Peregrinos chegam de
todo o mundo com
"a linguagem do amor"
em comum

31.07.2023 -
A "linguagem do amor"
está a ser utilizada
para vencer a barreira
de qualquer idioma,
especialmente por quem
só sabe falar português
e encontra nos sorrisos
ou gestos a melhor forma
de acolher quem chega à
Jornada Mundial da
Juventude (JMJ).
"Às
vezes não compreendemos
a linguagem, por
exemplo, não falo nada,
nem inglês, francês e
espanhol. Mas a
linguagem do amor é
legal, a linguagem do
amor comunica com todo o
mundo: é um sorriso, um
olhar, é tentar, mesmo
com gestos dizer: que
alegria que está aqui,
aproveite a Jornada",
sublinhou Luzia Mota,
enquanto esperava a
chegada de um sacerdote
do Brasil.
A
espera no Aeroporto
Internacional de Lisboa
durou algumas horas e
vem-se repetindo desde
segunda-feira, para
encaminhar alguns
peregrinos para uma casa
de acolhimento
proporcionada por amigos
missionários da Aliança
de Misericórdia
(Brasil).Ao lado tinha o
marido, Marco Mota, que
a ajudava a segurar a
bandeira daquela
associação privada e a
ocupar o tempo até à
chegada do padre
Vinicius Soares, com
quem foi trocando
mensagens no Whatsapp,
embora não o conhecesse
pessoalmente.
O
colarinho branco
"denunciou" o sacerdote,
que estará em Portugal
nos próximos dias para
participar pela terceira
vez numa JMJ.À agência
Lusa explicou que foi na
JMJ de 2011 que
descobriu a sua vocação
para seguir o
sacerdócio, numa altura
em que ainda nem era
seminarista."Era um
jovem rapaz de 17 anos,
ainda com muitos sonhos
e planos. Para mim é
muito especial, pela
primeira vez, estar como
sacerdote na JMJ, porque
foi numa JMJ que
discerni e descobri a
minha vocação",
acrescentou.
Esta
é a primeira vez que vem
a Portugal, um país ao
qual "os brasileiros
estão intimamente
ligados" e onde mantém
"devoção à Nossa Senhora
de Fátima, aos Santos
Pastorinhos e ao Santo
António de Lisboa",
padroeiro da sua
paróquia no Brasil.

"Também por ser a nossa
pátria mãe! Nós
brasileiros temos muito
amor e carinho a
Portugal, justamente
pelos vínculos
históricos que nos
ligam", evidenciou.Para
chegar a Portugal, fez
uma viagem de dez horas,
demorou outras três para
sair do aeroporto, entre
a fila da emigração e
para recuperar a
bagagem, mas acredita
que "quando a provação é
grande, é porque a
bênção também será".Na
JMJ de Lisboa, onde irá
"atender confissões em
três línguas (português,
espanhol e italiano),
espera encontrar "a
linguagem do amor, a
linguagem da fé e a
linguagem do ideal de
nosso senhor Jesus
Cristo".
"Aqui
todo o mundo fala a
mesma língua: a língua
da palavra de Deus, a
língua do Evangelho. É
bonito ver isso, é
bonito ver que Cristo
vive nas diferentes
raças, nações, mas o
ideal e o amor a ele é
um só", justificou.
Entre a multidão, onde
se misturavam culturas e
idiomas, a agência Lusa
encontrou também
Faustina Barros e Alter
Sousa, que vieram de São
Tomé e Príncipe para
participar na JMJ.Se a
primeira vem pela
primeira vez, Alter
Sousa é repetente:
estudou em Portugal e é
onde também tem as duas
filhas a estudar.
"É um
conjunto de coisas que
me animam a vir,
independentemente de ter
filhas e família cá, ver
o Papa é uma bênção,
tendo em conta que sou
católica praticante",
admitiu a enfermeira,
que já tinha participado
na JMJ que decorreu no
Brasil em 2013.Já de
Moçambique vieram Rosa
Chabuca e Ana Baço, duas
peregrinas de
Moçambique, que trazem
na "mala" a vontade de
conhecer pessoas novas e
"continuar na fé" que as
levará a Fátima.
A
partilhar sorrisos
estava também um grupo
de jovens do Agrupamento
1133 do Corpo Nacional
de Escutas (CNE), de
Ponta Delgada, Açores,
"comandados" por Elsa
Martins."Como eles
costumam dizer, vamos
servir o próximo que é o
nosso intuito nestas
Jornadas. Mas, vamos
também tentar
diverti-los de alguma
forma: temos jovens que
saíram da ilha de S.
Miguel pela primeira
vez", revelou.
As
expectativas são altas e
a jovem escuteira de 18
anos Maria Carvalho não
tem dúvidas que serão
cumpridas.Até lá,
tentarão entender-se nos
vários idiomas que
dominam e, quando não
conseguirem "há a
linguagem universal dos
abracinhos para
resolver".
Lusa