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A primeira entrevista do PR de São Tomé e Príncipe

após tomada de posse do novo governo

29.01.2025 - Após a tomada de posse do novo governo, o que considera prioritário para o país?

Prioridades há várias, mas neste primeiro momento é prioritário garantir e reforçar a paz social e a estabilidade, factores essenciais para que se possa concentrar nos desafios que se colocam ao país e na busca de soluções para aliviar os problemas que a população são-tomense vem enfrentando.

E como pretende garantir essa paz e estabilidade?

Há que eleger o diálogo como condição sine qua non e promover iniciativas que visem aproximar as pessoas entre si, independentemente dos seus credos políticos ou partidários, religiosos ou outros. As pessoas precisam de estar e de se sentir mais próximas umas das outras e se sentirem próximas da governação e o inverso também é válido.

É preciso criar espaços para que cada um se possa sentir como uma peça válida no xadrez que é o país, e dar a sua contribuição em prol do desenvolvimento do mesmo. É urgente e imperativo evitar que uma certa “cultura do ódio” se instale entre os santomenses ou pelo menos entre algumas franjas da nossa sociedade, pois o ódio não constrói, apenas destrói. Não há, pois dúvidas, de que é imperativo criar unidade e estabilidade no país, cultivando um clima de entendimento na sociedade, primando pelo diálogo, apresentando e partilhando mensagens e críticas construtivas, enfim, e nesse processo cabe-me o papel de moderador e de promotor de consensos.

E por falar em consensos, o que pode partilhar das conversas que tem tido com com o novo PM?

Após a sua tomada de posse, abordamos questões essenciais para o sucesso dessa governação, nomeadamente o foco na prossecução do interesse público, que implica entre outros aspectos, continuar a apostar no processo de reforma da administração pública, da justiça, demonstrar mais afinco na perseguição e desincentivo à corrupção a todos os níveis, visando a protecção dos bens públicos, 2 que mais não são do que bens de todos e de cada um dos santomenses.

 Como não podia deixar de ser, abordamos igualmente a minha disponibilidade em trabalhar com o Governo dentro dos limites impostos pelo princípio da separação e interdependência de poderes e a necessidade imperiosa de existência de lealdade institucional, sem usurpação de poderes e competências, bem como de uma cooperação clara e estratégica em defesa dos superiores interesses da nação.

É urgente e imperativo evitar que uma certa “cultura do ódio” se instale entre os santomenses ou pelo menos entre algumas franjas da nossa sociedade,

Corre que o nome de Américo Ramos foi dado pelo presidente ao invés de uma sugestão do partido eleito. É verdade? Se sim, porque o fez? Se não, o que o fez aceitar o nome de Américo Ramos?

A indigitação do Dr. Américo Ramos para ocupar o cargo de Primeiro Ministro, nos termos em que foi feita, obedeceu aos ditames impostos pela Constituição em vigor em São Tomé e Príncipe. É preciso recordar que o Dr. Américo Ramos foi Secretário Geral do Partido ADI.

Interessa referir que havia várias questões subjacentes à escolha do Primeiro Ministro que tinham que ser equacionadas e que requereram, como todo o resto nesse processo, uma análise profunda e responsável. Note-se que a indigitação de Américo Ramos só aconteceu seis dias depois da demissão do Governo e após indigitações por parte do Partido ADI que não vingaram, pelas razões que se conhece, e depois de ouvidos os partidos políticos com assento parlamentar e consultados vários membros e dirigentes do Partido ADI.

Em outubro de 2024 disse não haver crispação política com o PM. Dois meses depois demite o governo. O que aconteceu?

Não havia crispação política entre o Presidente e o Primeiro Ministro naquela altura como também não foi qualquer crispação política que determinou a demissão do Governo. Essa demissão foi um acto político, (não determinado por motivações políticas), decorrente das competências próprias do Presidente da República e constitucionalmente previstas.

Quanto às razões, foram, claramente, a deslealdade institucional, o disfuncionamento do Governo, com ausências frequentes e prolongadas sem resultados visíveis para o país e a falta de cooperação estratégica.

Patrice Trovoada alega que foi um golpe de Estado palaciano. Como lhe responde?

A minha decisão foi tomada estritamente no âmbito das prerrogativas que me assistem nas funções de Presidente da República, no superior interesse do país e tendo por base a democracia exemplar de São Tomé e Príncipe, que aliás é bastante elogiada no contexto africano. No entanto, estamos num país livre e democrático, pelo que as alegações de uns e outros têm o valor que têm.

Que impacto estão a ter estes últimos acontecimentos em STP na esfera internacional? Tem recebido feedback de outros chefes de Estado?

A democracia tem virtudes e fragilidades. Winston Churchill terá dito que a democracia é o pior dos regimes, com excepção de todos os outros. A demissão do Governo e tudo o que a envolve ou envolveu são acontecimentos perfeitamente normais em democracia e, como tal, no geral foram recebidos de forma bastante positiva, não só ao nível interno, como na esfera internacional, com os parceiros e amigos de São Tomé e Príncipe a acompanhar de perto os acontecimentos e a manifestar a sua solidariedade durante todo esse processo. Recebi várias mensagens e telefonemas de vários homólogos meus e individualidades outras a manifestar a sua solidariedade.

2025 começou de forma atribulada para os santomenses. Vai ser um ano difícil?

Fácil não será, seguramente, pelos problemas que o país vem enfrentando e pelo contexto internacional que não tem sido favorável. No entanto, essas dificuldades poderão ser agravadas pela falta de passagem de pasta entre o Governo cessante e o Governo actual, pois não deixa de constituir um significativo ao conhecimento e a apropriação dos dossiers em curso, podendo afectar os projectos e trabalhos do actual Governo. Todavia, é próprio da democracia e todos os inícios desafiadores. Nada é fácil. O importante é avançar com determinação, integridade e lealdade, tendo sempre a promoção do bem-estar do povo santomense em primeiro lugar.

Fonte fidedigna do Forbes Africa Lusófona

 

 

 

 

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