25 Abril. Marcelo faz
último discurso nesta
data em
que tem deixado alertas
sobre a democracia

25.04.2025 -
O chefe de Estado, que
vai terminar o seu
segundo e último mandato
presidencial em março do
próximo ano, fará a sua
intervenção antes de
viajar para o Vaticano,
para o funeral do Papa.
Marcelo Rebelo de Sousa
vai fazer na sexta-feira
o seu último discurso
como Presidente da
República no 25 de
Abril, data histórica em
que tem deixado alertas
sobre a democracia e
abordado o tema do
passado colonial
português.
A sessão solene
comemorativa do 51.º
aniversário do 25 de
Abril de 1974 na
Assembleia da República,
marcada para as 10h00,
acontece em período de
luto nacional de três
dias decretado pelo
Governo pela morte do
Papa Francisco, e
começará, por isso, com
um voto de pesar.
O chefe de Estado, que
vai terminar o seu
segundo e último mandato
presidencial em março do
próximo ano, fará a sua
intervenção antes de
viajar para o Vaticano,
para o funeral do Papa,
num contexto interno de
pré-campanha para as
eleições legislativas
antecipadas de 18 de
maio.
Em 2024, os 50 anos do
25 de Abril foram
celebrados pouco depois
da posse do Governo
minoritário PSD/CDS-PP
chefiado por Luís
Montenegro, que caiu em
março deste ano quando a
moção de confiança que
apresentou no parlamento
foi rejeitada, durante
uma crise política que
surgiu por causa de uma
empresa familiar do
primeiro-ministro.
No discurso que fez há
um ano, Marcelo Rebelo
de Sousa evocou
protagonistas da
democracia portuguesa
nas últimas cinco
décadas, como Eanes,
Soares, Sá Carneiro,
Cunhal, Freitas do
Amaral e Cavaco Silva, e
considerou que nada na
história contemporânea
europeia se compara à
Revolução dos Cravos,
pelas mudanças que
implicou.
Nos 50 anos do 25 de
Abril, fez um apelo para
que se tenha “a
humildade e a
inteligência de preferir
sempre a democracia,
mesmo imperfeita, à
ditadura“.
Mais tarde, Marcelo
Rebelo de Sousa
participou numa sessão
conjunta com os chefes
de Estado de Angola,
Cabo Verde, da
Guiné-Bissau, de
Moçambique, São Tomé e
Príncipe, e Timor-Leste,
em que celebrou “as
pátrias e os povos
irmãos” das antigas
colónias de Portugal
“que o 25 de Abril
uniu”.“Do passado
colonial guardamos todos
as memórias e as lições
que nos hão de guiar no
futuro“, afirmou, nessa
sessão realizada no
Centro Cultural de
Belém, em Lisboa.
Em 2023, a Assembleia da
República comemorou o 25
de Abril na presença do
Presidente do Brasil,
que antes discursou numa
sessão de boas-vindas em
que a IL deixou quase
todos os seus lugares
vazios e o Chega ergueu
cartazes e bateu nas
bancadas, em protesto
contra Lula da Silva.
Marcelo Rebelo de Sousa
argumentou que fazia
todo o sentido a
presença do Presidente
do Brasil, país
“precursor na
descolonização”, e
defendeu que Portugal
deve não apenas “pedir
desculpa, devida, sem
dúvida“, mas “assumir a
responsabilidade” por
tudo o que fez no
passado colonial.
No Dia da Liberdade de
2022, perante a guerra
na Ucrânia, invadida
dois meses antes por
forças da Federação
Russa, o Presidente
dedicou a sua
intervenção às Forças
Armadas Portuguesas,
para as quais pediu
“mais meios
imprescindíveis”.Desde a
assumiu a chefia do
Estado, em 2016, o
antigo presidente do PSD
tem aparecido nas
sessões comemorativas do
25 de Abril de cravo na
mão, mas há um ano optou
por entrar no hemiciclo
levando a flor da
revolução na lapela.
Quando se estreou nestas
cerimónias, disse que o
seu cravo vermelho era
oferta de jovens,
símbolo do “muito que
está por fazer”, e
apelou a “consensos
setoriais de regime”.Em
2017, elogiou “vitórias”
nas finanças e economia,
mas pediu “maior criação
de riqueza e melhor
distribuição”, assim
como mais transparência
e eficácia ao poder
político para prevenir
os “chamados populismos
anti-institucionais”
.Em 2018, insistiu na
renovação do sistema
político e alertou que
vazios deixados pelos
protagonistas
institucionais alimentam
“tentações perigosas de
apelos populistas, e até
de ilusões
sebastianistas
messiânicas ou
providencialistas”.Em
2019, pediu “mais
ambição”, assumindo-se
como porta-voz dos
jovens, e avisou que as
novas gerações recusam
“clientelismos e
adiamentos crónicos”.
No 25 de Abril de 2020,
o primeiro em contexto
de pandemia de covid-19,
fez a defesa dessa
comemoração da Revolução
dos Cravos, contestada
na altura por CDS-PP e
Chega.Em 2021, centrou a
sua intervenção no
passado colonial
português, pedindo que
se olhe para a História
“sem temores nem
complexos”, procurando
unir e combater
intolerâncias, com a
noção de que há
diferentes vivências e
perspetivas em relação a
esse período.
