Presidente da República
defende reforço da
cooperação
com São Tomé e Príncipe
10.05.2022 - O
Presidente da República
defendeu, esta
segunda-feira, em
Luanda, o reforço da
cooperação com a
República de São Tomé e
Príncipe e lamentou o
facto de a Comissão
Mista Bilateral entre os
dois países ter ficado
paralisada durante 15
anos.
João
Lourenço, que falava à
imprensa no final do
encontro com o homólogo
são-tomense, Carlos Vila
Nova, a cumprir uma
visita de Estado de dois
dias ao país, disse que
é necessário corrigir
este quadro "errado".
"Essa sua visita vai
contribuir para mudarmos
esse estado de coisas,
de estarmos há 15 anos
sem reunirmos a nível da
Comissão Mista, o que
não é nada bom.
E,
portanto, vamos corrigir
isso a partir de agora,
já na vigência do seu
primeiro mandato como
Chefe de Estado de São
Tomé e Príncipe",
realçou. O estadista
angolano disse ter
ficado acordado, entre
as partes, a reactivação
da Comissão Mista
Bilateral já a 29 e 30
deste mês, em São Tomé e
Príncipe, tendo em conta
a realização do último
encontro em Luanda.
O
Presidente João Lourenço
deu a conhecer que nessa
reunião vão ser
abordadas todas as
questões relacionadas
com a cooperação entre
os dois países, mas com
maior realce para os
sectores da Defesa e
Segurança, Pescas e Mar,
Turismo, Interior e
Ordem Interna,
Transportes Aéreos e
Marítimos, Recursos
Minerais, Petróleos e
Comércio, no quadro da
parceria estratégica que
se pretende implementar.
Destacou
que é do interesse de
Angola que os dois
Estados trabalhem, de
forma conjunta, a fim de
encontrarem os caminhos
que os leve à construção
de uma base política e
de cooperação sólida,
assente na convergência
de interesses e na
complementaridade das
capacidades de ambos os
países, gerando, deste
modo, factores de
estabilidade
influenciadores do
desenvolvimento e do
bem-estar para os dois
povos.
"Ninguém
é suficientemente
independente, nem as
grandes potências, ao
ponto de se arrogar ao
direito de dizerem que
não precisam de cooperar
com ninguém", salientou
o Presidente,
acrescentando que, de
São Tomé, Angola vai
ganhar tudo o que for
possível e no que as
partes identificarem
como útil e do interesse
de ambos.
O
Presidente da República
esclareceu que os
primeiros contactos para
o fortalecimento da
cooperação entre os dois
países aconteceram em
Outubro do ano passado,
em Glasgow, Escócia,
altura em que conheceu,
pessoalmente, Carlos
Vila Nova. "Devo dizer,
de forma muito curta,
que, como é vulgar
dizer-se, a corrente
passou facilmente. Isso,
na política, ajuda,
quando a corrente passa
facilmente", referiu,
deixando em aberto a
interpretação do
significado da expressão
"corrente passar
facilmente".
Capacidades em diversos
domínios
Durante o
discurso a propósito da
visita do homólogo
são-tomense a Luanda, o
Presidente da República
ressaltou que Angola e
São Tomé possuem
capacidades, em diversos
domínios da economia,
que devem ser
potenciadas, para que se
possa colher os melhores
benefícios da cooperação
que vier a ser
desenvolvida.
Sobre
este particular, referiu
que a visita de Carlos
Vila Nova a Angola
representa uma grande
oportunidade para se
abordar a melhor forma
de se impulsionar, com
sentido prático, todas
as iniciativas
existentes, que visam a
inauguração de uma nova
era na parceria entre os
dois Estados, tornando-a
cada vez mais ampla e
diversificada.
"Vamos
trabalhar na criação
deste novo quadro de
cooperação e
intercâmbio,
privilegiando as
relações de
Estado-a-Estado, que
transcendam as
diferentes
sensibilidades políticas
ou de outra natureza,
com vista a superar os
obstáculos do passado",
afirmou.
O
Presidente João Lourenço
acrescentou que é dentro
deste padrão de
relacionamento que se
pretende que a
cooperação entre os dois
países se desenvolva,
alterando o paradigma
actual para um modelo
dinâmico e actuante, que
realce o intercâmbio do
comércio e do
investimento, bem como a
redinamização e o
alargamento para
sectores não explorados.
Investimento privado
directo
Em
relação ao investimento
privado directo, o Chefe
de Estado defendeu a
necessidade de se
trabalhar, de forma
coordenada, na criação
dos mecanismos e
incentivos adequados que
encorajem e estimulem o
movimento de homens de
negócios, de empresas e
de comerciantes de
Angola para São Tomé e
Príncipe e vice-versa.
Disse que
este quadro vai
permitir, num futuro
próximo, realizações e
empreendimentos de valor
significativo para as
respectivas economias,
pelos benefícios que daí
vão resultar, em termos
de crescimento económico
e da consequente criação
de empregos.
O
estadista angolano
realçou, na sequência, a
criação, urgente, de
condições materiais para
a viabilização do
comércio entre os dois
países, com o fim de
suprir as necessidades
fundamentais em matéria
de produtos amplamente
consumidos em cada um
dos territórios com
custos mais reduzidos,
competitivos e com
garantias de um nível de
qualidade aceitável.
Disse que
o Acordo sobre a Isenção
de Vistos nos
Passaportes
Diplomáticos, de
Serviço, Especiais e
Ordinários, existente
entre os dois Estados,
vai servir de alavanca
para o estreitamento das
relações de amizade e de
cooperação entre Angola
e São Tomé e Príncipe.
"A
República de Angola e a
República Democrática de
São Tomé e Príncipe têm
uma história e percurso
político semelhantes e,
por este facto, acredito
nas enormes
possibilidades de
cooperação existentes
entre os nossos dois
países, com a
implementação de
projectos de interesse
recíproco que favoreçam
o crescimento económico
e o bem-estar das
populações das nossas
nações", realçou.
O
Presidente da República
referiu que, apesar dos
mais variados acordos,
memorandos e protocolos
assinados até aqui,
entre Angola e São Tomé
e Príncipe, os níveis de
cooperação económica e o
intercâmbio empresarial
ainda estão muito aquém
do esperado, tendo em
conta o grande potencial
existente entre os dois
países.
Novo
desenvolvimento nas
relações
O
Presidente de São Tomé e
Príncipe, Carlos Vila
Nova, disse que não tem
dúvidas de que a
cooperação entre os dois
países vai conhecer,
daqui para frente, novos
desenvolvimentos. "Não
temos dúvidas e nem
receio de dizer que,
hoje, estamos ainda mais
seguros que esta
caminhada está
fortalecida e a faremos
para o bem dos dois
países e dos dois
povos", frisou o
estadista são-tomense,
para quem a vinda a
Angola permitiu
reformular os novos
tempos para o bem das
populações dos dois
países.
"Nós
sabemos que, muitas
vezes, o discurso
teórico esconde lacunas,
mas, aqui, é prático,
real e notório que o
sentimento é profundo e
de verdade", acentuou.
Esta é a segunda visita
de Carlos Vila Nova a
Angola, sendo esta a
primeira de Estado.
A
primeira aconteceu em
Novembro do ano passado
e foi para participar na
Bienal de Luanda. O
programa de Carlos Vila
Nova ao país reserva,
para hoje, a deslocação
à província do Namibe,
onde está prevista uma
visita guiada à Academia
de Pescas e Ciências do
Mar.
A visita
de Estado de Carlos Vila
Nova, que chegou a
Angola ao princípio da
noite de domingo,
termina amanhã. Angola e
São Tomé e Príncipe
rubricaram, em 1995, um
acordo de Protecção
Recíproca de
Investimentos, com vista
à criação de condições
favoráveis para
estimular as iniciativas
privadas e intensificar
a cooperação económica
entre os dois Estados.
Em 2019,
foram identificadas
áreas para uma nova
estratégia de
cooperação, entre as
quais o Turismo,
Transportes e a
Exploração dos
Hidrocarbonetos que os
dois países fazem em
offshore. Angola e São
Tomé e Príncipe
formalizaram a
cooperação a 19 de
Fevereiro de 1978,
através do Acordo Geral
de Amizade e de
Cooperação na sequência
do qual foram assinados
vários instrumentos
jurídicos, visando
promover e aprofundar as
relações de cooperação
económica, científica,
técnica e cultural entre
os dois países.
A
Comissão Mista
Bilateral, criada em
Janeiro de 1980,
realizou a sexta e
última sessão, em
Luanda, em Novembro de
2007. Os dois países,
que cooperam nos
domínios político,
diplomático e económico,
são membros da
Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP)
e dos Países Africanos
de Língua Oficial
Portuguesa (PALOP).
Por:
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