18.12.2024 –
primeiro-ministro
são-tomense afirmou-se hoje
preocupado com a obra de
requalificação da marginal,
na capital, após detetar
“muitas falhas” que
obrigarão a ajustamentos e
financiamentos adicionais
ainda não garantidos,
enquanto a empresa executora
admite suspender os
trabalhos.
“O que constamos aqui é que
essa obra, para corresponder
às necessidades mínimas, vai
ter que sofrer toda uma
série de ajustes”, declarou
Patrice Trovoada, após
visitar a obra, cuja
primeira pedra lançou em
março, mas as empreitadas só
começaram em setembro.
O primeiro-ministro admitiu
que “uma série de questões
não foram detetadas” aquando
da consulta pública para
aprovação final do projeto
em 2021, nomeadamente
questões sobre a largura das
vias, incluindo a circulação
para o hospital e o
aeroporto, previstas para
seis metros, bem como a
eletricidade, fornecimento
de água e outras
situações.“Com o aumento da
população, com o aumento de
circulação de veículos é um
bocadinho complicado termos
uma via com seis metros de
largura. Vamos tentar ao
máximo alargar as vias,
preservando as ciclovias,
preservando o passeio”,
disse o primeiro-ministro.
Trata-se de um projeto que
foi concebido em 2017, com
um custo estimado de 25
milhões de euros, garantidos
através do cofinanciamento
por parte do Governo
holandês (50%) e 50% em
crédito do Banco Europeu de
Investimento (BEI) para
apenas dois lotes do projeto.
Em março, quando fez o
lançamento da primeira-pedra
para o início das obras, o
primeiro-ministro assegurou
que tinha contacto avançado
com um parceiro para a
mobilização de 12,6 milhões
de euros para o lote que
começa na Baía da Praia
Lagarto, perto do
aeroporto.“Nós aprovámos uma
coisa, na base da nossa
aprovação estão os
financiamentos, estudos, a
fiscalização e agora que
estamos, depois de tantos
anos, a executar a obra,
aquilo que foi aprovado em
2021 tem muitas falhas”,
vincou hoje o chefe do
executivo.
“Vamos corrigir, mas
entendam que há um
financiamento e só podemos
corrigir dentro desse
envelope. Por isso é um
pouco de ginástica, um pouco
de imaginação, algumas
opções que vamos ter que
tomar, mas o que nós
queremos é que dentro do
prazo essa obra seja
concluída e que ela
corresponda ao máximo à
expetativa. Eu creio que vai
ficar uma coisa como deve
ser, mas não tem sido
fácil”, acrescentou Patrice
Trovoada.
Questionado sobre se estava
satisfeito com o andamento
dos trabalhos, o
primeiro-ministro vincou que
“não podia estar”.“Estou
preocupado, mas eu posso
também dizer-vos que depois
dessa visita eu penso que
toda a gente está consciente
dos desafios e vamos
trabalhar”, sublinhou.A obra
está a ser executa pela
empresa ACA Angola, que
segundo o porta-voz também
está “muito preocupada” e
defendeu “soluções urgentes
para as falhas” porque estão
a comprometer e vão
“continuar a comprometer” a
execução do projeto e o
prazo final.
“Se demorarem a ter
decisões, mais tempo a obra
durará com todos os
prejuízos para toda a gente,
se não houver decisões é
impossível para a empresa
manter o pessoal que tem cá
nesse momento a trabalhar
sem ter trabalho, portanto
se continuarmos com essas
indefinições, pode originar
uma suspensão provisória dos
trabalhos”, disse David
Santos, representante da ACA
e diretor do projeto da obra
da Marginal 12 de Julho.
O projeto envolve uma
extensão de aproximadamente
nove quilómetros, que começa
perto do aeroporto de São
Tomé até ao cruzamento de
São Marçal, incluindo
trabalhos de proteção
costeira, reabilitação de
estradas e da paisagem.Desde
setembro, já foram
derrubadas várias árvores
centenárias ao longo da
marginal, que segundo os
técnicos serão substituídas,
e o pavimento foi removido
em muitos pontos cujos
acessos foram restritos.