As quatro espécies de
tartarugas marinhas
constam na lista negra
da UINC

19.02.2024 -
A
Coordenadora Técnica da
Associação Programa Tatô,
Sara Vieira falou sobre
o estado da conservação
das tartarugas marinhas
em São Tomé e Príncipe,
acrescentando que,
“ocorrem 5 das 7
espécies de tartarugas
marinhas que existem
actualmente no mundo,
das quais 4 desovam na
Ilha de São Tomé, a
tartaruga Oliva,
localmente conhecida por
Tatô, a tartaruga Verde,
mais conhecida por Mão
Branca, a tartaruga de
Pente, localmente
conhecida por Sada e a
tartaruga de Couro, mais
conhecida por
Ambulância”. “Todas elas
encontram-se em vias de
extinção e incluídas na
lista vermelha da União
Internacional para a
Conservação da Natureza
(UICN).
Esses animais buscam as
praias do litoral e as
ilhas oceânicas para a
desova e também para
abrigo, alimentação e
crescimento.
Tendo-se
referido que a “espécie
mais ameaçada que ocorre
em São Tomé e Príncipe,
é a tartaruga sada”,
disse Sara Vieira, para
depois acrescentar que,
“hoje em dia
criticamente ameaçada de
extinção, principalmente
pela captura
indiscriminada ao longo
dos anos 90 não só para
consumo da sua carne e
ovos, mas também pela
sua linda carapaça para
se produzirem artigos
ornamentais”.
“Atualmente, São Tomé e
Príncipe acolhe a última
população viável desta
espécie em toda a costa
oeste africana. Enquanto
a tartaruga verde,
encontra-se ameaçada de
extinção, a tartaruga
oliva e de couro
encontram-se
vulneráveis, sendo
necessário tomar medidas
de conservação para que
estas não se tornem
vulneráveis à extinção”,
acrescentou.
Tendo
acrescentando ainda que,
“as principais ameaças
sobre estas populações
de tartarugas marinhas”,
nomeadamente, “a captura
intencional para o
consumo, a predação por
animais domésticos
(porcos e cães), a
poluição marinha, a
degradação do habitat
(provocada pela
urbanização do litoral,
a extração ilegal de
areia nas praias, a
construção de hotéis nas
praias de desova) e as
mudanças climáticas que
intensificam a erosão
costeira devido a
elevação progressiva do
nível do mar.

Quanto ao
comportamento das
comunidades
destinatárias (palaies e
pescadores), esta
coordenadora explicou
que “as populações
costeiras estão cada vez
mais sensibilizadas
sobre a importância da
preservação destas
espécies ameaçadas de
extinção”, destacou
frisando que, “tendo em
conta o seu papel
fundamental que
desempenham na
manutenção do equilíbrio
dos ecossistemas
marinhos, dos quais
todos nós dependemos”.
Embora a
captura e
comercialização de
tartarugas marinhas
tenha diminuído
drasticamente ao longo
da última década, Sara
Vieira, adiantou que
“graças aos esforços de
conservação do Programa
Tatô e a aprovação da
lei nacional de proteção
das tartarugas marinhas
pelo Governo em 2014
(Decreto-Lei nº8/2014),
ao longo do presente ano
temos assistido a um
aumento considerável da
captura destes animais
em vias de extinção no
mar”.
“Acreditamos que o
aumento de incidência
desta prática ilegal
esteja ligado ao
contexto sócio-económico
atual do país e à
diminuição do stock de
peixe que temos vindo a
sentir nos nossos mares,
destacou frisando, “o
que acaba por destacar a
importância e a
necessidade de captar
mais investimentos
focado no bem-estar das
comunidades para
garantir a sobrevivência
a longo prazo destas
espécies ameaçadas de
extinção.
Esta
coordenadora fala sobre
avalia a interacção com
instituições estatais e
privadas na protecção
das espécies da fauna
são-tomense, destacou
frisando que, “embora
temos vindo a assistir a
um aumento significativo
no envolvimento das
autoridades nacional e
do próprio sector
privado na proteção da
biodiversidade nacional
ao longo da última
década”, sublinhando
que, “existe necessidade
de maximizar esse
envolvimento, promovendo
a participação ativa não
só do governo e do
sector privado, mas sim
de todos os principais
intervenientes,
promovendo uma e rede
colaborativa para a
conservação das
tartarugas marinhas que
reúnam representantes
das comunidades locais,
governo, sector privado,
investigadores e ONG
para assegurar a
preservação destas
espécies”.
“A
espécie de tartarugas
marinhas mais ameaçada
de São Tomé e Príncipe é
a tartaruga de pente,
localmente conhecida por
Sada”, disse Sara
Vieira, para depois
acrescentar que “esta
população encontra-se
entre as 11 populações
de tartarugas marinhas
mais ameaçadas em todo o
mundo”. “Embora várias
populações de tartarugas
marinhas no mundo têm
apresentado sinais de
recuperação, ainda
teremos de percorrer um
longo caminho para que
estas espécies estejam
completamente
salvaguardas do risco de
extinção, e São Tomé e
Príncipe não é uma
excepção”, disse.
Sara
Vieira disse ao terminar
que, “apesar de temos
vindo a assistir a um
aumento significativo da
atividade reprodutora de
tartarugas marinhas nas
praias deste
arquipélago, graças aos
esforços de conservação
realizados ao longo da
última década, ameaças
como a captura
intencional e acidental
no mar, poluição
marinha, principalmente
por plástico, a
degradação dos seus
habitats críticos e as
alterações climáticas,
continuam a pôr em risco
a sobrevivência a longo
prazo destas espécies”.
Sara
Vieira, é a Co-fundadora,
Vice-Presidente e
Coordenadora Técnica da
Associação Programa Tatô
desde 2014, estudante de
doutoramento e
investigadora no Centro
de Ciências do Mar da
Universidade do Algarve.
Por: João
Soares
