FMI já emprestou quase
60.000 ME a África
desde 2020 e terá de
emprestar mais

23.09.2026 -
O Fundo Monetário
Internacional (FMI)
considera que os países
africanos vão precisar
de ainda mais
financiamento, apesar de
a instituição já ter
emprestado quase 70 mil
milhões de dólares desde
2020 para ajudar estas
economias.
"Estamos a observar uma
procura contínua dos
países africanos pelo
apoio do FMI, incluindo
novos programas,
prorrogações e aumentos
[de financiamento],
impulsionados por
choques persistentes e
pressões elevadas da
dívida", afirmou um
porta-voz do FMI em
declarações à agência de
informação financeira
Bloomberg, nas quais
apontou que o Fundo já
financiou estas
economias em quase 70
mil milhões de dólares
(60 mil milhões de
euros) desde a pandemia
de covid-19.
O FMI tem mais de 20
programas de ajustamento
financeiro em África,
incluindo nos lusófonos
Cabo Verde, Guiné-Bissau
e São Tomé e Príncipe,
estando também em
negociações para
recomeçar o programa de
Moçambique, o que deixa
de fora apenas Angola e
a Guiné Equatorial, país
que terminou em Julho um
programa de apoio
técnico sem
financiamento.
Países como o Maláui,
Quénia ou Moçambique
abandonaram os programas
por não terem conseguido
cumprir as metas, mas
estão em negociações com
o Fundo, enquanto o
Uganda e o Senegal estão
à procura de novos
programas e a Zâmbia
está a negociar um
prolongamento de um ano
do ajustamento em curso.
A dívida externa de
África subiu para mais
de 650 mil milhões de
dólares (552 mil milhões
de euros), e os custos
do serviço da dívida
atingiram quase 90 mil
milhões de dólares (76,4
mil milhões de euros) em
2024, de acordo a
Organização das Nações
Unidas.
Estes elevados níveis de
dívida permitem aos
investidores
estrangeiros impor uma
taxa de juro mais alta
nos empréstimos ou
emissões de dívida
feitas por estes países,
o que originou uma
aposta cada vez maior
nos mercados internos de
dívida, ao ponto de a
falta de disponibilidade
financeira dos bancos
para apoiar as empresas
locais se ter tornado
uma preocupação.
Em Cabo Verde, o FMI
anunciou em julho um
prolongamento do
Mecanismo de Crédito
Alargado (ECF, na sigla
em inglês) por mais 15
meses e um aumento do
financiamento para cerca
de 60 milhões de euros.
A direção do FMI
anunciou também, nessa
altura, que tinha
aprovado o
prolongamento, por 15
meses, do acordo de
financiamento no âmbito
do Mecanismo de
Resiliência e
Sustentabilidade (RSF),
destinado a apoiar os
investimentos
climáticos, e o
reescalonamento das
datas de disponibilidade
ao abrigo deste
programa.
Na Guiné-Bissau, o FMI
tem em curso um ECF, ao
abrigo do qual já
financiou esta economia
lusófona em cerca de 40
milhões de euros.
O programa de
ajustamento financeiro
em Moçambique foi
interrompido no final do
ano passado, na
sequência da derrapagem
na grande maioria das
metas, devido à
violência que estalou no
último trimestre, na
sequência da divulgação
dos resultados das
eleições presidenciais,
mas no final de agosto o
FMI disse que as
discussões sobre um novo
programa de ajustamento
financeiro vão continuar
"nos próximos meses".
Em São Tomé e Príncipe,
o FMI tem em curso um
ECF que vai durar quase
até final de 2027 e ao
abrigo do qual serão
desembolsados mais de 21
milhões de euros.
Inforpress/LusaFim
