Novo estudo apresenta
primeiro mapa da
atividade
de
investigação nos PALOP
28.09.2022 - O estudo
MAPIS analisa a evolução
da produção científica
internacional em
ciências da saúde nestes
países entre 2008 e
2020, as redes de
colaboração e as fontes
de financiamento em que
se alicerça.
Vai ser
apresentado a 27 de
setembro, na Fundação
Gulbenkian.Com o título
“MAPIS – Mapping of
Health Sciences Research
and Funding in Angola,
Cape Verde,
Guinea-Bissau,
Mozambique and São Tomé
and Príncipe”, o estudo,
encomendado pela
Fundação Calouste
Gulbenkian e realizado
por Tiago Santos Pereira
e Hugo Confraria,
apresenta a atividade de
investigação nos PALOP -
Países Africanos de
Língua Oficial
Portuguesa (Angola, Cabo
Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique e São Tomé e
Príncipe) através da
identificação de
publicações científicas
na área das ciências da
saúde em revistas
internacionais
geralmente reconhecidas
(indexadas na Web of
Science), entre 2008 e
2020, desenvolvidas por
investigadores
localizados nestes
países.
Ao
apresentar o primeiro
mapeamento das
atividades conduzidas
pela comunidade médica e
de investigação focada
nestes cinco países, o
estudo pretende reforçar
a visibilidade das
iniciativas e
capacidades de
investigação existentes,
destacando a sua
contribuição para o
progresso social e
económico; identificar
os principais
financiadores e líderes
científicos nesta área;
e ainda promover um
maior olhar sobre as
perspetivas futuras de
apoio à investigação nos
PALOP.
Entre as
conclusões apresentadas,
os autores verificam que
houve “um aumento
significativo na
produção da investigação
em ciências da saúde
nestes países,
particularmente durante
a última década”, com
Moçambique a destacar-se
no que respeita ao nível
de produção de
investigação.
Uma
segunda conclusão refere
que “a maior parte desta
investigação é
desenvolvida através de
colaborações
internacionais, que
constituem uma
importante oportunidade
para a aprendizagem e
para o desenvolvimento
institucional, bem como
para articular agendas
de investigação
internacionais com as
necessidades e práticas
locais”.
No
entanto, referem os
autores, “existe a
necessidade de reforçar
a liderança local da
investigação”.Por outro
lado, os resultados
mostram também que
grande parte da
investigação em ciências
da saúde é realizada em
associação com
hospitais, em
articulação com o setor
clínico e tendo em conta
as necessidades
concretas de saúde das
populações locais, o que
se traduz nos temas
abordados pelos
investigadores nos
diferentes PALOP.
“Em
Moçambique, a relevância
de doenças como o VIH ou
a malária reflete-se nos
tópicos mais abordados
na investigação local,
enquanto que em Angola
ou na Guiné-Bissau
surgem outros tópicos,
tais como os
relacionados com a
parasitose (em Angola)
ou com o sarampo (na
Guiné-Bissau)”, pode
ler-se no relatório.
Por
último, o estudo conclui
que os investigadores em
ciências da saúde nos
PALOP possuem uma vasta
rede internacional, em
que países como os EUA e
a Dinamarca assumem um
papel de maior
relevância enquanto
parceiros e
financiadores,
nomeadamente em
Moçambique e na
Guiné-Bissau.
Em
paralelo, os autores
salientam ainda a
escassez de colaborações
internas entre os
diferentes países que
partilham a língua
portuguesa.Maria
Hermínia Cabral,
diretora do Programa
Gulbenkian Parcerias
para o Desenvolvimento,
espera “que este estudo
seja o ponto de partida
de um debate mais
profundo que permita
explorar sinergias e
delinear uma estratégia
de promoção da
investigação em saúde
nos PALOP, permitindo
diminuir o gap dentro do
continente africano”.
“A FCG
tem investido no apoio à
liderança local de
projetos de investigação
por cientistas desses
países e quis, ao mapear
esta informação, fazer
um ponto de situação e
passar da dedução à
evidência”, refere a
diretora. “Depois deste
mapeamento conseguiremos
perceber alguns dos
motivos pelos quais a
maioria destes países
estão afastados dos
circuitos internacionais
e, assim, ser mais
focados e eficazes.
”No dia
27 de setembro, o
seminário “Mapeamento da
Investigação em Ciências
da Saúde nos PALOP (MAPIS):
Um estudo das redes de
produção científica e de
financiamento entre 2008
e 2020” vai apresentar
os resultados do estudo,
procurando, através de
dois painéis com
convidados de diferentes
áreas e instituições,
refletir em conjunto
sobre os desafios
futuros e a relevância
do processo de
financiamento da
investigação em ciências
da saúde, a nível
nacional e
internacional.
Por: Sara
Huberty Ramos