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Afrobarómetro: africanos aceitam diversidade mas

sentem discriminação generalizada

04.10.2024 - A grande maioria dos africanos aceita pessoas de diferentes etnias, religiões, filiações políticas e nacionalidades, mas apenas um quarto aceita ser vizinho de quem tem uma relação com outrem do mesmo sexo, segundo um inquérito divulgado pelo Afrobarómetro.

A conclusão é dada pela mais recente sondagem do Afrobarómetro, uma empresa sem fins lucrativos sedeada no Gana que agrega uma rede de investigação pan-africana e apartidária.

O estudo, divulgado na Quarta-feira, baseia-se em 53.444 entrevistas presenciais em 39 países africanos, efectuadas entre 2021 e 2023, e os países lusófonos que integram a lista são Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe.O estudo revela percepções generalizadas de tratamento injusto por parte dos governos, especialmente com base no estatuto económico das pessoas.

Em geral, os africanos manifestam um forte apego às suas identidades nacionais, mas a maioria considera as suas identidades étnicas pelo menos igualmente importantes.

Embora as maiorias digam que confiam noutros grupos de pessoas pelo menos "um pouco", apenas os familiares gozam de "muita" confiança por parte da maioria dos inquiridos e quase metade dos inquiridos expressa pouca ou nenhuma confiança em pessoas de outras origens étnicas e religiosas.

Em média, pelo menos oito em cada 10 africanos expressam atitudes tolerantes em relação a pessoas de diferentes etnias (89 por cento), diferentes religiões (85 por cento), diferentes filiações políticas (82 por cento) e diferentes nacionalidades (80 por cento).Apenas um quarto (24 por cento) diz o mesmo sobre as pessoas que mantêm relações com outras do mesmo sexo.Segundo o Afrobarómetro, os níveis de tolerância mantiveram-se relativamente estáveis durante a última década.

Embora a intolerância em relação às opções sexuais atinja 94 por cento no Uganda, Serra Leoa e Níger, não é igual em todo o continente: menos de um terço dos inquiridos expressa atitudes intolerantes em relação a pessoas com relações entre pessoas do mesmo sexo em Cabo Verde (18 por cento), na África do Sul (23 por cento) e nas Seychelles (30 por cento).Os familiares são as únicas pessoas em quem a maioria (58 por cento) dos africanos diz confiar "muito".

Nos vizinhos, noutros cidadãos, em pessoas de diferentes origens religiosas ou étnicas e em "outras pessoas que conhece", a maioria diz que confia pelo menos "um pouco".A confiança interpessoal é maior entre os residentes rurais, as pessoas com menos habilitações, os muçulmanos e os africanos ocidentais e centrais do que entre os seus concidadãos.

A maioria (57 por cento) afirma confiar em geral "um pouco" ou "muito" nos seus concidadãos, variando entre apenas 26 por cento em São Tomé e Príncipe e 86 por cento no Mali.

Seis em cada 10 africanos (61 por cento) afirmam que as pessoas são "frequentemente" ou "sempre" tratadas de forma desigual ao abrigo da lei.Quase metade (47 por cento) afirma que o seu governo trata "frequentemente" ou "sempre" as pessoas de forma injusta com base na sua riqueza ou pobreza – cerca de três vezes mais do que a percepção de uma discriminação generalizada com base na etnia (17 por cento).

As percepções de discriminação frequente por parte do governo com base no estatuto económico das pessoas são mais generalizadas na Tunísia (72 por cento), Nigéria (67 por cento), Essuatíni (66 por cento), Cabo Verde (66 por cento) e Mali (66 por cento).Apenas 13 por cento dos africanos afirmam sentir-se mais ligados à sua identidade étnica do que à sua identidade nacional e a maior parte (45 por cento) afirma que valoriza ambas as identidades de forma igual.

 

 

 

 

 

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