Partido vencedor pede
antecipação do
início da nova
legislatura

06.10.2022 - A Ação
Democrática Independente
(ADI), que venceu as
eleições legislativas
são-tomenses com maioria
absoluta de 30
deputados, defendeu
ontem a antecipação do
início da nova
legislatura, mas o
pedido foi rejeitado
pela maioria
parlamentar.
Na
reunião da comissão
permanente realizada no
parlamento, o líder
parlamentar da ADI,
Abnildo Oliveira pediu a
antecipação de 22 de
novembro para o dia 03
desse mês da posse dos
novos deputados eleitos
em 25 de setembro,
fundamentando-se no
artigo 22.º da lei
eleitoral, que
estabelece que “o
mandato dos deputados
inicia-se na primeira
sessão da Assembleia
Nacional eleita, a qual
deve realizar-se 30 dias
após a proclamação dos
resultados do apuramento
geral”.
Os
resultados definitivos
foram proclamados na
segunda-feira, 03 de
outubro, pelo Tribunal
Constitucional (TC)
atribuindo a vitória ao
partido liderado pelo
ex-primeiro-ministro
Patrice Trovoada, que
obteve um total de
36.212 votos, o que
corresponde a 30
mandatos, acima dos 28
necessários para ter
maioria absoluta na
Assembleia Nacional, com
um total de 55 lugares.
A
proposta do líder
parlamentar da ADI para
antecipar o início da
legislatura para 03 de
novembro foi, contudo,
rejeitada. “A nossa
bancada parlamentar
defendeu que devíamos
cumprir o primado da lei
eleitoral, infelizmente
não tivemos esse
acolhimento e a maioria
dos deputados da maioria
cessante decidiu não
optar por esta via e,
segundo eles, a
Assembleia só deve tomar
posse no dia 22 de
novembro”, disse Abnildo
Oliveira numa
conferência de imprensa
na sede do partido, na
capital são-tomense.
A maioria
dos deputados da
comissão permanente do
parlamento sustenta-se
no artigo 102.º da
Constituição da
República que estabelece
que “a legislatura tem a
duração de quatro anos e
inicia-se com a tomada
de posse de todos os
seus membros”.Por outro
lado, o secretário da
mesa da Assembleia
Nacional, Arlindo
Barbosa, referiu que o
parlamento ainda “não
recebeu qualquer
informação” do Tribunal
Constitucional sobre a
publicação dos
resultados finais em
Diário da República.
A ADI
afasta a tese de
violação da Constituição
recorrendo a outras
interpretações adotadas
no passado, quando os
atores políticos
acordaram agir à margem
do texto constitucional,
nomeadamente no ano
passado quando o
Presidente da República
cessante ficou em
exercício para além dos
cinco anos. Os mandatos
das autarquias e do
governo regional, que a
Constituição estabelece
em três anos, são também
sempre prorrogados para
quatro anos.
“A
questão não é de violar
ou não a Constituição. A
questão que está aqui é
uma questão de Estado
porque aqueles que
juraram defender a
Constituição, no ato de
juramento, para além de
defender a Constituição
e as leis também
defendem o progresso
económico e social do
povo são-tomense e o
país precisa avançar”,
sublinhou líder
parlamentar da ADI, até
agora na oposição
são-tomense.
A ADI
entende que “o país está
de rasto” e que é
necessário dar “um novo
fôlego”, acrescentou,
sublinhando que “há um
partido que ganhou as
eleições e há um governo
que precisa de
trabalhar”. “Nós
entendemos que o país
está parado, o governo
em exercício é um
governo de gestão, tudo
está parado, a
administração pública
está parada e é
necessário que os novos
deputados entrem em
funcionamento o quanto
antes para se pôr toda a
máquina a funcionar”,
salientou Abnildo
Oliveira.
Por outro
lado, continuou, a
Assembleia Nacional
entrou de férias em 15
de agosto e “até 22 de
novembro é muito tempo
parado”.“Prolongando
esta data para 22 de
novembro, no nosso
entendimento, é uma
atitude de má-fé,
pode-se assim dizer,
quando ainda ontem
[terça-feira] o
presidente do MLSTP veio
dizer que quer fazer uma
oposição construtiva”,
acrescentou o líder
parlamentar da ADI.A
Ação Democrática
Independente (ADI)
venceu, com maioria
absoluta de 30
deputados, as eleições
legislativas de São Tomé
e Príncipe, segundo os
resultados definitivos
divulgados na
segunda-feira pelo
Tribunal Constitucional.
O
Movimento de Libertação
de São Tomé e
Príncipe/Partido Social
Democrata (MLSTP/PSD),
do atual
primeiro-ministro, Jorge
Bom Jesus, que procurava
um segundo mandato,
conquistou 25.287 votos,
equivalentes a 18
deputados.
Na
terça-feira, o líder do
MLSTP/PSD e
primeiro-ministro
cessante garantiu que
vai “respeitar os
resultados” das
legislativas de 25 de
setembro e felicitou a
ADI, prometendo “uma
oposição construtiva”. A
terceira força política
no parlamento
são-tomense, com cinco
eleitos, será a
coligação Movimento de
Cidadãos Independentes –
Partido Socialista /
Partido de Unidade
Nacional (MCIS-PS/PUN,
mais conhecido como
‘movimento de Caué’,
distrito no sul da ilha
de São Tomé), após ter
tido 4.995 votos.
Com mais
votos, mas menos
mandatos, ficou o
movimento Basta – que
absorveu o histórico
Partido da Convergência
Democrática (PCD) e
acolheu ex-membros da
ADI.O Basta, que tinha
como um dos cabeças de
lista o presidente do
parlamento, Delfim
Neves, candidatou-se
pela primeira vez e
obteve 6.788 votos,
elegendo dois deputados.
(Lusa)