Presidente da Comissão
da União Africana
critica política
de vistos e tarifas
comerciais dos EUA

25.06.2025 -
Mahmoud Ali Youssouf
lamentou também que se
tenha posto fim ao AGOA
(Lei de Crescimento e
Oportunidade para
África), bem como os
programas de ajuda ao
desenvolvimento da USAID.
O presidente da Comissão
da União Africana,
Mahmoud Ali Youssouf,
afirmou esta
Segunda-feira, 23, que
“não há comércio com
restrições às viagens” e
criticou as tarifas
abusivas impostas aos
países africanos.Mahmoud
Ali Youssouf falava na
cerimónia de abertura da
17.ª Cimeira de Negócios
EUA-África, que decorre
até quarta-feira em
Luanda, e alertou para o
que considerou como
obstáculos aos negócios,
aludindo às decisões da
administração
norte-americana de
aumentar tarifas e
alargar proibições de
viagens a mais 36 países
africanos, incluindo os
lusófonos Angola, Cabo
Verde e São Tomé e
Príncipe.
“Quando 36 países da
África não possuem ou
são negados vistos para
os Estados Unidos, como
pode o comércio
desenvolver-se entre as
duas áreas? Quando as
tarifas são impostas de
forma abusiva contra os
Estados africanos e, em
alguns casos, mais de
40%, como é que os
negócios se vão
desenvolver?”,
questionou, sendo
aplaudido pela plateia.
O responsável da União
Africana lamentou também
que se tenha posto fim
ao AGOA (Lei de
Crescimento e
Oportunidade para
África), bem como os
programas de ajuda ao
desenvolvimento da USAID.
“Tudo
isso foi abandonado.
Alguém dizia que isso é
um despertar para as
nações africanas”,
disse, salientando que a
África vai depender cada
vez mais dos seus
recursos domésticos.“Nós
estamos a desenvolver
políticas para mobilizar
recursos nacionais, mas
nós não podemos aceitar
a rejeição de vistos.
Nós não podemos aceitar
tarifas infelizes que
não têm nada a ver com
as regras da Organização
Mundial de Comércio”,
criticou.
Por outro lado,
salientou que a nova
Comissão da União
Africana se concentrou
nos desafios da paz e da
integração para
pacificar o continente e
promover os setores
chave, tais como
minerais e energia,
saúde e agroindústria,
infra-estruturas e
economia digital,
“portadores de
desenvolvimento e
prosperidade”.
“Não há dúvidas de que a
África tem recursos
naturais e humanos, 30%
dos recursos minerais
mundiais estão no
continente, com uma
população de 1,4 mil
milhões de habitantes”,
salientou Mahmoud Ali
Youssouf.
A nova Comissão da União
Africana foi eleita em
fevereiro – quando o
Presidente angolano,
João Lourenço, assumiu
também a presidência
rotativa da organização
– e é responsável por
implementar as políticas
e estratégias aprovadas
pelos órgãos da UA, que
conta com 55
Estados-membros.
O responsável da
Comissão da UA descreveu
os EUA como “um polo
financeiro e de
conhecimento”,
salientando a
importância de uma
parceria equilibrada,
justa e equitativa para
que os Estados-membros
da UA abram seus
mercados e atraiam
capital, lembrando que,
em 2025, o crescimento
médio em África se
estima em 3,9% e mais de
21 países terão um
crescimento superior a
5%.
“Além disso, a luta
contra a corrupção e o
levantamento progressivo
das barreiras tarifárias
e não-tarifárias é o
objectivo perseguido
pelos nossos
Estados-membros”,
acrescentou, sublinhando
que o continente está
firmemente engajado em
harmonizar as políticas
comerciais, domésticas e
financeiras.
O responsável, citado
pela Lusa, destacou o
setor privado como um
dos principais motores
de desenvolvimento e
prosperidade, sendo “a
combinação de políticas
públicas e o setor
privado” garantia de um
futuro melhor para as
nações africanas.Ao
mesmo tempo, prosseguiu,
é importante introduzir
reformas no sistema
financeiro global e nas
regras da Organização
Mundial de Comércio. -
Forbes
