25.10.2024 -
O presidente do Banco
Mundial espera que a
Associação Internacional
de Desenvolvimento
receba 105 mil milhões
de dólares de
contributos dos
doadores, no dia em que
o Brasil anunciou o
regresso e a Espanha
prometeu 400 milhões de
euros.
"O Brasil, agora mesmo
na reunião do G20,
anunciou o seu
contributo, algo que não
acontecia há três ou
quatro anos", respondeu
Ajay Banga à Lusa,
quando questionado sobre
a expectativa para esta
21.ª reconstituição do
Fundo, durante a
conferência de imprensa
em que a Espanha
anunciou que vai
comprometer 400 milhões
de euros nos próximos
cinco anos.
O ministro da Economia
de Espanha, Carlos
Cuerpo, e o presidente
do Banco Mundial
juntaram-se hoje, no
âmbito dos Encontros
Anuais do Fundo
Monetário Internacional
e do Banco Mundial, para
assinalar o contributo
da Espanha, que aumenta
em cerca de 40% o
financiamento à IDA, a
entidade do Banco
Mundial que faz
empréstimos e doações
aos países mais pobres,
entre os quais são
elegíveis Cabo Verde,
Guiné-Bissau,
Moçambique, São Tomé e
Príncipe e Timor-Leste.
"Gostávamos de chegar
aos 105 mil milhões de
dólares [97 mil milhões
de euros], porque isso
dá-nos a oportunidade de
estarmos lá para os
países que mais
necessitam", disse Ajay
Banga quando questionado
sobre qual o montante
que espera receber neste
reabastecimento dos
recursos da IDA.A 21.ª
reconstituição da IDA
acontece "numa altura de
dificuldades
orçamentais", reconheceu
o banqueiro, vincando,
ainda assim, que
gostaria de chegar aos
105 mil milhões de
dólares "porque isso dá
a oportunidade de ajudar
tendo em conta a
inflação".
A última reconstituição
da IDA aconteceu em 2021
e, nessa altura, mais de
50 países comprometeram
quase 24 mil milhões de
dólares, mais de 22 mil
milhões de euros, que
foram alavancados nos
mercados internacionais
para um total de 93 mil
milhões de dólares, ou
86 mil milhões de
euros.Na conferência de
imprensa, o ministro da
Economia espanhol disse
querer "liderar pelo
exemplo" e defendeu que
os países mais
desenvolvidos deviam
juntar-se para, "numa
altura de incerteza e de
dificuldades, não deixar
ninguém para trás".
Para Ajay Banga, as
grandes vantagens da IDA
centram-se no poder do
financiamento
concessional, do
conhecimento e do
impacto nas populações,
que permitiu investir
217 mil milhões de
dólares (200 mil milhões
de euros) na última
década, que resultaram
em mais 900 milhões de
pessoas com acesso à
saúde, mais 117 milhões
com acesso à
eletricidade, mais 94
milhões com acesso a
água e mais 80 milhões
de agricultores com
melhores técnicas de
cultivo.
"Estamos numa
encruzilhada, ou
aceitamos um futuro de
milhões de pessoas
presas na pobreza, sem
eletricidade e sem
acesso a saúde e
infraestruturas, ou
então aproveitamos a
oportunidade e
desbloqueamos o
potencial das pessoas e
dos países", disse Ajay
Banga, concluindo:
"Contribuir para a IDA
não é um gesto
financeiro, é um exemplo
para todos, é o poder do
multilateralismo em ação".
A IDA está acessível a
78 países cujo
rendimento per capital é
inferior a 1.335 dólares
por ano, incluindo todos
os Países Africanos de
Língua Oficial
Portuguesa (PALOP) menos
Angola e a Guiné
Equatorial.Mais de 36
países já subiram de
nível, incluindo a
Coreia do Sul, que
depois de ser um dos
beneficiários da
assistência, foi em 2021
o maior financiador da
IDA, cuja reunião final
de doadores neste ciclo
de reabastecimento vai
realizar-se no princípio
de dezembro, na Coreia
do Sul.