Tensão política crescente em
São Tomé e Príncipe
11.12.2024 –
resolução
aprovada
pelo
Governo,
contrariando
um veto
político do
chefe de
Estado,
Carlos Vila
Nova, fez
subir a Taxa
Reguladora
de 18,16
euros para
20 euros, a
Taxa de
Segurança,
de 4,74
euros para
28 euros, e
criou a Taxa
de
Desenvolvimento
Aeronáutico
no valor de
62 euros,
passando a
ser cobradas
nos voos de
ida e volta
para São
Tomé, num
total de 220
euros.
Para as
ligações
entre as
ilhas de São
Tomé e do
Príncipe as
taxas foram
fixadas em
32 euros por
passageiro,
que, segundo
o
primeiro-ministro
são-tomense,
Patrice
Trovoada,
representa
uma redução
de cerca de
40%.
Os novos
valores
foram
aplicados
contra a
vontade do
Presidente
são-tomense,
Carlos Vila
Nova, que
disse que
não
promulgou o
decreto
através do
qual o
Governo
pretendia
introduzir a
medida
porque
considerou
"que as
taxas e os
valores aí
expressos
eram
elevados e
que
prejudicariam
de alguma
maneira a
vida das
pessoas",
por isso
estranhou
que o
executivo
tenha optado
por avançar
através de
uma
resolução.
Carlos Vila
Nova instou
o Governo a
reapreciar a
decisão e a
encontrar
"medidas
alternativas
para não
encarecer
ainda mais a
vida dos
cidadãos,
nem tão
pouco criar
constrangimentos
ao
desenvolvimento
do turismo",
mas o pedido
não foi
atendido e a
medida
entrou em
vigor em 01
de dezembro.
"Houve
claramente
uma
deslealdade
institucional",
apontou o
analista e
ex-presidente
da
Assembleia
Nacional de
São Tomé e
Príncipe,
Arzemiro dos
Prazeres,
que defendeu
que o
Presidente
deve tomar
uma atitude
clara "para
evitar um
precedente
grave" em
futuras
situações de
veto.
O analista
considerou
que "o
Presidente
não tem
outra saída,
sente-se
desrespeitado,
institucionalmente
está numa
situação de
deslealdade",
mas "tem
instrumentos
para repor a
situação",
que seria a
demissão do
chefe do
Governo.
Nas vésperas
da entrada
em vigor da
resolução, o
Presidente
foi
questionado
se ponderava
demitir o
Governo, mas
este afirmou
que não se
pode tomar
essa
"decisão de
ânimo
leve"."É uma
decisão de
grande
responsabilidade
porque acima
de nós todos
tem que
estar o
país", disse
Carlos Vila
Nova, que
admitiu que
se viviam
"momentos
menos
normais" no
país."É
preciso não
complicarmos
ainda mais a
vida das
pessoas
[...], uma
crise
política
forjada
neste
momento não
traz
benefícios a
ninguém",
alertou.
Outra
situação de
desacordo
entre o
Presidente e
o
primeiro-ministro,
ambos da
família
política da
Ação
Democrática
Independente
(ADI),
liderado por
Patrice
Trovoada,
verificou-se
em outubro
quando
Carlos Vila
Nova vetou e
devolveu ao
parlamento
cinco dos
seis
diplomas
sobre a
reforma da
justiça
alegando
imprecisões
e normas que
não estão
conforme a
Constituição.
Em reação, o
primeiro-ministro,
Patrice
Trovoada,
criticou
Carlos Vila
Nova,
sublinhando
que o chefe
de Estado
"não é juiz
em matéria
constitucional",
sugerindo
que, havendo
um problema
de
constitucionalidade,
o Presidente
deveria
pedir a
fiscalização
preventiva
ao Tribunal
Constitucional,
"que é o
único que
julga
questões de
constitucionalidade".
Dias depois,
numa
cerimónia na
Guarda
Costeira, em
que também
esteve
presente o
primeiro-ministro,
o chefe de
Estado fez
um apelo aos
militares:
"Temos de
nos rebelar
contra
certas
coisas
quando
queremos ou
temos a
vontade de
fazer o bem
[...], a
confiança
entre o
operacional
e quem
planeia e
mantém a
estrutura de
apoio é
fundamental
na estrutura
militar,
pois a linha
de comando
tem que ser
vertical",
disse Carlos
Vila Nova,
diante das
chefias
militares.
Quando
questionado
sobre o
propósito do
seu
discurso,
Carlos Vila
Nova,
explicou que
havia
necessidade
de chamar
atenção,
enviar
mensagem e
usar
influência
de chefe de
Estado, face
a atitudes
que
considerou
como "uma
espécie de
entrave"
para o país.
Lusa