Investigadora da UAlg vence
prémio da FLAD para
estudar fase perdida das
larvas de peixe
13.12.2024 –
A
investigadora
da
Universidade
do Algarve
Vânia
Baptista vai
receber
300.000
euros da
Fundação
Luso-Americana
para o
Desenvolvimento
para estudar
a "fase
perdida" das
migrações de
larvas de
peixe, entre
a desova e o
berçário,
foi hoje
anunciado.
O projeto "Finding
Home --
Discovering
the lost
phase of
fish species",
liderado
pela
investigadora
do Centro de
Ciências do
Mar (CCMar)
da academia
algarvia,
venceu a
quinta
edição do
FLAD Science
Award
Atlantic,
que garante
financiamento
de três anos
para
explorar, em
quatro
países
banhados
pelo Oceano
Atlântico --
Portugal,
São Tomé e
Príncipe,
Estados
Unidos e
Dominica --,
uma área de
conhecimento
ainda com
muitas
lacunas.
"O objetivo
principal é
estudar
aquilo a que
chamamos a
fase perdida
das larvas
de peixe, no
seu ciclo
inicial de
vida, entre
a desova e a
`nursery`,
ou berçário,
onde têm as
condições
ideais para
se
alimentarem,
crescerem e
tornarem-se
adultos,
ficando
disponíveis
para a
pesca", diz
Vânia
Baptista, em
declarações
à Lusa.
A
investigação
vai apurar
as
capacidades
natatórias
das larvas
neste ciclo
de vida
inicial dos
peixes e os
processos e
mecanismos
que lhes
permitem
mudar das
áreas de
desova,
"mais
afastadas da
costa", para
os habitats
de berçário,
"de que é
exemplo a
Ria
Formosa", no
Algarve,
através do
possível uso
de pistas
olfativas ou
auditivas.
"Queremos
fazer isto
aqui no
Algarve para
espécies
importantes
como a
sardinha,
biqueirão ou
sargo, e
também
queremos
fazer em São
Tomé e
Príncipe,
usando uma
espécie
muito
importante
em termos
económicos,
meio de
subsistência
de
localidades
mais
isoladas, o
peixinho",
descreve a
investigadora
da UAlg, com
estudos já
realizados
sobre este
peixe, que
no seu
habitat
"precisa de
escalar
cascatas".
Este projeto
combina
análises
comportamentais,
moleculares,
de modelação
e de gestão,
incluindo a
utilização
de uma
câmara de
natação à
deriva, com
recurso a
tecnologia
desenvolvida
na
universidade
norte-americana
de Miami,
para
perceber
como é que
as larvas de
peixe se
orientam.
Vânia
Baptista
reconhece
que esta "é
uma área
muito pouco
conhecida
ainda" e uma
"lacuna no
conhecimento
porque é
muito
difícil de
estudar",
sendo
necessário
"ir passo a
passo",
envolvendo
"muito tempo
e muitos
testes" para
validar os
modelos
utilizados.
Ao cabo dos
três anos de
projeto, que
deve
arrancar em
janeiro de
2025, a
especialista
do CCMar
espera
"preencher
essas
lacunas" e
ganhar um
entendimento
mais
concreto da
variabilidade
das
migrações
das larvas
de peixe e
dos impactos
das
alterações
climáticas,
contribuindo
ainda para
estratégias
de gestão
sustentável,
proteção e
conservação
destes
recursos.
Neste
âmbito, em
São Tomé e
Príncipe e
na Dominica,
"países em
desenvolvimento",
serão
envolvidas
as
comunidades
locais no
planeamento,
recolha de
dados,
debate de
resultados e
elaboração
de medidas
de
gestão."Uma
coisa muito
importante
neste
projeto é
incluir as
comunidades
locais,
partilhar o
nosso
conhecimento
e incluir o
seu
conhecimento,
que é muito
valioso",
sustenta
Vânia
Baptista,
licenciada
em Biologia
Marinha e
professora
convidada na
UAlg.
O projeto
vencedor do
FLAD Science
Award
Atlantic
2024 "vai
permitir
aumentar o
conhecimento"
numa área
científica
"na qual há
ainda tanto
por
explorar",
com "ganhos
potenciais
tremendos"
para a
investigação
científica,
"mas também
para a
gestão,
proteção e
conservação
dos recursos
e
ecossistemas
do
Atlântico",
refere
Michael Baum,
membro do
conselho
executivo da
FLAD com o
pelouro da
Ciência,
citado em
comunicado.
Este prémio
pretende
distinguir
"a nova
geração de
cientistas
portugueses"
e "apoiar
projetos com
um grande
foco na
obtenção de
resultados
práticos,
como a
criação de
engenharia e
tecnologias,
que
facilitem" a
compreensão
e exploração
dos
ecossistemas
atlânticos.