São Tomé e Príncipe
primeiro país com todo
território
classificado Reserva da
Biosfera - UNESCO
30.09.2025
- São
Tomé e Príncipe passa a
ter todo o seu
território classificado
como Reserva Mundial da
Biosfera, segundo
decisão anunciada hoje
pela UNESCO, que incluiu
ainda Angola, Guiné
Equatorial e Portugal na
lista de 26 novos locais
em 21 países.
A decisão da Organização
das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO), hoje
anunciada, após o
Congresso Mundial de
Reservas da Biosfera,
que decorreu durante a
semana em Hangzhou,
China, acrescentou 26
novos locais em 21
países à rede mundial da
biosfera da instituição,
nomeadamente em quatro
países lusófonos.
A UNESCO, com sede em
Paris, revela que São
Tomé e Príncipe se
tornou o primeiro país
totalmente coberto por
uma Reserva da Biosfera
- ao reconhecer a ilha
de São Tomé depois de,
em 2012, ter sido
inscrita a ilha do
Príncipe e as ilhotas
circundantes - e destaca
que Angola e Guiné
Equatorial têm pela
primeira vez áreas
reconhecidas pelos seus
ecossistemas e
abordagens inovadoras
para a vida sustentável.
A Reserva da Biosfera da
Ilha de São Tomé cobre
quase 1.130 quilómetros
quadrados de picos
vulcânicos, florestas
tropicais e paisagens
agrícolas férteis.
Segundo a UNESCO, as
zonas de proteção
marinha incluem ilhéus
como o das Cabras, o de
Santana e o das Rolas,
"que abrigam recifes de
coral, colónias de aves
marinhas e praias de
nidificação de
tartarugas".
Além disso, "cerca de
130.000 habitantes estão
envolvidos em atividades
profundamente ligadas à
terra e ao mar", lê-se
no comunicado, que
apresenta o ecoturismo
como uma atividade que
oferece oportunidades de
crescimento e destaca o
"cacau orgânico de
renome mundial de São
Tomé", que está
enraizado na comunidade
local e "é um símbolo do
legado agrícola e do
conhecimento transmitido
através das gerações".
Por último, conclui a
UNESCO, a Reserva da
Biosfera da Ilha de São
Tomé "protege um
património natural e
cultural insubstituível
através da participação
da comunidade, uso
sustentável da terra e
conservação". Angola viu
reconhecida, pela
primeira vez, uma
reserva da biosfera, a
Quiçama, ao longo de 206
quilómetros da selvagem
costa atlântica, ao sul
de Luanda.
Com 33.160 quilómetros
quadrados, a reserva da
Quiçama "não só conserva
a biodiversidade
costeira e marinha
única, mas também
fortalece a resiliência
climática e a identidade
cultural unindo pessoas
e natureza numa visão
partilhada de paz e
sustentabilidade", lê-se
no comunicado. Já a
Guiné Equatorial, país
que integra a Comunidade
de Países de Língua
Portuguesa (CPLP), viu
reconhecida a Reserva da
Biosfera da Ilha de
Bioko, "uma joia
vulcânica e exuberante",
sendo a quarta maior
ilha de África, com uma
área superior a 2.000
quilómetros quadrados,
que alberga a capital do
país, Malabo, e abriga
uma das mais notáveis
biodiversidades da
África Central, realça.
A Reserva da Biosfera da
Ilha de Bioko protege,
segundo a UNESCO, a
riqueza natural que
inclui o Parque
Nacional do Pico Basilé,
a Reserva Científica da
Caldeira de Luba e áreas
marinhas, "protegendo
tanto a terra como o
mar" e combinando a vida
urbana em Malabo com
comunidades rurais.
Segundo a UNESCO, esta
primeira classificação
na Guiné Equatorial
"promoverá a
conservação, o
desenvolvimento
sustentável e a pesquisa
científica, garantindo
que os primatas,
florestas e legado
cultural de Bioko
perdurem por gerações
futuras". Portugal
também está na lista com
a incorporação da
Reserva da Biosfera da
Arrábida, localizada a
sul de Lisboa, com
aproximadamente 200
quilómetros quadrados.
Na lista deste ano, além
das reservas nos quatro
países lusófonos, a
UNESCO destaca a
classificação do
arquipélago Raja Ampat,
na Indonésia, como o
ecossiste
ma marinho com maior
biodiversidade da Terra.
O programa O Homem e a
Biosfera da UNESCO está
a passar por uma
expansão sem precedentes
desde 2018, com 142
novas reservas da
biosfera representando
mais de um milhão de
quilómetros quadrados
(Km2) adicionais de
áreas naturais
protegidas. Hoje, as 785
reservas em 142 países
cobrem 8 milhões de km2
--- a área da Austrália
--- e beneficiam
diretamente cerca de 300
milhões de pessoas que
nelas vivem, segundo a
organização.
Na abertura do
congresso,
segunda-feira, Audrey
Azoulay, diretora-geral
da UNESCO, disse esperar
que, até 2030, cada
Estado-membro tenha pelo
menos uma reserva, como
prevê o plano de ação
para a próxima década
que apresentou no
encontro. O plano inclui
ainda duas medidas "para
ir mais longe na
proteção", nomeadamente,
a conservação e restauro
de pelo menos 30% dos
ecossistemas degradados
até 2035 e a redução da
pressão humana sobre a
biodiversidade.
