26.12.2024 –
O primeiro-ministro
são-tomense disse que pediu
ao Tribunal Constitucional a
fiscalização das normas da
resolução do governo que
aumentou as taxas
aeroportuárias, contra um
veto do Presidente da
República que disse estar a
trabalhar para anular o
documento.
“Eu disse ao Presidente que
face a todas as
interpretações, algum
barulho, algum
aproveitamento político, o
Governo iria pedir ao
Tribunal Constitucional para
que pudesse se pronunciar se
houve violação da
Constituição, usurpação de
poderes indevidos por parte
do Governo, de modo a que
tudo isso fique
esclarecido”, disse Patrice
Trovoada, num vídeo
publicado na página do
Governo no Facebook, antes
de deixar o país em viagem
privada.
Segundo o primeiro-ministro,
“o Presidente não discordou”
e achou que “era uma boa
ideia”, por isso o Governo
assim o fez na quinta-feira
e tornou público na
sexta-feira, através de uma
nota de imprensa, embora não
tenha sido partilhada como
habitual na página oficial
do Governo, nem enviada aos
órgão privados.
“O assunto hoje está na
justiça, por isso não vou-me
pronunciar já que está na
justiça, vou aguardar
serenamente que o Tribunal
Constitucional nos oriente
sobre essa questão e a sua
decisão será a decisão que
riremos cumprir, ela de
facto nos obriga a todos”,
disse o primeiro-ministro.
A reação de Patrice Trovoada
surge na sequência das
declarações do Presidente da
República, Carlos Vila Nova
que, no sábado, disse que
está a trabalhar para anular
a resolução porque considera
“difícil para as
pessoas”.“Digo isso para que
todos os cidadãos saibam:
Estou a trabalhar para
anular a resolução que
aplica as taxas”, disse.A
resolução aprovada pelo
Governo, contrariando um
veto político do chefe de
Estado, Carlos Vila Nova,
fez subir a Taxa Reguladora
de 18,16 euros para 20
euros, a Taxa de Segurança,
de 4,74 euros para 28 euros,
e criou a Taxa de
Desenvolvimento Aeronáutico
no valor de 62 euros,
passando a ser cobradas nos
voos de ida e volta para São
Tomé, num total de 220
euros.
Para as ligações entre as
ilhas de São Tomé e do
Príncipe as taxas foram
fixadas em 32 euros por
passageiro, que, segundo o
primeiro-ministro
são-tomense, Patrice
Trovoada, representa uma
redução de cerca de 40%.Os
novos valores foram
aplicados contra a vontade
do Presidente são-tomense,
Carlos Vila Nova, que disse
que não promulgou o decreto
através do qual o Governo
pretendia introduzir a
medida porque considerou
“que as taxas e os valores
aí expressos eram elevados e
que prejudicariam de alguma
maneira a vida das pessoas”,
por isso estranhou que o
executivo tenha optado por
avançar através de uma
resolução.
Vila Nova instou o Governo a
reapreciar a decisão e a
encontrar “medidas
alternativas para não
encarecer ainda mais a vida
dos cidadãos, nem tão pouco
criar constrangimentos ao
desenvolvimento do turismo”,
mas o pedido não foi
atendido e a medida entrou
em vigor em 01 de dezembro.
“Não há negociação com o
Governo e dentro das minhas
competências eu irei
trabalhar para que a
resolução seja anulada
brevemente”, declarou hoje
Carlos Vila Nova, quando
questionado pelos
jornalistas, no sábado, no
final da sua participação na
missa em alusão ao Santo
Tomé Poderoso, padroeiro de
São Tomé e Príncipe.
“Quanto as declarações (do
Presidente da República,
vocês devem perceber que não
posso, nem devo comentar”,
reagiu Patrice Trovoada,
horas depois do
pronunciamento do Presidente
da República.
Todos os partidos da
oposição contestaram a
resolução do Governo, tendo
o Movimento Basta
introduzido uma providencia
cautelar no Supremo Tribunal
de Justiça nas vestes do
Tribunal Administrativo para
anular o documento antes da
sua entrada em vigor, mas a
até ao momento os juízes não
decidiram sobre o assunto.
Um grupo de juristas
apresentou uma denúncia ao
Ministério Público pedindo a
responsabilização do
primeiro-ministro por
prevaricação, por aumentado
as taxas aeroportuárias por
resolução, alterando um
decreto-lei anterior.
Lusa