Timor-Leste é o país
lusófono com
distribuição
de rendimentos mais
justa – ONU
09.09.2022 - Timor-Leste
é, entre os países de
língua portuguesa,
incluindo Portugal, o
que apresenta a
distribuição de
rendimentos mais justa
entre ricos e pobres,
segundo o último
Relatório de
Desenvolvimento Humano
das Nações Unidas, hoje
divulgado.
De acordo com o
indicador que mede o
desvio da distribuição
de rendimento entre
indivíduos ou agregados
familiares de um país
(coeficiente Gini — em
que um valor de 0
representa uma
distribuição de absoluta
igualdade e um valor de
100 representa a
desigualdade absoluta),
Timor-Leste lidera o
conjunto de nove países
lusófonos, com um
coeficiente de 28.7,
segundo o relatório
apresentado anualmente
pelo Programa das Nações
Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD).
Portugal, que é o país
que segue Timor-Leste do
ponto de vista da
equidade da distribuição
de rendimento, apresenta
um coeficiente de Gini
de 32.8, logo seguido da
Guiné-Bissau (34.8).No
outro lado desta escala,
Moçambique apresenta o
pior registo deste
indicador de entre os
países lusófonos (54.0),
seguido de Angola
(51.3), Brasil (48.9),
Cabo Verde (42.4) e São
Tomé (40.7). O relatório
não apresenta o
Coeficiente Gini para a
Guiné Equatorial.
O relatório oferece um
olhar mais fino da
distribuição do
rendimento, permitindo
observar a sua
repartição por 40% da
população mais pobre e
pelos 10% dos mais ricos
ao longo de uma série
entre 2010 e 2021 e
finalmente a
concentração do
rendimento nos 1% mais
ricos em 2021.
A quota de rendimento
nacional antes de
impostos detida pelos 1%
dos moçambicanos mais
ricos em 2021 foi de
31,1%, e a dos 10% mais
ricos entre 2010 e 2021
foi de 45,5%, enquanto a
dos 40% mais pobres no
mesmo período foi de
11,8%.Angola e Brasil
apresentam padrões
semelhantes,
respetivamente, 26% e
25,7% no caso da quota
do rendimento nacional
antes de impostos
destinada aos mais ricos
em 2021.
Quanto aos outros dois
sub-indicadores, a quota
do rendimento nacional
destinada aos 10% mais
ricos entre 2010 e 2021
em Angola e no Brasil
foi respetivamente de
36,9% e 39,5%.Já aos 40%
mais pobres nos dois
países foi reservada uma
quota de 11,5% e 13,2%
do rendimento nacional.
De entre os países de
língua oficial
portuguesa, a Guiné
Equatorial é o que mais
lugares sobe no Índice
de Desenvolvimento
Humano (IDH) em 2021 em
relação a 2020 – sobe
dois lugares para a
posição 145ª no ranking
geral – e depois, apenas
Portugal, São Tomé e
Angola sobem este ano um
lugar (para a 38ª, 138ª
e 148ª posições
respetivamente).
Os restantes países
lusófonos caem uma
posição — são os casos
do Brasil (para a 87ª);
Cabo Verde (para a 128ª)
e Moçambique (para a
185ª) — ou mantêm o
lugar ocupado em 2020:
Timor-Leste mantém a
140ª posição, assim como
a Guiné-Bissau não sai
da 177ª.
O IDH é um índice
composto, que mede três
dimensões básicas do
desenvolvimento humano –
uma vida longa e
saudável, educação e
nível de vida dos
cidadãos.Portugal é,
entre os países
lusófonos, o que
apresenta uma
expectativa de vida à
nascença — medida pelo
número de anos de vida
que um recém-nascido
pode esperar viver se os
padrões predominantes de
taxas de mortalidade por
idade no momento do
nascimento permanecerem
os mesmos durante toda a
vida da criança — com o
melhor registo, 81 anos,
logo seguido de Cabo
Verde, 74,1 anos.
Brasil (72,8 anos);
Timor-Leste (67,7 anos)
e São Tomé e Príncipe
(67,6 anos) seguem os
líderes lusófonos neste
ranking. Mais afastados,
a Guiné Equatorial
apresenta 60,6 anos de
expectativa de vida;
Angola regista 61,6
anos; a Guiné-Bissau
59,7 anos e Moçambique,
o país na posição geral
mais baixa do ranking
geral do IDH entre os
lusófonos, com apenas
seis países abaixo,
aparece com uma
expectativa de vida de
59,3 anos.
No indicador relativo ao
número de anos previstos
de escolaridade — que
uma criança em idade
escolar pode esperar
receber, se os padrões
prevalecentes de taxas
de inscrição por idade
persistirem ao longo da
sua vida -, depois de
Portugal (16,9 anos e
uma média de
escolaridade efetiva de
9,6 anos), o Brasil
regista 15,6 anos, mas
apenas 8,1 anos de
escolaridade efetiva.
Quanto aos restantes
lusófonos, quando nasce,
uma criança
cabo-verdiana tem como
expectativa uma
escolaridade de 12,6
anos, mas cumpre
efetivamente 6,3 anos;
em São Tomé e Príncipe o
registo é de 13,4 anos /
6,2 anos; em Timor-Leste
é de 12,6 anos /5,4
anos; na Guiné
Equatorial é de 9,7 anos
/ 5,9 anos; em Angola é
de 12,2 anos / 5,4 anos;
na Guiné-Bissau é de
10,6 anos /3,6 anos; e
Moçambique regista 10,2
anos de escolaridade
expetável e apenas 3,2
anos de escolaridade
efetiva em termos
médios.
O registo do rendimento
nacional bruto (RNB)
‘per capita’ apresentado
no relatório acompanha,
na generalidade dos
casos, a posição
relativa dos países no
ranking geral do IDH,
mas a comparação entre
os dois rankings permite
destapar desigualdades e
ineficiências dos
Estados.
Quando a diferença na
classificação dos países
por RNB per capita e por
valor do IDH resulta num
valor negativo significa
que o país é mais bem
classificado pelo RNB do
que pelo valor do IDH,
concluindo-se que o
rendimento não é
canalisado de forma
eficiente para o
desenvolvimento humano.A
Guiné Equatorial é,
entre o conjunto dos
países lusófonos, aquele
que apresenta o registo
negativo mais elevado
resultante deste
exercício: -47.
O país regista um RNB
‘per capita’ de 12.074
dólares. Outros
lusófonos com valores
negativos são Angola
(-14 e um RNB ‘per
capita’ de 5.466
dólares) e Brasil (-5 e
um RNB ‘per capita’ de
14.370 dólares).No outro
lado do espectro,
Timor-Leste apresenta um
registo positivo de 7 (RNB
‘per capita’ de 4.461
dólares); Portugal de 3
(RNB ‘per capita’ de
33.155 dólares); Cabo
Verde ((RNB ‘per capita’
de 6.230 dólares) e
Moçambique (RNB ‘per
capita’ de 1.198
dólares) ambos com 2 e a
Guiné Bissau, cujo RNB
‘per capita’ é de 1.908
dólares, apresenta um
registo nulo.
APL // JH.