Portugal é "parceiro
fundamental" e relações
podem
ir "muito mais
longe", diz PM eleito
04.10.2022 -
O
primeiro-ministro eleito
de São Tomé e Príncipe,
Patrice Trovoada,
defendeu que as relações
com Portugal, que
considerou um "parceiro
fundamental" na
cooperação, "podem ir
muito mais longe",
oferecendo como
contrapartida o reforço
da presença no Golfo da
Guiné."Portugal deve ter
e pode ter um papel
muito mais ativo em São
Tomé e Príncipe. Nós
pensamos que devemos
reforçar a parceria com
Portugal.
Aliás,
elegemos de facto
Portugal como um
parceiro fundamental
para os próximos anos",
afirmou à Lusa Patrice
Trovoada, após o seu
partido, Ação
Democrática Independente
(ADI), ter sido eleito
com maioria absoluta nas
eleições legislativas de
25 de setembro."Acreditamos
que podemos ir muito
mais longe com Portugal.
É essa a nossa vontade e
iremos a trabalhar com
Portugal para que isso
possa materializar-se",
acrescentou.
O reforço
da cooperação, segundo
Patrice Trovoada, poderá
passar pela educação e
formação e defesa e
segurança, mas também
promover que "os
empresários portugueses
e os são-tomenses possam
intensificar as trocas e
a cooperação, sobretudo
os pequenos
empresários"."Se
acrescentarmos a isso
tudo assistência técnica
a nível da capacitação e
do acompanhamento dos
quadros da administração
pública são-tomense,
chegaremos aos nossos
objetivos", comentou.
A
contrapartida para
Portugal, sustentou,
passa pelo acesso a "um
espaço de influência
bastante
importante"."Somos um
país com posicionamento
estratégico no Golfo da
Guiné. O nosso Governo
tem uma capacidade de
relacionamento e de
penetração junto de
outros países africanos
do Golfo da Guiné. As
contrapartidas são
evidentes", sublinhou.
O reforço
da interação ao nível
dos povos dos dois
países também é um
objetivo, nomeadamente
pela facilitação da
mobilidade. Patrice
Trovoada afirmou-se
também interessado em
abordar com as
autoridades portuguesas
a integração dos
são-tomenses residentes
em Portugal."Hoje nós
temos uma comunidade
são-tomense bastante
importante em Portugal.
Não quero essa imagem
que se vê, em que os
residentes e
clandestinos
são-tomenses estão nas
zonas mais pobres,
sobretudo na periferia
de Lisboa. Nós temos de
alterar isso, tem de ser
um esforço coordenado
também entre São Tomé e
Príncipe e Portugal",
destacou.
Por outro
lado, São Tomé e
Príncipe quer continuar
a intensificar as
relações com Angola,
China, Reino Unido ou
Países Baixos, mas
também com a União
Europeia, reforçando
que, também com outros
países, a cooperação com
Portugal pode abrir
portas.
"A melhor
impressão e os melhores
exemplos de práticas de
cooperação com Portugal
servir-nos-ão para
abordarmos os países
europeus",
sustentou.Sobre a
próxima presidência da
Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP),
a partir de julho de
2023, sendo São Tomé um
dos países que poderá
assumir essa tarefa,
para a qual a
Guiné-Bissau também já
mostrou disponibilidade,
Patrice Trovoada
defendeu que este dossiê
"não pode constituir um
bloqueio" a nível da
organização."Essa
questão tem de ser vista
entre os membros de uma
maneira menos mediática
para ver quais são as
motivações de uns e
outros", comentou.
O país
que sucederá a Angola na
presidência será
decidido pelos chefes de
Estado."Hoje a CPLP
dilui-se em várias
instituições, vários
departamentos, várias
áreas de
responsabilidade, e o
Governo de São Tomé e
Príncipe tem de estar
pronto a assumir essa
liderança ao nível das
expetativas dos outros
Estados-membros",
defendeu, afirmando que
o seu executivo irá
abordar o tema com os
presidentes são-tomense,
Carlos Vila Nova,
guineense, Umaro Sissoco
Embaló, angolano, João
Lourenço - que assume
atualmente a presidência
da CPLP -, e português,
Marcelo Rebelo de Sousa,
que na cimeira de Luanda
alertou que decorria a
eleição presidencial
são-tomense e sugeriu
que a organização
decidisse mais tarde."É
preciso é evitar
bloqueios, conflitos.
Senão, a organização não
avança.
E eu
estou convencido que
[estes] chefes de Estado
têm mostrado vontade na
evolução da CPLP",
considerou. Segundo
dados conhecidos hoje no
Tribunal Constitucional,
após o apuramento geral
da votação para as
legislativas de dia 25
de setembro, a ADI
venceu com maioria
absoluta de 30
deputados, seguido do
Movimento de Libertação
de São Tomé e
Príncipe/Partido Social
Democrata (MLSTP/PSD),
do atual
primeiro-ministro, Jorge
Bom Jesus, e que recebeu
25.287 votos,
equivalentes a 18
deputados.
A
terceira força política
no parlamento
são-tomense, com cinco
eleitos, será a
coligação Movimento de
Cidadãos Independentes
-- Partido Socialista /
Partido de Unidade
Nacional (MCIS-PS/PUN,
mais conhecido como
`movimento de Caué`,
distrito no sul da ilha
de São Tomé), após ter
tido 4.995 votos.
Com mais
votos, mas menos
mandatos, foi o
resultado do movimento
Basta -- que absorveu o
histórico Partido da
Convergência Democrática
(PCD) e acolheu
ex-membros da ADI. O
Basta, que tinha como um
dos cabeças de lista o
presidente do
parlamento, Delfim
Neves, avançou pela
primeira vez para as
urnas e obteve um total
de 6.788 votos, elegendo
dois deputados.
(Lusa)