Ilha do Príncipe isolada
de São Tomé por falta
de ligação aérea e
marítima
18.11.2022 -
O Governo
são-tomense suspendeu a
viagem marítima de
passageiros entre as
ilhas de São Tomé e do
Príncipe por falta de
segurança do navio,
enquanto a ligação aérea
está suspensa há mais de
uma semana para a
manutenção da aeronave.
“OPríncipe tem problemas
e a questão do navio é
uma questão de
responsabilidade.
Os
marinheiros, os serviços
disseram que podiam ir,
mas o podiam quando se
trata de vidas humanas
nós temos que ter a
certeza de que as
condições de segurança
estão reunidas, por isso
nós dissemos que os
combustíveis poderão ir,
mas não as pessoas”,
explicou hoje o
primeiro-ministro
Patrice Trovoada durante
uma visita aos serviços
dos registos e notariado
de São Tomé.
A decisão
foi tomada na
quarta-feira em sede do
Conselho de Ministros
que através de
comunicado referiu que
“o Governo, preocupado
primeiramente com as
vidas humanas, orientou
o ministro da Defesa a
interditar a viagem de
passageiros enquanto não
forem criadas as
condições mínimas de
segurança para os
mesmos”.
O
primeiro-ministro
sublinhou hoje que “há
muitos comerciantes” que
ficarão em São Tomé com
mercadorias, por isso
deu instruções para a
aquisição destas
mercadorias para que os
comerciantes não tenham
prejuízos financeiros,
ao mesmo tempo que
encontrará soluções para
os doentes.
“É um
incómodo, mas
encontraremos também
maneira de aliviar esta
demora aqui”, assegurou
Patrice Trovoada. A
ligação marítima entre
as ilhas de São Tomé e
Príncipe dura cerca de
oito horas, num percurso
onde já se registaram
cerca de três naufrágios
causando a morte de
dezenas de pessoas.
O mais
recente naufrágio do
navio “Amfitriti”, em
2019, com cerca de 64
pessoas e uma carga de
212 toneladas, resultou
na morte de 10 pessoas.A
ligação aérea que
poderia ser alternativa
também se encontra
suspensa há cerca de dez
dias pela companhia
aérea portuguesa
Sevenair, alegadamente
para a manutenção da
aeronave que desde maio
faz dois voos diários
para 18 passageiros em
cada viagem.
O
primeiro-ministro disse
hoje que o voo deverá
ser retomado na
sexta-feira.No entanto,
a passagem aérea custa
cerca de 8 mil dobras
(cerca de 325 euros),
num país onde o salário
mínimo é de 2.500 dobras
(101 euros). “Durante a
minha estadia no
Príncipe iremos falar
com as autoridades como
é que podemos de facto
ultrapassar esta
situação e a ligação
aérea”, disse Patrice
Trovoada, que viajará
hoje para ilha do
Príncipe para a
cerimónia de posse do
Governo Regional, no
sábado.O chefe do
governo são-tomense
sublinhou que a ilha do
Príncipe tem “problemas
estruturais que são
conhecidos”, por isso
vai procurar formas de
os resolver.
Patrice
Trovoada explicou também
os cortes de
eletricidade que se têm
verificado no país, que
se devem à
racionalização do
combustível e manutenção
de geradores de energia
da Empresa de Água e
Eletricidade (Emae).Na
ilha do Príncipe, o
fornecimento de
eletricidade tem sido de
apenas 12 horas por dia,
uma situação contestada
pelo Governo regional.
“Não é
que não exista
combustível suficiente
em termos de ‘stock’, há
uma decisão da Enco
[Empresa Nacional de
Combustível e Óleo] de
reduzir o combustível
que entrega À Emae. É
uma questão que nos
preocupa e eu até tenho
alguma dificuldade em
entender, mas vamos
entrar no dossiê, a Enco
nos comunicou as razões,
vamos analisar e
veremos”, explicou
Patrice Trovada.
JYAF
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