Quatro países lusófonos
ainda atrás no Índice de
Desenvolvimento Humano
pré-covid

14.03.2024 -
Quatro países lusófonos
-- Brasil, Cabo Verde,
São Tomé e Príncipe e
Timor-Leste - não
recuperaram ainda o
nível de desenvolvimento
humano que registavam
antes da pandemia,
segundo o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH)
hoje divulgado.
De acordo com o
relatório elaborado pelo
Programa das Nações
Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD),
que se centra no
desempenho dos países
entre 2022 e 2023, entre
os países membros da
Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP),
por outro lado, apenas a
Guiné Equatorial e
Moçambique registam
progressos no IDH,
independentemente de
subirem ou descerem nas
posições relativas dos
193 países e territórios
considerados.
Portugal, por exemplo,
ainda que registe
progressos no IDH,
passando de 0.866 pontos
em 2021-2022 para os
0.874 pontos em
2022-2023, cai quatro
posições no `ranking`,
da 38.ª no índice do ano
passado para a 42.ª
posição este ano.Ou
seja, ainda que o índice
de desenvolvimento
humano de Portugal tenha
registado progressos,
cresceu menos do que
outros no grupo de
países de Muito Alto
Desenvolvimento Humano,
que o ultrapassaram no
`ranking` liderado este
ano pela Suíça, com
0.967 pontos. Nos casos
da Guiné Equatorial e de
Moçambique, os ganhos no
índice foram
acompanhados por subidas
no `ranking`, sendo o
desempenho do primeiro
dos dois membros da CPLP
o mais rápido e
expressivo de todos os
países da comunidade
lusófona.
A Guiné Equatorial
ocupava a 145.ª posição
no `ranking`, com 0.596
pontos, em 2021-2022 (a
mesma posição no IDH de
2019, com 0.592 pontos)
e subiu 12 lugares este
ano, para a 133.ª
posição, com 0.650
pontos.
Moçambique subiu da
185.ª posição no IDH de
2022, com 0.446 pontos,
para a 183.ª com 0.461
pontos, desempenho que,
ainda assim, está longe
de tirar o país do grupo
dos menos desenvolvidos
do mundo - cujo limiar
está fixado nos 0.542
pontos este ano -, mas
que o coloca, pela
primeira vez desde 1990,
acima dos 10 últimos.
O Brasil aparece este
ano na 89.ª posição do
IDH, no grupo dos países
com Alto Nível de
Desenvolvimento, com
0.760 pontos, duas
posições abaixo da
registada no relatório
de 2021-2022, quando o
índice estava nos 0.754
pontos, e cinco abaixo
da 84.ª posição, que
ocupava antes da
pandemia, em 2019, com
0.765 pontos.
O desenvolvimento humano
do gigante sul-americano
foi particularmente
rápido e expressivo na
primeira década de
existência do `ranking`,
entre 1990 e 2000, mas
os seus progressos
abrandaram
significativamente desde
então, sublinhou a
equipa do PNUD na
pré-apresentação do IDH
2023-2024 aos
jornalistas esta
terça-feira.
A diretora do PNUD para
a América Latina,
Michelle Muschett,
destacou, em
contrapartida, nas
declarações aos
jornalistas, o facto de
o Brasil assumir este
ano a presidência do
G20, sublinhando o papel
das instâncias
multilaterais na
"consolidação das
posições regionais".
"Isto não é coisa pouca,
é fundamental, e a
liderança que o Brasil
está a exercer de
incorporar com muita
força a dimensão social
na discussão com os
países do G20 é imensa,
com forte ênfase
precisamente na
abordagem das
desigualdades como uma
prioridade, ao lado do
resto dos temas que o
G20 normalmente
acompanha", sublinhou a
responsável.
Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe e Timor-Leste
caem também nas posições
relativas que tinham no
IDH anterior, assim como
a pontuação no índice é
menor. Ambos os
arquipélagos lusófonos
no Atlântico caem 3
lugares, o primeiro da
posição 128.ª para a
131.ª em 2023 (com 0.661
pontos) e o segundo da
138.ª posição para a
141.ª (0.613 pontos); um
e outro com pontuações
abaixo do registo
pré-pandemia, 0.665 e
0.625 pontos
respetivamente.
A queda de Timor-Leste
no ranking é bastante
mais expressiva, 15
posições, da 140.ª em
2021-2022 para a 155.ª
posição este ano, com
0.566 pontos, contra
0.607 pontos no
`ranking` anterior e
0.606 pontos na tabela
de 2019, quando ocupava
a 141.ª posição.Os três
estados lusófonos, a que
se junta Angola, fazem
parte do grupo de países
de Desenvolvimento
Humano Médio.
O comportamento do
registo de Angola é
semelhante ao português,
no sentido em que, não
obstante a pontuação do
IDH do país em 2022-2023
ser superior à do índice
anterior - 0.591 pontos
contra 0.586 em
2021-2022 -, a sua
posição relativa passa
da 148.ª para a 150.ª
este ano.
A Guiné-Bissau integra
com Moçambique o grupo
dos Países com Baixo
Desenvolvimento Humano,
e, como Angola, também
caiu dois lugares este
ano, da 177.ª posição
para a 179.ª, com a
mesma pontuação em ambos
os estudos (0.483
pontos) e ligeiramente
acima da pontuação em
2019 (0.480 pontos), ano
em que ocupava a 175.ª
posição do `ranking` do
IDH. A África do Sul é o
país com o mais elevado
IDH na África Subsariana,
com 0.717 pontos,
ocupando a 110.ª posição
este ano, uma posição
abaixo da registada em
2021-2022.
A Somália, com 0.380
pontos, é o último dos
193 países do
`ranking`.A África
Subsariana é,
cronicamente, a região
com o mais baixo IDH em
todo o mundo. Este ano
regista 0.549 pontos, um
valor praticamente
estagnado em relação aos
dois índices anteriores
(0.547 pontos). O IDH
mundial ultrapassa
finalmente este ano o
registo pré-pandémico,
alcançando os 0.739
pontos (contra 0.737
pontos em 2019) e depois
de ter caído pela
primeira vez na sua
história devido aos
efeitos da covid em 2020
e 2021.
Lusa
