Evacuações clínicas para
Portugal continuam mas
reduzidas por
transplantes em Cabo
Verde
29.01.2025 -
O primeiro-ministro
cabo-verdiano afirmou
esta terça-feira, em
Lisboa, que as
evacuações clínicas para
Portugal vão continuar,
apesar de representarem
custos para o sistema de
saúde português,
sublinhando que a
realização de
transplantes em Cabo
Verde deverá reduzir
esta necessidade.
Durante a conferência de
imprensa que se seguiu à
assinatura de um
conjunto de instrumentos
celebrados por ocasião
da VII Cimeira Portugal
- Cabo Verde, que
decorre desde
segunda-feira em Lisboa,
Ulisses Correia e Silva
disse que a evacuação
médica ainda continua,
porque o arquipélago não
é autossuficiente na
resposta em todas as
áreas.
"Esta parceria que temos
com Portugal na saúde e
nas evacuações é uma das
áreas mais importantes,
porque, apesar de
representar custos para
o sistema de saúde
português, é uma
vertente de cooperação
muito importante e é
para continuar", disse,
ao lado do
primeiro-ministro
português, anfitrião do
encontro. O chefe do
Governo cabo-verdiano
destacou o trabalho que
está a ser desenvolvido
em Cabo Verde para a
realização de
transplantes no país,
evitando assim a
deslocação para Portugal
destes doentes.
Um dos protocolos
firmados entre os dois
países, no âmbito da
cimeira que hoje
termina, foi
precisamente um acordo
de parceria entre o
Camões - Instituto da
Cooperação e da Língua,
I.P. e o Ministério da
Saúde da República de
Cabo Verde, relativo ao
Projeto "Programa de
Transplante Renal".
Sobre o mesmo, Ulisses
Correia e Silva disse
que Cabo Verde vai
realizar transplantes
renais em pelo menos um
dos hospitais centrais,
o que disse ser "um
passo significativo" na
autonomização de
"condições técnicas,
humanas e de
especialidade
tecnológica para fazer
este tipo de
intervenção".
"Aí reduzimos a
necessidade de evacuação
externa para Portugal e
damos conforto a pessoas
que estão hoje em
processos de diálise na
Praia [ilha de Santiago]
e em São Vicente, mais a
possibilidade de terem
acesso à resolução
definitiva dos seus
problemas de saúde com
transplantes", disse."As
pessoas que vêm [para
Portugal] para
tratamentos com
problemas renais,
enquanto não tiverem
soluções de transplante
ficarão sempre em
situação de evacuação",
disse.
Dados da Direção-Geral
da Saúde (DGS) indicam
que, entre 2021 e 2023,
Cabo Verde foi o país
que mais doentes
transferiu para
tratamento em Portugal,
dos 4.296 doentes dos
Países Africanos de
Língua Oficial
Portuguesa (PALOP) aí
tratados nesse período.
Cabo Verde transferiu
43% do total de doentes
dos PALOP, seguindo-se a
Guiné-Bissau (29%), São
Tomé e Príncipe (24%),
Angola (3%) e Moçambique
(2%). Ulisses Correia e
Silva observou ainda que
está em curso um projeto
de construção de um novo
hospital em Cabo Verde,
que irá dispor de
especialidades como
oncologia, neurologia,
traumatologia ou
cardiologia, que são "as
áreas que mais demandam
evacuações".E adiantou:
"Estamos a trabalhar
nestes projetos.
Está a levar o tempo que
é necessário. Para além
da componente física da
construção física, temos
toda a componente
tecnológica,
especializações, para
podermos erigir esse
hospital. É mais um
instrumento que vai
depois reduzir a demanda
para a evacuação".
Sobre este caminho que
"Cabo Verde está a
trilhar", com a ajuda de
Portugal, o governante
sublinhou: "Não é só dar
ajuda, é apoiar para que
Cabo Verde seja autónomo
e crie condições do seu
processo de
desenvolvimento".Hoje,
entre os vários acordos
assinados entre
representantes dos
governos português e
cabo-verdiano, no
Ministério dos Negócios
Estrangeiros, um deles
foi um Memorando de
Entendimento para o
Desenvolvimento do
Programa de Saúde.
Na área da saúde, foi
também assinado um
Memorando de
Entendimento entre o
Ministério da Saúde da
República Portuguesa e o
Ministério da Saúde da
República de Cabo Verde
no âmbito da Saúde
Digital e um Protocolo
de Entendimento e de
Cooperação Técnica e
Científica na Área da
Saúde entre a Unidade
Local de Saúde de
Coimbra, E.P.E., e o
Hospital Central da
Praia - Hospital Dr.
Agostinho Neto.No âmbito
desta cimeira, serão
assinados 30 protocolos
de cooperação em várias
áreas.