PM
são-tomense considera
"histórica" saída do
país do
grupo dos menos
desenvolvidos
16.12.2024 – O
primeiro-ministro
são-tomense considerou hoje
um "marco importante" e um
"momento histórico" a
transição do arquipélago
para país de rendimento
médio declarada oficialmente
na sexta-feira pelas Nações
Unidas, que reconheceu os
esforços das autoridades
locais.
“É com profundo orgulho e um
sentido de responsabilidade
que hoje partilhamos um
marco importante na
trajetória de São Tomé e
Príncipe, que é a graduação
do nosso país do grupo de
países menos avançados para
o estatuto de país de renda
média. É o reconhecimento do
progresso que alcançámos ao
longo dos anos, fruto do
esforço coletivo de todos os
são-tomenses e das parcerias
sólidas que cultivamos com a
comunidade internacional”,
declarou Patrice Trovoada.
“Esse momento é para nós
todos histórico, é o momento
em que os indicadores e as
metas internacionalmente
definidas foram alcançadas
pelo nosso país para
deixarmos de ser
considerados como um país
menos avançado”, acrescentou
o chefe do Governo
são-tomense, afirmando que
vê “essa graduação de forma
realística” e salientando
que “ainda há muito a
fazer”.
Para Patrice Trovoada,
“qualquer avanço, pequeno ou
maior, simboliza o trabalho,
o progresso e a dedicação de
toda uma nação e demonstra
avanços, mesmo que ainda
muito modestos”.“No entanto,
não devemos permanecer na
nossa zona de conforto.
Devemos continuar a
trabalhar, reformar,
organizar e planear”,
declarou.
O primeiro-ministro
são-tomense disse que “esta
mudança de categoria
representa, sobretudo, a
resiliência de um povo que,
apesar de limitações e
desafios, nunca perdeu a
esperança de construir um
futuro mais próximo”.“Este
novo marco exige de nós
prudência, consistência e
estratégia.
A graduação para o estatuto
de País de Renda Média,
embora seja um sinal de
progresso, também traz
consigo novas
responsabilidades e desafios
que devemos encarar com
maturidade e determinação”,
afirmou o chefe do governo
são-tomense.
Patrice Trovoada realçou que
o país terá “menos acesso a
apoios tradicionais,
concessionais, que até agora
eram habituais”, o que
significa ter de “lidar com
formas novas de
financiamento, criativas,
sustentáveis, mais
disponíveis para atrair
investimento, competir com
outras economias” e
financiar o desenvolvimento
“sem comprometer a
estabilidade económica e
social”.
“Ao darmos prioridade à
proteção ambiental e à
diversificação económica,
reforçando as parcerias
público-privadas nos setores
estratégicos como a
tecnologia, o turismo, a
economia azul, as energias
renováveis e o capital
humano, estaremos a
construir, certamente, uma
base sólida para um
crescimento sustentável e
resiliente”.
Trovoada afirmou que “este
novo estatuto deve ser um
passo em frente na redução
das desigualdades que ainda
persistem”, sublinhando que
“as melhorias dos
indicadores macroeconómicos,
só por si, não fazem sentido
se não podem traduzir-se em
maior justiça social e em
benefícios concretos para
todos os são-tomenses,
especialmente para as
comunidades mais
vulneráveis”.
“O sucesso no novo contexto
dependerá da nossa
capacidade de gerir recursos
com transparência, eficácia
e responsabilidade. Uma
governação sólida e estável,
marcada por escolhas
acertadas e visão
estratégica, será o alicerce
para assegurar a confiança
do povo e dos parceiros
internacionais”, disse
Patrice Trovoada.
Na sexta-feira a ONU
anunciou que “São Tomé e
Príncipe deixou oficialmente
de integrar a categoria de
Países Menos Desenvolvidos”,
referindo que esse marco
assinala “uma conquista
significativa na jornada de
desenvolvimento”.Segundo uma
publicação no site da ONU, o
anúncio foi feito em Nova
Iorque pelo Escritório da
alta representante para os
Países Menos Desenvolvidos,
Países em Desenvolvimento
Sem Litoral e Pequenos
Estados-ilha em
Desenvolvimento.
A entidade da ONU reconhece
os “esforços sustentados das
autoridades são-tomenses
para alcançar um crescimento
económico robusto, aprimorar
o desenvolvimento humano e
melhorar a resiliência
contra vulnerabilidades”,
lê-se na publicação.
A recomendação para a
graduação de São Tomé e
Príncipe aconteceu após o
cumprimento dos critérios
baseados no rendimento per
capita, ativos humanos e
índices de vulnerabilidade
económica e ambiental,
destacando-se a expansão da
cobertura universal de saúde
de 47% em 2010 para 59% até
2021 e a classificação em
11.º lugar entre 54 nações
africanas no Índice Ibrahim
de Governança Africana de
2021.
A ONU refere que “os atuais
obstáculos à economia
são-tomense incluem
dificuldades fiscais,
marcados por uma inflação
que chegou a 17% em 2023” e
ainda “o aumento da dívida
pública”.A graduação de São
Tomé e Príncipe para país de
rendimento médio acontece
numa altura em que o
arquipélago continua sem
acordo de crédito alargado
com o Fundo Monetário
Internacional (FMI), apesar
do acordo técnico anunciado
em novembro após dois anos
de negociações.