Dívida bilateral dos
PALOP a Portugal
duplicou
desde 2000 para 2,5 mil
milhões
30.04.2024 -
A dívida bilateral dos
Países Africanos de
Língua Oficial
Portuguesa (PALOP) a
Portugal duplicou nos
últimos 25 anos,
chegando a 2,5 mil
milhões de euros em
2022, depois de ter
atingido o pico em 2013.
São Tomé e Príncipe foi
o país menos devedor de
Portugal à época, com
apenas 84 milhões de
euros (cerca de 90
milhões de dólares).
De acordo
com os dados do Banco de
Portugal, solicitados
pela agência Lusa, a
dívida destes países a
Portugal era de 1,2 mil
milhões de euros em
2000, numa lista onde
Angola, a maior economia
lusófona africana, é
sempre, de longe, o
maior devedor, à exceção
de entre 2014 e 2017,
quando o endividamento
de Moçambique era maior.
De acordo
com os dados do Banco de
Portugal, a dívida total
bilateral dos países
africanos lusófonos a
Portugal, no final de
2022, era de 2.565
milhões de euros, sendo
Angola responsável por
1.054 milhões de euros,
numa lista em que São
Tomé e Príncipe é o país
menos devedor, com
apenas 84 milhões de
euros, tendo atingido o
pico em 2013, ano em que
os PALOP chegaram a
dever 3.581 mil milhões
de euros.
Durante
um jantar, na
terça-feira, com
correspondentes
estrangeiros em
Portugal, o Presidente
da República português
afirmou que Portugal tem
"de pagar os custos" dos
crimes cometidos durante
a era colonial."Há ações
que não foram punidas e
os responsáveis não
foram presos? Há bens
que foram saqueados e
não foram devolvidos?
Vamos ver como podemos
reparar isto", afirmou
Marcelo Rebelo de Sousa.
No
evento, Rebelo de Sousa
disse que Portugal
"assume toda a
responsabilidade" pelos
erros do passado e
lembra que esses crimes,
incluindo os massacres
coloniais, tiveram
custos.Dias depois,
acrescentou que Portugal
deve liderar o processo
de assumir e reparar as
consequências do período
do colonialismo e
sugeriu, como exemplo, o
perdão de dívidas,
cooperação e
financiamento.
Ao longo
dos anos têm sido
tentadas um conjunto de
iniciativas para a
redução desta dívida
bilateral, sendo a mais
recente iniciativa a
ideia de trocar parte do
valor em dívida por
investimentos
climáticos, num modelo
em que o país devedor
canaliza a verba em
dívida para projetos que
beneficiem o ambiente ou
combatam ou fortaleçam a
resiliência do país às
alterações climáticas.
Portugal
acordou com Cabo Verde e
com São Tomé e Príncipe
um alívio com troca da
dívida bilateral por
investimentos climáticos
no mesmo valor, sendo
que o acordo assinado
com Cabo Verde prevê 12
milhões de euros e o de
São Tomé e Príncipe é de
3,5 milhões de euros.Em
2022, a dívida total de
Cabo Verde a Portugal
era de 630 milhões de
euros e a de São Tomé e
Príncipe era de 84
milhões de euros, de
acordo com os dados do
Banco de Portugal.
A ideia é
constituir um fundo
internacional, no caso
de Cabo Verde, e
nacional, no caso de São
Tomé e Príncipe, para
onde Portugal canalizará
o valor que é pago pelos
dois países, um
procedimento obrigatório
para não haver um perdão
nem uma reestruturação
da dívida, do ponto de
vista financeiro, que
poderia levar a uma
descida no 'rating' de
Cabo Verde, já que São
Tomé e Príncipe não tem
rating atribuído.
O novo
Governo de Luís
Montenegro considera a
ideia positiva e mantém
a intenção de alargar o
modelo a outros países
africanos lusófonos,
disse o secretário de
Estado para os Negócios
Estrangeiros e
Cooperação, Nuno
Sampaio, à Lusa, na sua
primeira visita à sede
das Nações Unidas (ONU),
em Nova Iorque, à margem
do Fórum do Conselho
Económico e Social da
ONU (ECOSOC) sobre
financiamento do
desenvolvimento, na
semana passada.
"Portugal
tem neste momento uma
experiência em curso
muito interessante com
Cabo Verde de troca de
dívida, onde a
amortização da dívida de
Cabo Verde será
convertida, para já, no
valor de 12 milhões de
euros num contributo
para um fundo ambiental.
Esta é uma forma
concreta, mas também
sustentável e inovadora,
e é com este tipo de
soluções que temos que
abordar a questão do
financiamento", defendeu
o secretário de Estado.
DÍVIDA
BILATERAL.......2000.....2010.....2021.....2022
Angola.................815.....1.441.....928......1054
Moçambique.............245.......523.....761.......674
Guiné-Bissau............65.......126.....126.......123
Cabo
Verde..............58.......268.....685.......630
São Tome
e
Príncipe.....30........49......89........84
TOTAL................1.213.....2.407...2.589.....2.565
Fonte:
Banco de Portugal
MBA (MYMM) // PSC