
navios de guerra e
embarcações russas ao
arquipélago.
“Trata-se
de um acordo que em
momento nenhum ouvimos
qualquer comunicado do
Conselho de Ministros a
fazer alusão. Um acordo
desta envergadura, numa
área bastante sensível e
atendendo o contexto
mundial neste momento,
penso que exige
interação entre os
vários órgãos de
soberania, portanto
Governo, Presidência da
República e conhecimento
da Assembleia Nacional
para a aprovação e a sua
ratificação pelo
Presidente da
República”, criticou o
líder da oposição
são-tomense.
Fonte do
Ministério da Defesa e
Administração Interna de
São Tomé e Príncipe
confirmou à Lusa a
assinatura do acordo
“por tempo
indeterminado”,
anunciada pela agência
de notícias oficial
russa Sputnik. Segundo
esta agência russa, o
acordo foi assinado em
São Petersburgo em 24 de
abril e começou a ser
implementado em 5 de
maio.
A também
russa TASS tinha
noticiado uma reunião,
nesse dia, em Moscovo,
do responsável do
Conselho de Segurança da
Rússia, Nikolay
Patrushev, com o
ministro da Defesa de
São Tomé e Príncipe,
Jorge Amado, para
discutir "questões de
interesse mútuo".Jorge
Bom Jesus disse que o
MLSTP-PSD orientou a sua
bancada parlamentar para
que, por via da
Assembleia Nacional,
possa solicitar “uma
cópia do acordo” para
depois se pronunciar,
“com alguma propriedade
conhecendo as várias
cláusulas” do documento.
No
entanto, Bom Jesus
sublinhou que “é assim
que este Governo tem
agido com os dossiês
importantes, os grandes
dossiês do país, com
muito pouca
transparência, com muito
secretismo”.
O
MLSTP-PSD quer ouvir o
Presidente da República,
Carlos Vila Nova, para
saber se “há alinhamento
relativamente a este
dossiê”, considerando
que “colocou-se a
carroça à frente do
boi”, tendo em conta que
a imprensa internacional
noticiou que o acordo já
está em vigor antes de
passar pelo parlamento.
Questionado sobre se
pensa que o acordo
poderá beliscar a
relação entre São Tomé e
Príncipe e alguns
parceiros
internacionais, Jorge
Bom Jesus admitiu que o
Governo sabe “que haverá
consequências”.“Tendo em
conta o contexto, a
clivagem que nós
conhecemos entre a
Europa, a União Europeia
[e] a Rússia no quadro
das relações
internacionais neste
momento, o Governo,
penso que sabe
perfeitamente que haverá
consequências e é em
função de tudo isso que
se deve ponderar”,
referiu o
ex-primeiro-ministro
são-tomense.