Oposição são-tomense diz
que demissão do Governo
é "medida necessária e
há muito esperada"
09.01.2025 -
O Movimento
Basta, oposição
são-tomense, considerou
hoje a demissão do
Governo uma "medida
necessária e há muito
esperada", e aguarda um
novo primeiro-ministro
"à altura dos desafios
do país" e "capaz de
restabelecer a confiança
do povo nas
instituições".
"Esta
decisão representa uma
resposta clara aos
inúmeros apelos que o
Movimento Basta e outras
vozes da sociedade civil
têm feito ao Presidente,
no sentido de tomar
medidas firmes em prol
dos superiores
interesses de São Tomé e
Príncipe", declarou o
coordenador do Movimento
Basta, Salvador dos
Ramos, apontando, "o
contexto de crise
económica, social e
política" que considera
existir no país.
Para a
formação política, "a
demissão do
primeiro-ministro abre
uma janela de
oportunidade para
corrigir o rumo" do
país, "que tem sido
marcado pela
incapacidade de
governar, pela ausência
de soluções, pela falta
de transparência nos
projetos estruturantes
do país".
O Movimento
Basta aponta ainda o
"desrespeito pelos
órgãos de soberania,
ingerência nos
tribunais, limitação de
liberdade dos cidadãos,
viagens constantes e
pelo agravamento dos
problemas que afetam
diretamente o povo
são-tomense".
"As nossas
intervenções ao longo
deste período de crise
foram sempre no sentido
de defender os maiores
interesses do povo
são-tomense e de exigir
responsabilidade e
transparência na gestão
da coisa pública",
apontou Salvador dos
Ramos.
O
coordenador do Basta
disse esperar que o
partido Ação Democrática
Independente (ADI), como
vencedor das eleições de
2022, "indique um novo
primeiro-ministro que
esteja à altura dos
desafios do país e que
seja capaz de
restabelecer a confiança
do povo nas instituições
e na governação"."É
imperativo que a próxima
liderança governe com
responsabilidade, visão
e compromisso com as
necessidades reais dos
são-tomenses.
Que se faça
justiça sobre o massacre
de 25 de novembro e que
os militares envolvidos
sejam suspensos enquanto
aguardam a decisão da
justiça; que reveja os
contratos dos projetos
de investimento; um
Governo capaz de
dialogar com os partidos
da oposição",
acrescentou.
Na
segunda-feira, o
Presidente são-tomense,
Carlos Vila Nova demitiu
o Governo liderado pelo
primeiro-ministro,
Patrice Trovoada, por
"assinalável
incapacidade" de
solucionar os "inúmeros
desafios" do país e
"manifesta deslealdade
institucional", lê-se no
decreto presidencial.
O chefe de
Estado, que reuniu horas
antes o Conselho de
Estado, fundamentou a
decisão "tendo em
atenção o contexto
interno de São Tomé e
Príncipe, caraterizado,
presentemente, por
inúmeros desafios,
particularmente
económicos e financeiros
e a sua repercussão
social, e considerando
que a actuação do
Governo tem sido marcada
por uma assinalável
incapacidade em aportar
soluções atendíveis e
compatíveis com o grau
de problemas
existentes".
A isto,
acrescentam-se "períodos
frequentes prolongados
de ausência do
primeiro-ministro e
chefe do Governo do
território nacional sem
que disso resultem
ganhos visíveis para o
Estado e para o povo
são-tomenses, e se
traduzem, pelo
contrário, em despesas
injustificáveis para o
erário público".
Carlos Vila
Nova salientou ainda "a
falta, por parte do
primeiro-ministro, de
uma clara cooperação
estratégica e uma
manifesta deslealdade
institucional, fatores
que vêm entorpecendo a
relação institucional
que deve existir entre o
Presidente da República
e o Governo, através do
primeiro-ministro".
O Presidente
decretou que "é demitido
o XVIII Governo
Constitucional", e que a
ADI, "enquanto partido
político mais votado nas
últimas eleições
legislativas" é
"convidado a apresentar,
no prazo de 72 horas,
outra individualidade
para assumir o cargo de
primeiro- ministro e
chefe do Governo".Fontes
da ADI disseram à Lusa
que a Comissão Política
do partido, que esteve
reunida durante a noite
de segunda-feira,
decidiu orientar o
partido pela não
indicação de novo
primeiro-ministro,
tentando forçar a
realização de eleições
antecipadas.
O
primeiro-ministro
Patrice Trovoada falará
hoje em conferência de
imprensa pela primeira
vez desde as fortes
críticas lançadas pelo
Presidente da República
na mensagem de fim do
ano e e demissão do
Governo.
A ADI foi a
vendedora das
legislativas de 25 de
setembro de 2022,
alcançando a maioria
absoluta de 30 deputados
e tem um acordo de
incidência parlamentar
com a coligação
Movimento de Cidadãos
Independentes-Partido
Socialista/Partido de
Unidade Nacional (MCI-PS/PUN),
que tem cinco eleitos.
Os partidos da oposição
somam 20 deputados,
respetivamente 18 do
Movimento de Libertação
de São Tomé e Príncipe (MLSTP)
e dois do Movimento
Basta.