Valúdo acrescenta valor
ao coco
de São Tomé e Príncipe

24.03.2025 -
De investidores
franceses, e numa
parceria com o grupo
Duval, a empresa avançou
com a empreitada de
transformação do coco,
dando corpo ao
surgimento de uma
indústria.
Nascida timidamente, em
Dezembro de 2017, a
Valúdo está a
revolucionar a
utilização do coco em
São Tomé e Príncipe.
Aproveitando a produção
local do produto, a
empresa identificou o
coco como uma fruta com
potencial diversificado
e decidiu investir numa
indústria que o
acrescente valor, tendo
para o efeito inaugurado
no país a sua primeira
fábrica, em Janeiro de
2018.
De investidores
franceses, e numa
parceria com o Grupo
Duval, a empresa avançou
com a empreitada de
transformação, numa
primeira fase baseada no
coco, criando assim
variedade na oferta de
produtos e dando corpo
ao surgimento de uma
indústria transformadora
desta matéria-prima.
Em conversa com a FORBES
ÁFRICA LUSÓFONA,
Guillaume Taufflieb,
jovem engenheiro
agrónomo de origem
francesa e um dos
sócios-gerentes da
Valúdo, conta que em
conjunto com os
parceiros Éric Guillaume
e Jean Philippe, do
Grupo Duval, observaram
que o coco, que existe
em abundância no país,
tinha elevada qualidade,
mas que, no entanto,
este produto “de grande
valor proteico para
vários sectores”, não
estava a ser bem
aproveitado.
“Existem plantações
selvagens em toda a
ilha, mas por a dimensão
territorial não ser
vasta e o impacto
ambiental ter vindo a
afetar toda a plantação,
estes elementos começam
a ser um desafio para a
nossa produção. Na
cosmética podemos
verificar que o cheiro é
suave e florar, na área
alimentícia o óleo de
coco é mais saudável e
aconselhado que os
demais”, aponta,
acrescentando que
trabalham também com o
coco ralado e a farinha
de coco.
“Da casca é criada a
biomassa para as
caldeiras da fábrica, da
fibra é feito o adubo
para as plantações
diversas e da fruta
resulta a variedade de
produtos para o consumo
nacional e para a
exportação”, explica
Taufflieb.
A indústria de
transformação de coco
resultou de um
investimento inicial de
500 mil euros feito em
2017, que serviu para a
reabilitação da fábrica
e para executar a
primeira linha de
produção. Ao longo dos
anos foram sendo feitas
várias injeccções de
capital que completam à
data um investimento de
cerca de 2 milhões de
euros.
Hoje a Valúdo é
conhecida pela sua
resiliência, variedade,
qualidade dos produtos
oferecidos e pela sua
presença em vários
pontos do mundo, em que
se destacam o continente
africano, Europa e
Estados Unidos da
América.
A Valúdo – que no
crioulo forro (uma das
línguas locais)
significa coco seco –
emprega actualmente 60
funcionários nacionais
directos, dos quais 60%
mulheres e constitui-se
ainda na fonte de renda
de cerca de 600 famílias
que vendem a
matéria-prima à empresa.
A colheita e a venda do
coco ocorre todo o ano,
oscilando a abundância
pelas épocas altas e
baixas. A empresa compra
o coco aos produtores e
colectores locais, sendo
que os coqueiros
selvagens ocupam todo o
território nacional.
Os funcionários diretos
beneficiam inicialmente
de uma formação
ministrada por
profissionais oriundos
de vários países da
Ásia, América do Sul e
Europa. O propósito da
acção formativa é
qualificar a mão-de-obra
local.
Aposta na
diversificação da oferta

Guillaume Taufflieb, um
dos sócios-gerentes da
Valúdo. (Foto: DR)
Guillaume Taufflieb
afirma que com a Valúdo
em ascensão e em linha
com os seus objectivos,
desde cedo
estabelecidos, a
exportação tem sido um
sucesso, bem como a
necessidade de
aprimorar, inovar e
diversificar o painel de
matérias-primas.
Neste momento, a aposta
na diversificação é uma
prioridade, garante. “A
produção ultrapassa a
oferta de coco no país.
Nós somos obrigados a
diversificar os
produtos. Por exemplo,
já estamos a apostar no
caroço, na baunilha e no
café, pois entre a
oferta do coco e a
demanda, sentimos um
défice”, indica.
Num país com uma
extensão territorial de
1001 km², segundo
apontou, a
diversificação é
necessária para a
rentabilidade da
fábrica. “Criamos
fileira de plantação,
junto da comunidade,
ajudamos os produtores e
os colectores para que a
concorrência local e dos
países limítrofes tenham
menos impacto na nossa
empresa.
Mesmo sendo o principal
objectivo a exportação,
encontra-se em alguns
pontos da cidade os
produtos da Valúdo,
tornando-se mais
acessível a nível
logístico e a preço do
mercado”, sublinha,
dando ainda conta que a
empresa reabilita
plantações para a sua
reflorestação. Mesmo
sendo o principal
objetivo a exportação,
os produtos da Valúdo
encontram-se em alguns
pontos da cidade a preço
do mercado.
Com a procura maior do
que a oferta, os
empresários procuram,
para além da
diversificação dos seus
produtos, expandir a
indústria de
transformação para a
zona continental de
África, no sentido de
conglomerar maior
quantidade de
matéria-prima, dando
cobro à procura que tem
vindo a crescer.O
sócio-gerente diz,
considera, por outro
lado, que o impacto
positivo da empresa no
país acontece desde a
sua génese e é notado a
nível social, ambiental
e económico.
“A Valúdo impacta a
nível social, quando
temos mais de 600
pessoas que vivem das
vendas à empresa,
chegando a liderar o
meio de subsistência no
distrito de Caué, o
maior, porém o mais
pobre do país. Já no
impacto ambiental, a
empresa reabilita
plantações para a sua
reflorestação. E por fim
o impacto económico, no
exercício da exportação,
origina a entrada de
divisas para São Tomé e
Príncipe”, enumera.
De referir que, em 2021,
o país aprovou a lei de
proibição de plástico
nas ilhas e desde 2015
que acontecem campanhas
de sensibilização para a
consciência ambiental,
preservação do planeta e
a cultura da reciclagem,
com maior enfoque para a
ilha do Príncipe.
Guillaume enfatiza, a
concluir, que o impacto
ambiental afetou a
plantação do coco e,
como consequência, a
produção da Valúdo.
