Cerca de 85% da
população de São Tomé
e Príncipe consome
álcool

20.07.2023 -
Cerca de
85% da população de São
Tomé e Príncipe consome
álcool, segundo dados do
relatório da missão da
cobertura universal da
saúde divulgados na
terça-feira pela
Organização Mundial da
Saúde, que pede a
mudança de estilo de
vida no aquipélago.
Os
dados foram apresentados
durante a entrega da
nova estratégia da OMS
para garantir a
cobertura universal da
saúde em São Tomé e
Príncipe. Cerca de “85%
da população de São Tomé
e Príncipe consome
álcool, 54% consome
menos de cinco porções
de frutas ou legumes por
dia, cerca de 18%
consome regularmente
alimentos processados
ricos em sal e sete em
cada dez pessoas em São
Tomé e Príncipe não
pratica qualquer tipo de
atividade física”,
anunciou Sara Pereira,
consultora da OMS em São
Tomé e Príncipe.
O
arquipélago são-tomense
com cerca de 1001
quilómetros quadrados
tem cerca de 200 mil
habitantes, segundo
dados do último
recenseamento geral da
população de 2012.Sara
Pereira indicou outros
dados que permitem
avaliar as áreas que
deverão ser prioritárias
“para melhorar a
qualidade de vida e os
indicadores de saúde no
país”, sublinhando a
necessidade de mudança
de hábitos de vida no
arquipélago.
A
médica consultora da OMS
referiu que o estudo
realizado no ano passado
pelo Programa das Nações
Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD),
concluiu que 54% das
famílias são-tomenses
“não conseguem comprar
os medicamentos
necessários”,
essencialmente para o
tratamento das doenças
crónicas, e 10% “não
conseguem ter acesso aos
serviços de saúde de que
precisam”.
“Além
disso, acresce ainda
dizer que São Tomé e
Príncipe é o pequeno
Estado insular em
desenvolvimento com
maior percentagem de
custo catastróficos em
saúde […] há uma
percentagem importante
de famílias em São Tomé
que ao pagarem
diretamente custos da
saúde empobrecem, ou
seja gastam mais de 40%
do seu orçamento
doméstico em cuidados de
saúde”, indicou.
Sara
Pereira referiu que o
investimento do Governo
no Orçamento Geral do
Estado (OGE) para o
setor da saúde tem vindo
a aumentar, situando em
11%, mas sublinha que
ainda está “um pouco a
quem daquilo que é o
valor ideal”, 15%.
A
consultora indicou que
São Tomé e Príncipe tem
um “número insuficiente
de recursos humanos”,
situando em 2,4 médicos,
enfermeiros e parteiras
por mil habitantes,
quando a OMS recomenda
um rácio de 4.4 a 5,
“como ideal para
alcançar a cobertura
universal da saúde”.“É
realmente um domínio que
precisa de
investimento”, precisou.
Durante a apresentação
dos dados, a consultora
da OMS afirmou que houve
ganhos nos últimos anos,
sobretudo nos 14
indicadores do índice de
cobertura universal de
saúde, nomeadamente
saúde reprodutiva,
maternoinfantil e
neonatal, doenças
infecciosas, doenças não
transmissíveis,
vacinação e
acessibilidade aos
serviços da saúde.
No
entanto, “este indicador
também esconde alguma
desigualdade ainda
existente no contexto
nacional, seja pelas
fragilidades do seu
sistema de saúde, seja
porque do ponto de vista
geográfico financeiro
nem todas as pessoas de
São Tomé e Príncipe têm
igualmente acesso aos
cuidados de saúde”.Sara
Pereira referiu-se
também a um novo
indicador que cobre a
saúde, educação e nível
de vida das pessoas, que
concluiu que “11,7% da
população é
multidimensionalmente
pobre” em São Tomé e
Príncipe.
“Significa que as
pessoas não têm saúde,
que é preciso investir
na educação, mas que é
preciso também olhar
para as suas condições
de vida […] se queremos
saúde temos que fazer
uma abordagem
multissetorial. Não é
suficiente tratar a
doença se as condições
de habitação, se o
acesso a água potável, e
se as condições de
saneamento não são
suficientes”, disse.
A OMS
alerta que “existe um
novo perfil
epidemiológico” em São
Tomé e Príncipe em que
as doenças não
transmissíveis, como
diabetes, cancros ou
traumatismos,
“representam uma crise
para a saúde, mas também
uma crise económica e de
desenvolvimento do país”
porque os gastos para o
controlo dessas doenças
são muito elevados e o
país ter recursos
limitados.
A
Organização Mundial da
Saúde entregou ao
Governo são-tomense a
nova estratégia,
avaliada em 9 milhões de
euros, com cinco
prioridade para melhorar
a qualidade e acesso aos
serviços da saúde e
reforçar as capacidades
dos recursos humanos no
arquipélago até
2027.“Cobertura
universal da saúde
significa que todas as
pessoas, sem exepção,
ninguém fica para trás,
mas todos têm aceso a
cuidados de saúde de
qualidade, sempre e onde
precisarem,
independentemente da
fase e do ciclo de vida
em que se encontram”,
sublinhou Sara Pereira
durante a apresentação
do documento.
A
nova estratégia foi
apresentada numa
cerimónia que contou a
presença de membros do
Governo são-tomense,
responsáveis do setor da
saúde e das agências da
ONU. “Uma vez cumprindo
estas estratégias em
conjunto e com suporte
técnico da OMS, o
Ministério da Saúde,
Trabalho e Assuntos
Sociais, e mais
propriamente São Tomé e
Príncipe estará no
futuro muito melhor do
que se encontra hoje.
O
caminho é longo, mas
faz-se caminhando e o
primeiro passo começa
hoje com a implementação
deste documento e sua
respectiva
materialização”,
sublinhou o ministro da
Saúde são-tomense,
Celsio Junqueira.