EUA consideram restrição de
Angola a importações
de carne "prática comercial
desleal"

09.04.2025 -
O Escritório do
Representante Comercial
dos Estados Unidos (USTR)
classificou como
"práticas comerciais
desleais" as restrições
anunciadas por Angola a
importações de carne
bovina, suína e de aves,
justificando a imposição
de tarifas ao país
africano.
Numa publicação feita na
segunda-feira na
plataforma X, a agência
norte-americana
responsável por
desenvolver e promover
as políticas de comércio
exterior dos Estados
Unidos (EUA) destacou
"10 práticas comerciais
desleais" de vários
países e que estão a ser
enfrentadas pelos
exportadores
norte-americanos,
incluindo o caso de
Angola.
"Angola anunciou
recentemente que
restringirá as licenças
de importação de
produtos de carne
bovina, suína e de aves
a partir de 31 de julho
de 2025. Em 2024, as
exportações de aves dos
EUA para Angola foram
avaliadas em 136 milhões
de dólares (124,17
milhões de euros)",
enquadrou o USTR.
Expand article logo
Continuar a ler"Angola é
o 9.º maior mercado para
exportações de aves dos
EUA no mundo e o maior
mercado para aves dos
EUA no continente
africano. Estas novas
restrições comerciais
terão um impacto
significativo nos
agricultores e criadores
de gado americanos",
avaliou a agência
federal.
O Ministério da
Agricultura e Florestas
de Angola, através do
Instituto dos Serviços
de Veterinária,
comunicou em fevereiro
passado que serão
proibidas importações de
alguns produtos
alimentares de origem
animal, nomeadamente
aves, suínos e bovinos.
No documento dirigido
aos "importadores de
produtos e subprodutos
de origem animal", foi
anunciado que "não serão
emitidas licenças para
importação de miudezas,
partes de aves, suínos e
bovinos", enquanto
existirem condições para
a produção local dos
referidos produtos, a
partir de determinadas
datas.
Esta é uma medida do
Governo angolano para
fortalecer a produção
interna e reduzir a sua
dependência do mercado
externo.
Na quarta-feira, num dia
que apelidou de "Dia da
Libertação", o
Presidente
norte-americano, Donald
Trump, impôs uma tarifa
de 10% sobre as
importações de 184
países e territórios,
incluindo a União
Europeia (UE).As novas
regras apresentadas por
Donald Trump fazem as
tarifas sobre produtos
angolanos aumentarem
para 32%, face à média
de 11% de taxa
aduaneira, "mas como
Angola não aumentou a
sua pauta aduaneira, as
novas tarifas não têm
impacto nos produtos
angolanos vendidos aos
EUA", disse à Lusa o
economista angolano
Flávio Inocêncio.
Além de Angola, os
outros membros da
Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP)
abrangidos pela medida
anunciada pelo
Presidente
norte-americano vão
registar tarifas de 16%
em Moçambique e 13% na
Guiné-Equatorial, com os
restantes (Brasil,
Guiné-Bissau, São Tomé e
Príncipe, Cabo Verde e
Timor-Leste) a
enfrentarem tarifas de
10%, enquanto Portugal
fica incluído sobre as
que recaem sobre a UE.
Trump anunciou tarifas
de 20% a produtos
importados da UE e que
acrescem às de 25% sobre
os setores automóvel,
aço e alumínio.Na
publicação feita na
segunda-feira, o USTR
referiu ainda, entre
outras, "práticas
comerciais desleais" do
Brasil para justificar a
aplicação dessas
tarifas.
"A extração ilegal de
madeira e a mineração
ilegal na América do
Sul, especialmente no
Brasil, Peru, Colômbia e
Equador, alimentam a
degradação ambiental e
criam uma concorrência
desleal que prejudica as
empresas
norte-americanas
empenhadas no
fornecimento responsável
e no cumprimento das
leis ambientais",
argumentou a agência.
"Estas atividades
ilícitas, que geralmente
envolvem organizações
criminosas
transnacionais,
distorcem os mercados
globais de mercadorias
ao baixar os preços e
permitir que agentes
mal-intencionados
prejudiquem os legítimos
exportadores
americanos",
acrescentou.
MYMM (MBA/NYC)
// MLLLusa/Fim
