Planos de Acção
Nacionais de Energias
Renováveis e
Eficiência Energética de
São Tomé e Príncipe
25.04.2022 - Decorreu no
país, o Webinar “Planos
de Acção Nacionais de
Energias Renováveis e
Eficiência Energética de
São Tomé e Príncipe”,
organizado pela
Associação Lusófona de
Energias Renováveis (ALER)
com o apoio da
Organização das Nações
Unidas para o
Desenvolvimento
Industrial (ONUDI).
Este
webinar teve como
objectivo apresentar o
Plano de Acção Nacional
de Energias Renováveis (PANER)
e o Plano de Acção
Nacional de Eficiência
Energética (PANEE), dois
documentos aprovados
pelo Governo de São Tomé
e Príncipe que visam
estabelecer os
objectivos, as
estratégias e as
soluções para tornar a
transição energética de
São Tomé e Príncipe uma
realidade até 2030 e, a
longo prazo, até 2050.
Os
documentos podem ser
consultados aqui.
Integrado no “Programa
Estratégico de Promoção
de Investimentos em
Energias Renováveis e
Eficiência Energética no
Sector da Electricidade
de São Tomé e Príncipe"
e financiado pelo Global
Environment Facility (GEF),
este webinar começou com
a apresentação da visão
estratégica e do
enquadramento
institucional destes
planos de acção, a cargo
de José Bastos de
Sacramento, Director
Geral dos Recursos
Naturais e Energia do
Ministério das
Infra-estruturas e
Recursos Naturais de São
Tomé e Príncipe.
“Tem-se
vindo a promover a
política e as acções que
visam o desenvolvimento
do sector energético,
para além de que São
Tomé e Príncipe conta
com suficientes recursos
energéticos renováveis
que podem ser plenamente
desenvolvidos para
satisfazer as suas
necessidades
energéticas”, referiu
José Bastos de
Sacramento que
acrescentou, ainda, que
“o desenvolvimento do
sector energético tem
sido frequentemente
limitado por desafios
comuns aos muitos
estados insulares, tais
como uma forte
dependência de
combustíveis fósseis
importados, uma tarifa
de electricidade
elevada, ruptura de
abastecimentos,
infra-estrutura
inadequada e acesso
limitado a
financiamentos”.
Por outro
lado, José Bastos de
Sacramento, afirmou que
“a política energética
tem sido das mais
influenciadas pelo
objectivo do combate às
alterações climáticas,
promovendo-se o
aproveitamento de
recursos endógenos e
renováveis, a redução da
emissão do Co2, a
eficiência energética e
a inovação tecnológica”.
De
seguida, Selby Ramos da
Autoridade Geral de
Regulação Técnica do
Sector Eléctrico de São
Tomé e Príncipe
apresentou o “Plano de
Acção Nacional de
Energias Renováveis” (PANER).
Este plano “foi
elaborado de acordo com
as políticas energéticas
definidas a nível
nacional”, o PANER
define “metas
específicas para o
sector das Energias
Renováveis, tendo como
objectivo principal
incrementar
significativamente a
penetração de capacidade
de geração com base em
fontes renováveis na
matriz eléctrica de São
Tomé e Príncipe até
2030, em linha com o
definido nas
contribuições
nacionalmente
determinadas. [Este
plano] descreve as metas
específicas de Energias
Renováveis em termos de
capacidade a ser
instalada e geração de
electricidade esperada”.
Com a
implementação do PANER,
“a necessidade de
importar combustíveis
fósseis (principalmente
diesel) para gerar
electricidade irá
diminuir”, afirmou o
representante da
Autoridade Geral de
Regulação Técnica do
Sector Eléctrico. Estes
planos são um forte
compromisso do Governo
de São Tomé e Príncipe,
desenvolvidos com o
apoio da ONUDI, nos
quais se definem
trajectórias, e se
identificam medidas e
programas que devem ser
implementados para
atingir os objectivos
definidos.
As metas
estão em conformidade
com os planos nacionais
de redução das emissões
de gases com efeito de
estufa e com os
objectivos definidos
para alcançar o acesso
universal à rede de
energia. Estas metas, de
acordo com Selby Ramos,
incluem medidas que
visam “substituir
gradualmente o uso de
fontes de cocção por
fontes mais limpas e
seguras, com menor
impacto na saúde das
famílias e no meio
ambiente.”
Diodotce
Lima da Direcção Geral
dos Recursos Naturais e
Energia, na sua
apresentação sobre o
Plano de Acção Nacional
de Eficiência Energética
(PANEE) evidenciou as
medidas e os objectivos
impostos por este plano.
Destaca-se a
substituição gradual do
“consumo de combustíveis
sólidos para cocção por
combustíveis líquidos,
principalmente GPL, e
visam também introduzir
outras tecnologias de
cocção, nomeadamente
fogões solares ou
electricidade, mas em
pequena percentagem e a
longo prazo.”.
Realçando, ainda, que a
implementação do PANER e
do PANEE “não substitui
o que uma política
energética geral deveria
e poderia conter”. Finda
a apresentação dos dois
planos, o desfecho do
webinar culminou num
painel de debate e
perguntas dos
participantes. Leonel
Wagner, Assessor do
Ministro para áreas de
energia e Coordenador do
Projecto de
Transformação do
Sector-ETISP referiu que
“estas metas requerem o
apoio de recursos
suficientes e reformas
institucionais para que
nós possamos
implementá-las”.
De
seguida, António Ramos
da Direcção dos
Transportes Terrestres
realçou a importância da
mobilidade, destacando a
mobilidade eléctrica e
não-eléctrica. “É na
capital que há maior
consumo, onde estão as
centrais eléctricas e
onde diariamente há
deslocação de dezenas de
camiões para o Norte do
País, essas deslocações
traduzem-se em consumo
de combustível e
poluição”. No desfecho
da sua participação
concluiu que “nós temos
ideias, mas a
implementação é difícil
por uma questão
económica”.
Por
último, Wildmark
Trovoada da Associação
para Promoção das
Energias Renováveis e
Ambiente Sustentável de
São Tomé e Príncipe (APERAS)
concluiu, de forma
positiva, que “o Plano é
uma ferramenta que nos
dá bastantes guias
orientadoras, que a
serem implementadas vão
revolucionar,
seguramente, o sector
das energias renováveis
e, consequentemente,
melhorar um pouco as
condições naturais do
próprio país”.
A
aplicação destes planos
irá reformular a
dinâmica das
infra-estruturas do
país, uma vez que se
dirigem aos contextos
urbanos e rurais e terão
um forte impacto nas
políticas
intersectoriais.
Nomeadamente na
mitigação/ adaptação
climática, no comércio,
na indústria, na
educação, na
investigação, nos
edifícios, nos
transportes, no turismo,
na saúde, na
agricultura, nas pescas,
na energia e noutros
sectores da economia.
Os
participantes do webinar
levantaram questões
sobre o contributo da
produção através da
biomassa, sobre a
importância da energia
solar fotovoltaica em
comparação com a
produção hidroeléctrica
e, ainda, sobre o
equilíbrio entre as
metas para 2030 e para
2050.
No
final deste webinar
Martin Lugmayr da
Organização das Nações
Unidas para o
Desenvolvimento
Industrial (ONUDI)
concluiu que “temos de
começar com uma
transição hoje, é agora
ou nunca”.
Com a
implementação dos
planos, “o sector tem
agora uma orientação
prática [para] tornar a
transição energética uma
realidade até 2030 e
2050. Os planos
demonstram que o cenário
é sustentável, é
possível e viável, e é
também um bom negócio.
Vão existir problemas e
barreiras, mas a
situação vai ser muito
melhor do que agora”,
declarou.