MLSTP "estupefacto" com
pedido para anulação de
visto de concessão dos
portos
27.10.2022 -
O MLSTP/PSD
demonstrou hoje
"surpresa e estupefação",
face ao pedido do
Ministério Público
são-tomense para
anulação do visto do
Tribunal de Contas à
concessão dos portos
nacionais a um consórcio
ganês-angolano, Safebond,
negociado pelo governo
cessante.
No
comunicado da comissão
política do partido
reunido na terça-feira,
o MLSTP/PSD refere que
"tomou conhecimento, com
surpresa e estupefação,
da posição do Ministério
Público", considerando
que a atitude "leva a
suspeitar da
imparcialidade e
isenção" da instituição
e do procurador-geral da
República".
O
partido do
primeiro-ministro, Jorge
Bom Jesus, sublinha que
o procurador-geral da
República, Kelve Nobre
de Carvalho "tem assento
na plenária do Tribunal
de Contas, logo, tem
conhecimento prévio
sobre todos os dossiers
e processos que são
analisados e avalisados
por este tribunal
superior".
Na
nota de imprensa lida
pelo porta-voz e líder
parlamentar do MLSTP/PSD,
Danilo Santos, o partido
considera que a
concessão, que incluiu a
construção e exploração
do porto em águas
profundas, em Fernão
Dias, São Tomé, "seguiu
todos os tramites legais
e, por isso, declara o
seu total apoio a esses
projetos" felicitando o
Governo e o ministro das
Infraestruturas, Osvaldo
Abreu "pela coragem e
pelo trabalho feito, de
forma a encontrar
solução para um problema
grave e estrutural que o
país enfrenta há vários
anos, que é a situação
de falência técnica" da
Empresa Nacional de
Administração dos Portos
(Enaport) e a
incapacidade dos portos
do país "para dar
resposta aos desafios da
atualidade".
A
reação do MLSTP/PSD
surge após o Ministério
Público (MP) são-tomense
ter pedido a anulação do
visto do Tribunal de
Contas à concessão dos
portos nacionais, após
contestação da Ação
Democrática Independente
(ADI), partido vencedor
das legislativas de 25
de setembro, e das
autoridades do Príncipe.
Na
terça-feira, fonte
judicial adiantou à Lusa
que o pedido de anulação
de visto se baseia em
"vício de forma e vício
na tomada de decisão" e
que há um processo-crime
a decorrer sobre o
dossiê. Em causa está,
nomeadamente, a ausência
de notificação formal do
acórdão, pelo Tribunal
de Contas, ao MP. O
Ministério Público, que
integra o Tribunal de
Contas, não se opôs,
numa fase inicial,
perante um "relatório
preliminar" deste órgão,
mas decidiu agora
avançar com o pedido de
anulação de visto "face
a elementos novos".
"O
MLSTP/PSD aproveita a
ocasião para solicitar
ao Ministério Público a
mesma destreza e
celeridade em todos os
processos que se
encontram nas gavetas
dos gabinetes dos
senhores procuradores a
"ganhar pó" e que até
agora, estranhamente,
não conhecem nenhuma
evolução", disse o
também líder parlamentar
do (MLSTP/PSD), Danilo
Santos.
O
MLSTP/PSD voltou a
questionar ao MP sobre o
andamento de vários
processos, entre os
quais a "gestão danosa"
da Empresa de Águas e
Eletricidade (Emae)
"durante a governação do
ADI", a "compra dos
edifícios do Supremo
Tribunal de Justiça e da
Autoridade Geral de
Regulação (Ager), "pelo
Governo do ADI, por
ajuste direto e a preços
inflacionados", "obra de
construção da sede do
Banco Central,
empréstimo dos 30
milhões de dólares, sem
cumprir os expedientes
que a lei define, roubo
da droga nos Tribunais e
na Polícia Judiciária",
entre outros."
É
caso para perguntar: Há
dois pesos e duas
medidas no Ministério
Público? Quando os
processos são a favor de
determinadas pessoas e
grupos, tudo avança a
velocidade de cruzeiro e
quando são contra os
interesses dessas mesmas
pessoas e grupos, tudo
morre? Tudo fica
abafado?", questionou o
porta-voz do MLSTP/PSD.
O
Governo de São Tomé e
Príncipe assinou em
agosto um contrato de
concessão de 30 anos com
o consórcio Safebond,
que envolve a
privatização dos portos
de Ana Chaves, em São
Tomé, o porto de Santo
António, na ilha do
Príncipe, e ainda os
direitos de construção e
exploração do porto de
águas profundas, em
Fernão Dias, São Tomé,
um negócio formalizado
em 14 de outubro.
A
concessão foi contestada
pela Ação Democrática
Independente (ADI),
partido vencedor com
maioria absoluta das
eleições legislativas de
25 de setembro, que
avisou que não assumirá
"compromissos
fraudulentos".
"Todo
o barulho e suspeição a
volta deste processo,
mais não é do que "dor
de cotovelo" de pessoas
e partidos que, tendo
governado o país em
várias ocasiões,
inclusive com maioria
absoluta, nunca foram
capazes de resolver os
problemas estruturantes
que enfrentamos e
colocar o país no rumo
do desenvolvimento.
Infelizmente, esses
tipos de reações e
ameaças irresponsáveis e
levianas sobre o não
cumprimento do contrato,
sem ao menos avaliar o
seu mérito e
oportunidade, causam
danos irreparáveis a
imagem externa do país e
têm contribuído para
afugentar os grandes
investidores
estrangeiros de São Tomé
e Príncipe", refere o
MLSTP/PSD.
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