Líder da ADI admite
risco do partido
são-tomense
desaparecer e ameaça com
expulsões
20.01.2025 -
“O risco
que nós temos hoje [com
o novo Governo] é de
retrocesso, de
incongruência, de
aumento do autoritarismo
e da corrupção, e o
risco para o ADI é, de
facto, de nos virmos a
fraccionar e acabarmos
por desaparecer, quando
desde 2010 somos o maior
partido de São Tomé e
Príncipe”, disse Patrice
Trovoada em mensagem de
vídeo publicada na rede
social Facebook, na
noite de quarta-feira.
O ex-primeiro-ministro
são-tomense Patrice
Trovoada admitiu que a
Ação Democrática
Independente (ADI), que
lidera, vive o “período
mais difícil da sua
existência” e corre o
risco de desaparecer,
após “o golpe” que
derrubou o Governo.
“O risco que nós temos
hoje [com o novo
Governo] é de
retrocesso, de
incongruência, de
aumento do autoritarismo
e da corrupção, e o
risco para o ADI é, de
facto, de nos virmos a
fraccionar e acabarmos
por desaparecer, quando
desde 2010 somos o maior
partido de São Tomé e
Príncipe”, disse Patrice
Trovoada em mensagem de
vídeo publicada na rede
social Facebook, na
noite de quarta-feira.
Patrice Trovoada,
admitiu tratar-se do
“período mais difícil da
sua existência como
partido político”, mas
lembrou que foi o
“escolhido para conduzir
os destinos da nação
são-tomense até 2026”.
“O ADI foi vítima, e
todo o país ,de um golpe
palaciano, golpe esse
que contou com pessoas
que nós até agora
considerávamos de
companheiros, que
demonstraram a falta de
integridade, a falta de
honestidade, a
ingratidão e o espírito
perverso que levou não
só à traição de outros
companheiros, mas
sobretudo levou a
traição do contrato
estabelecido entre o
nosso partido e o povo
que nos elegeu com
maioria absoluta”,
declarou.
O presidente da ADI,
pediu ao militantes do
partido “bastante
resiliência, coragem e
caráter”, prometendo
manter-se “sempre ativo
junto do partido”,
sobretudo na preparação
do próximo congresso que
quer que aconteça o
“mais rapidamente
possível” para “expulsar
todos aqueles que
decidiram de facto
sacrificar a ADI,
sacrificar o programa de
Governo”.Entre os
visados da expulsão,
Patrice Trovoada
destacou o Presidente da
República, Carlos Vila
Nova.
O chefe de Estado
são-tomense entregou o
cartão de militante da
ADI após assumir as
funções 2021.“Eu apelo
(…) à união [dos
militantes], a
continuarem a confiar no
presidente do partido e
no líder do partido para
(…)sairmos dessa
situação grave,
perigosa, quer para o
país, quer para o
partido”, afirmou.O novo
Governo são-tomense é
composto por 10
ministros, seis homens e
quatro mulheres, e
quatro elementos fizeram
parte do executivo
anterior, liderado por
Patrice Trovoada.
Após a posse do
executivo, o segundo
vice-presidente da Ação
Democrática
Independente, Orlando da
Mata, afirmou que
“muitos membros” da ADI
com função de relevância
no partido, “e que
puseram, acima de tudo,
o país [à frente]”,
apoiam o novo Governo
são-tomense,
contrariando a
contestação da direção
do partido. “Hoje nós
temos uma figura da ADI
[Américo Ramos] no
poder, nós temos um
elenco maioritariamente
da ADI com algumas áreas
estratégicas […], nós
vemos um Governo
competente e que irá ter
muito apoio, não só
dentro da ADI como
fora”, disse.
No entanto, Patrice
Trovoada disse que não
há “nada de
surpreendente” quanto à
participação de alguns
membros da ADI no novo
Governo, porque alguns,
“desde a primeira hora,
faziam parte do golpe” e
outros, “no meio da
confusão”, pediram para
integrar.
“O partido vai conhecer
muitos ataques, as
pessoas contam, os
golpistas contam com a
nossa fragilidade,
nomeadamente com a
precariedade material
que muitas vezes afeta a
nossa militância e
também (…) alguma
ambição precipitada e
falta de visão de médio
e longo prazo, porque
esse Governo não tem
como ter sucesso”, disse
Patrice Trovoada.
O novo primeiro-ministro
são-tomense foi ministro
das Finanças (2010-2012
e 2014-2018) de governos
do ex-primeiro-ministro
Patrice Trovoada,
secretário-geral da ADI,
e governador do Banco
Central de São Tomé e
Príncipe, cargo que
ocupava até assumir a
chefia do Governo.
Américo Ramos, foi
escolhido pelo
Presidente da República,
Carlos Vila Nova, após
rejeitar dois nomes
propostos pela
ADI.Carlos Vila Nova,
demitiu o 18.º Governo,
liderado por Patrice
Trovoada, em 06 de
janeiro, apontando
“assinalável
incapacidade” de
solucionar os “inúmeros
desafios” do país e
“manifesta deslealdade
institucional”.
Jornal Económico com
Lusa