Ciclo de cinema angolano
homenageia
Mário Pinto de Andrade

19.05.2025 -
O ciclo de cinema
"Memórias
Marginalizadas", do
Goethe-Institut Angola,
vai homenagear Mário
Pinto de Andrade, uma
“personagem super
importante” da História
de Angola, mas que está
esquecida, disse à Lusa
fonte do instituto.
O instituto tem como
temática deste ano para
todos os seus eventos as
"Memórias
Marginalizadas",
contextualizou à Lusa o
coordenador da
programação cultural do
organismo em Angola,
Ngoi Salucombo.
"Queríamos fazer um
ciclo de cinema com
filmes africanos e
depois fomos só
identificar que
produções é que se
encaixavam na temática,
que é muito importante
para nós porque coincide
um pouco com a questão
dos 50 anos de
independência de Angola
[que se assinalam em 11
de novembro], em que há
realidades e pessoas que
continuam
marginalizadas",
declarou Salucombo.
Precisamente por isso
escolheram o
documentário "Mário", de
Billy Woodberry, sobre
Mário Pinto de Andrade,
um dos fundadores do
MPLA (Movimento Popular
de Libertação de
Angola), figura que
consideram que foi
apagada da História do
país, para ser exibido
no primeiro dia do ciclo
de cinema, em 22 de maio.
"Eu costumo dizer que
ele [Mário Pinto de
Andrade] é realmente o
exemplo de uma memória
marginalizada, ou seja,
é alguém, é uma
personagem super
importante na História
de Angola, mas que a
geração
pós-independência
praticamente não
conhece", lamentou.
"A minha geração, dos
anos 80, [do período]
logo após a
independência, ainda não
aborda certos temas.
Então foi por isso que
foram identificados
alguns filmes, de outras
nações africanas também,
porque essa é uma
realidade africana
transversal",
acrescentou. O curador
dos filmes explicou que
a escolha dos restantes
conteúdos teve como
objetivo "alargar a
localização das estórias
africanas" visualizadas.
Assim, não se quiseram
restringir aos Países
Africanos de Língua
Oficial Portuguesa (PALOP)
para que a sociedade
angolana possa conhecer
narrativas de outras
nações do continente,
que, por norma, não são
consumidas no país,
disse.
"O que acontece muitas
das vezes é que nós,
angolanos, temos uma
proximidade com os
outros PALOP, pela
questão da língua, mas
não temos quase ligação
nenhuma com outros
países, mesmo que
próximos, pelo facto de
falarem outras línguas
que nós não conhecemos",
frisou.
"Em momento algum
dissemos que não
queríamos filmes PALOP,
mas a nossa intuição foi
procurar estórias que
nos são próximas, [mas
que são] realidades
africanas que nós não
temos contacto" até
porque em Angola, exceto
o conteúdo audiovisual
dos PALOP, "quase não se
consome conteúdo
africano", disse. Para
Salucombo, isso traz o
desafio das legendas,
"porque é muito difícil
encontrar legendas de
conteúdos africanos em
português”.
Cinco documentários vão
ser exibidos entre 22 e
25 de maio em Luanda,
Angola (Cine São Paulo),
São Tomé e Príncipe
(Cacau), na Baía, Brasil
(Casa de Angola na Baía)
e em Berlim, Alemanha (Sinema
Transtopia). O evento é
grátis em todos os
locais menos em Berlim
pelo facto de o espaço
ser alugado e onde o
bilhete tem o custo de
nove euros, esclareceu.
Os filmes que estarão em
exibição serão: "Mário"
(Angola), "Não se Atrase
para o Meu Funeral"
(África do Sul), "Não há
Caminho Simples para
Casa" (Sudão do Sul),
"Nossa Terra, Nossa
Liberdade" (Quénia) e "Dahomey"
(Benim).
Este instituto, que
existe desde 2009, foi o
primeiro da Alemanha na
África lusófona e quer
desenvolver o
intercâmbio cultural,
segundo o comunicado de
imprensa da entidade.
Lusa
