Primeiro-ministro
apresentou na Áustria
lista
de oportunidades para
investidores

19.06.2025 -
Fórum de Desenvolvimento
do Fundo da Organização
dos Países Exportadores
de Petróleo, que
decorreu esta
terça-feira na Áustria,
serviu de plataforma
para a projeção do país
como um mercado de
oportunidades em vários
setores para
investimento externo.
O primeiro-ministro de
São Tomé e Príncipe
pronunciou-se esta
terça-feira, na capital
austríaca, perante
centenas de líderes,
decisores políticos e
investidores, sobre as
dificuldades com que os
pequenos Estados
insulares se confrontam
para a obtenção de
financiamento,
aproveitando a ocasião
para narrar o “grande
potencial” do país em
áreas como a indústria
agroalimentar e o
turismo sustentável.
O alerta foi lançado no
Fórum de Desenvolvimento
do Fundo da Organização
dos Países Exportadores
de Petróleo (OPEC, na
sigla em inglês), no
qual Américo Ramos foi
convidado a abordar o
tema “soluções de escala
para países
vulneráveis”, e que
serviu de plataforma
para a projeção do país
como um mercado de
oportunidades em vários
setores para
investimento externo.
“Tal como outras nações
insulares, deparamo-nos
com problemas para
conseguir financiamento,
desenvolver uma economia
mais diversificada e
construir
infraestruturas mais
fortes”, afirmou o chefe
do governo são-tomense,
chamando a atenção para
a necessidade de se
tornar o acesso ao
financiamento “mais
justo, fácil e mais
adequado à realidade de
países” como São Tomé e
Príncipe.
Mencionando
oportunidades emergentes
nos setores da energia,
agronegócio, ecoturismo
e serviços digitais,
Américo Ramos lançou um
convite a investidores,
empreendedores e
parceiros de
desenvolvimento para
considerarem São Tomé e
Príncipe como destino de
negócio.
A cidadania por
investimento, uma medida
que o país tinha vindo a
explorar – e já prevista
na lei em Cabo Verde -,
acaba de ser aprovada em
Conselho de Ministros.
“São Tomé e Príncipe
oferece estabilidade,
beleza natural, uma
posição estratégica no
Golfo da Guiné e um
governo completamente
comprometido para
reformar.
A nossa voz pode vir de
uma ilha pequena, mas
fala por milhões que
vivem com os mesmos
riscos e esperanças”,
continuou Américo Ramos.
O primeiro-ministro
listou, ainda, as
intervenções
prioritárias em termos
de infraestruturas e nas
quais o investimento
estrangeiro é
“bem-vindo” e “muito
necessário”.
São elas a modernização
do Aeroporto
Internacional de São
Tomé, o desenvolvimento
e a expansão das
infraestruturas do
porto, a construção de
um novo hospital
nacional “mais moderno e
resiliente”, a
reabilitação e expansão
da rede antiga do país,
essencial para melhorar
a conectividade e o
crescimento económico,
que “representam
oportunidades
estratégicas de
parceria” para
investidores, explicou.
“Acreditamos que o apoio
global e investimento
responsável são a chave
para resolver os
desafios que todos
partilhamos,
especialmente as
pequenas nações
insulares. A nossa
promessa é clara:
queremos ajudar a
construir um futuro
justo, limpo e aberto
para todos. Mas não
podemos fazê-lo
sozinhos. É preciso
mudar e melhorar a forma
como a cooperação
internacional funciona”,
defendeu.
“Mesmo com estas
dificuldades, começámos
importantes reformas.
Estamos a fazer
progressos”, sublinhou,
apontando o investimento
em tecnologia digital e
no acesso à internet com
fibra ótica e em
projetos de banda larga
e em formação de
profissionais em
“áreas-chave como a
energia limpa e a
tecnologia”.O caminho
tem sido feito com a
ajuda parceiros como o
Banco Africano de
Desenvolvimento (BAD), o
Banco Mundial e agências
das Nações Unidas,
recordou.
O governante referiu,
ainda, que São Tomé e
Príncipe tem estado a
trabalhar no
“desenvolvimento do
turismo sustentável e no
crescimento da
cooperação
internacional, sobretudo
com a Comunidade dos
Países de Língua
Portuguesa (CPLP), e na
proteção do nosso
ambiente”, continuou o
governante, levando à
apresentação a
candidatura da ilha de
São Tomé a Reserva
Mundial da Biosfera da
UNESCO, estatuto já
conquistado pela ilha do
Príncipe há mais de uma
década.
Passando à energia – um
dos temas “quentes” no
país nos últimos dias –
a “transição energética”
está entre as
prioridades do
Executivo, segundo
Américo Ramos. “Hoje
confrontamo-nos com
custos de energia muito
altos e dependência
excessiva dos
combustíveis fósseis. É
por isso que estamos a
mudar o nosso sistema
energético. Abrimos
recentemente o primeira
central solar
fotovoltaica.
Isto é parte do nosso
plano nacional para
alcançar 100% de acesso
à eletricidade até
2030”.A nortear a ação
neste campo está o Plano
Nacional de Energia de
São Tomé e Príncipe,
desenvolvido em 2021 com
a ajuda do Programa das
Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD),
o Banco Mundial e o BAD,
entre outros.
“A nossa economia ainda
depende maioritariamente
do cacau, que representa
cerca de 90% das nossas
exportações. O setor dos
serviços, que é
sobretudo informal,
representa mais de
metade do nosso PIB
(Produto Interno bruto).
A agricultura é frágil.
A nossa indústria é
ainda pequena/reduzida,
pelo que há um potencial
real na indústria
agroalimentar e na
utilização de produtos
locais”, explicou,
ainda, o
primeiro-ministro.
À margem da conferência,
Américo Ramos reuniu-se
com o presidente do
Fundo da OPEP,
Abdulhamid Alkhalifa,
com quem foram
discutiram formas “de
fazer avançar a
cooperação” através do
Mecanismo de Resiliência
Insular – uma plataforma
lançada pelo Fundo da
OPEP dedicada a apoiar a
adaptação às alterações
climáticas e o
desenvolvimento
sustentável nos Pequenos
Estados Insulares em
Desenvolvimento ,
anunciou a organização
nas redes sociais.
O Fundo para o
Desenvolvimento
Internacional da OPEP
reuniu, esta
terça-feira, cerca de
700 participantes, num
evento dedicado ao tema
“Uma Transição que
Capacite o Nosso Amanhã”
e durante o qual foram
assinados vários acordos
de financiamento.Criado
em janeiro de 1976, o
Fundo da OPEP tem a
Arábia Saudita (1,1 mil
milhões de dólares), o
Irão (529, 4 milhões) e
a Venezuela (481, 8
milhões) como principais
financiadores.
JE
