Participante
em golpe de
2003 em São
Tomé lamenta
"falta de
interesse"
da Justiça
23.01.2019 .
Um dos
participantes
no golpe
militar de
2003 em São
Tomé e
Príncipe
acusou hoje
o Ministério
Público de
"falta de
interesse"
na
investigação
sobre
acusações de
que o
ex-primeiro-ministro
Patrice
Trovoada
mandou
assassinar
três figuras
do Estado.
"Para mim,
essa gente
da
Procuradoria-Geral
da República
não tem
moral. Eu já
fiz a
acusação,
eles que
procurem o
homem [Patrice
Trovoada],
chamem-nos e
vamos
esclarecer
isto", disse
Plácido
`Peter`
Lopes,
ex-soldado
do extinto
Batalhão
Búfalo (do
exército
sul-africano),
em
entrevista à
Lusa na
capital
são-tomense.
Em agosto de
2017, num
vídeo
colocado na
sua página
na rede
social
Facebook,
entre várias
acusações,
`Peter`
Lopes
apontou
Patrice
Trovoada
como sendo o
financiador
do golpe de
Estado em
2003 em São
Tomé, altura
em que,
disse, este
deu ordens
para
assassinar
três figuras
do Estado
são-tomense,
designadamente
o
ex-Presidente
Manuel Pinto
da Costa, o
então chefe
de Estado
Fradique de
Menezes e o
então
ministro da
Defesa,
Óscar Sousa.
"Eu mandei
uma carta à
Procuradoria-Geral
da
República.
Por que é
que não me
responderam?
Como sabem
que eu ia
dizer
verdades que
iriam mexer
com muita
gente, o
Ministério
Público
simplesmente
rasgou a
minha
carta",
acusou hoje,
reafirmando
a sua
disponibilidade
para ser
ouvido pela
Justiça
são-tomense.
Contactado
pela Lusa, o
procurador-geral
da
República,
Kelve Nobre
de Carvalho,
afirmou que
o Ministério
Público não
tinha forma
de abrir um
processo,
uma vez que,
pouco depois
dos
acontecimentos,
Fradique de
Menezes
"concedeu um
indulto
presidencial
a todos os
envolvidos",
que foi
publicado em
Diário da
República.
"O indulto
constitui
uma das
causas da
extinção da
ilicitude.
Não é
possível
falar de um
possível
procedimento
criminal",
disse o
procurador-geral.
`Peter`
Lopes, que
reside na
África do
Sul,
sublinhou
que já fez
"o que tinha
de ser
feito".
Em tribunal,
prosseguiu,
poderia
provar que "Patrice
Trovoada deu
ordens" para
assassinar
Pinto da
Costa,
Fradique de
Menezes e
Óscar Sousa,
afirmando
não
"precisar de
advogado".
"Todo o
mundo sabe
que o senhor
Patrice
Trovoada
estava
bastante
envolvido no
golpe de
Estado de
2003. A
intenção
dele era
matar
aquelas
figuras, mas
não era essa
a nossa
intenção,
porque nós
somos
são-tomenses",
disse,
recordando
que "houve
golpe, mas
não houve
sangue", o
que `Peter`
Lopes
explica com
os laços
familiares
que ligam os
são-tomenses
(uma
população
com cerca de
200 mil
pessoas).
"Embora
tenhamos
feito a
nossa vida
militar lá
fora, numa
unidade
especial [da
África do
Sul], nós
continuamos
com aquela
cultura de
são-tomense,
somos filhos
são-tomenses,
nascemos
aqui e
jogámos
futebol
aqui",
referiu.
Alguns dias
depois de
ter feito o
vídeo,
`Peter`
Lopes
relatou que
o Governo
são-tomense,
então
liderado por
Patrice
Trovoada,
mandou uma
carta às
autoridades
da África do
Sul para
averiguarem
a veracidade
do vídeo.
"Fui chamado
pelo
Ministério
dos Negócios
Estrangeiros
sul-africano,
pela
Interpol,
pela
inteligência
sul-africana,
e numa
reunião eu
assumi
claramente
que fui eu
que fiz o
vídeo.
Depois
mandaram-me
embora,
viram que eu
simplesmente
falei a
verdade ao
povo, que eu
queria que
soubesse
dessa
verdade",
disse.
Durante a
sua
deslocação a
São Tomé e
Príncipe,
`Peter`
Lopes
reuniu-se
esta
quarta-feira
com o
primeiro-ministro,
Jorge Bom
Jesus, e com
o ministro
da Defesa,
Óscar Sousa.
Segundo o
próprio,
esta visita
pretendeu
avaliar
possibilidades
de
investimento
de
empresários
sul-africanos
em áreas
como o
turismo,
aviação,
agricultura
e banca em
São Tomé e
Príncipe.
Lusa
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