Governo de São Tomé
anuncia medidas para
promover "emigração
consciente e segura"

30.07.2025 -
Governo liderado por
Américo Ramos lamenta as
"situações precárias"
dos seus cidadãos em
Portugal, numa
referência ao bairro do
Talude Militar, em
Loures, e anunciou
algumas ações para
promover uma "emigração
consciente e segura".
Num comunicado divulgado
esta terça-feira pelo
Conselho de Ministros de
São Tomé, o executivo
liderado pelo
primeiro-ministro
Américo Ramos lamentou
"as condições de
habitabilidade" em que
se encontram os seus
cidadãos no bairro do
Talude Militar, em
Loures, "e outros que se
encontram em situações
precárias em Portugal",
assegurando que
"continuará a trabalhar
com as autoridades
portuguesas" e a
representação
diplomática são-tomense
em Lisboa no seguimento
dessas situações.
O governo são-tomense
anunciou algumas medidas
que serão adotadas para
melhor compreender "os
diversos aspetos do
processo emigratório,
garantir que a emigração
e a integração nos
países de acolhimento
sejam feitas com
dignidade, bem como
promover o investimento
da diáspora no país".
Entre as medidas
adotadas o executivo
decidiu "divulgar o
caderno de bolso
contendo informações
sobre uma emigração
consciente e segura, em
coordenação com a
Embaixada de São Tomé e
Príncipe em Portugal",
prevendo "realizar
atividades de informação
e sensibilização", em
São Tomé, na primeira
quinzena de agosto.
Decidiu ainda reforçar a
"cooperação com a
Organização
Internacional para as
Migrações" e constituir
um grupo de trabalho
intersetorial, integrado
por representantes do
Ministério dos Negócios
Estrangeiros, Cooperação
e Comunidades, da
Economia e Finanças, do
Banco Central e da
Agência de Promoção de
Comércio e Investimento,
com o objetivo de
implementar o Estatuto
do Emigrante Investidor
em São Tomé e Príncipe.
PORTUGAL É O DESTINO
PREFERIDO
Os dados finais do V
Recenseamento Geral da
População e Habitação de
São Tomé e Príncipe,
divulgados na
sexta-feira, indicaram
que o arquipélago tem
quase 210 mil
residentes, e registou
um "aumento drástico dos
fluxos migratórios" nos
últimos anos. Segundo o
documento, foram
registados 12.239
emigrantes, nos últimos
cinco anos (20219-2024),
dos quais 52% eram
homens e 48% mulheres,
com uma "taxa acelerada
de saída das populações
em idade ativa", tendo
69,4% dos emigrantes, em
2024, entre 15 e 49
anos.
"Portugal continua a ser
o destino preferencial
dos emigrantes
são-tomenses nos últimos
cinco anos", refere-se
no documento, apontando
que a proporção
"aumentou de 81,9% em
2019 para 95,4% em
2024", sendo que o maior
aumento ocorreu entre
2020 e 2021,
nomeadamente de 84,8%
para 94,1%, um aumento
de 9,3 pontos
percentuais.
A Embaixada de São Tomé
e Príncipe em Lisboa
disse hoje à Lusa que o
país está disponível
para pagar viagens de
regresso aos
são-tomenses desalojados
do bairro do Talude
Militar, em Loures, mas
o porta-voz dos
moradores assegurou que
os imigrantes não querem
regressar.
DISPONIBILIDADE PARA
AJUDAR
Perante indicações, não
confirmadas, de que a
maioria dos habitantes
do bairro é de origem
são-tomense, a Lusa
tentou obter dados
concretos junto da
Câmara Municipal de
Loures, do Movimento
Vida Justa e da
Embaixada de São Tomé em
Portugal, mas não foi
possível obter esse
perfil dos moradores.
Segundo a informação
consular dada à Lusa, a
"embaixada não dispõe de
dados estatísticos
precisos quanto ao
número exato de
emigrantes são-tomenses
naquele bairro. Todavia,
sabe-se que a presença
da comunidade é
significativa", tendo
sido manifestada
disponibilidade para
ajudar.
"Foram ativadas
diligências com vista à
disponibilização de
tendas e géneros
alimentícios, tendo sido
estabelecidos contactos
com diversas
instituições públicas e
privadas para reforçar
os mecanismos de
resposta. A embaixada
tem também procurado
agir em articulação com
outras estruturas da
sociedade civil e
autoridades locais",
declarou.
"A embaixada reafirma o
seu compromisso com a
defesa da dignidade dos
cidadãos são-tomenses no
exterior e continuará a
acompanhar com atenção
este e outros casos,
trabalhando com todas as
partes interessadas para
soluções humanas, legais
e sustentáveis.
"Os municípios de Loures
e Amadora, no distrito
de Lisboa e ambos
presididos pelo PS,
realizaram em julho
operações de demolição
de casas precárias
construídas pelos
habitantes, o que
provocou grande
polémica. A autarquia de
Loures iniciou a 14 de
julho uma operação de
demolição de 64
habitações precárias no
bairro do Talude
Militar, onde viviam 161
pessoas.
