Novo presidente da Cruz
Vermelha quer
otimizar rede de
delegações

17.07.2023 -
O empresário António
Saraiva toma esta
segunda-feira posse como
presidente da Cruz
Vermelha Portuguesa (CVP)
para um mandato de
quatro anos, durante o
qual pretende
concentrar-se na
sustentabilidade
económico-financeira da
instituição e otimizar a
rede de 159 delegações.
Em
entrevista à agência
Lusa antes de tomar
posse, António Saraiva
enumerou como
prioridades a
valorização e formação
dos profissionais, bem
como a requalificação de
toda a rede da entidade
que vai dirigir,
considerando que “das
159 delegações umas
encontram-se em situação
desafogada, outras nem
tanto”.
“Vivemos
da solidariedade e dos
apoios que vamos
recebendo e por isso nem
todas as delegações
vivem com o mesmo
desafogo financeiro. Há
que olhar para toda a
rede e reestruturar,
dando sustentabilidade
económico-financeira”,
afirmou António Saraiva,
antigo presidente da
Confederação Empresarial
de Portugal.
De acordo
com o novo presidente da
CVP, é necessário um
trabalho de maior
ligação entre as
diferentes estruturas
espalhadas pelo
país.António Saraiva
disse à Lusa que uma das
medidas que tenciona
tomar é a criação de uma
central de compras,
estando também já
identificada a
necessidade de melhorar
a gestão da frota:
“Temos 1.300 viaturas,
ambulâncias, carros de
apoio domiciliário,
enfim todo um conjunto
de viaturas a que é
preciso dar uma lógica
de gestão integrada”.
O
orçamento anual da CVP
ronda os cem milhões de
euros, o que é “sempre
pouco” para o trabalho
que realiza e para
responder ao número
crescente de
solicitações,
assumiu.Segundo António
Saraiva, durante o
primeiro semestre do
ano, o número de pedidos
de ajuda foi superior ao
do mesmo período de
2022.
“Os
pedidos de ajuda têm
vindo a aumentar. As
necessidades de apoio
para ajudar aqueles que
mais necessitam são cada
vez maiores. E, por
isso, há que ter uma
gestão muito
equilibrada, há que
captar o maior número de
apoios, porque os
pedidos de ajuda são
cada vez maiores”,
disse.
Os dados
de que dispõe indicam
que o número de pedidos
de ajuda aumentou 74% em
2022, face ao ano
anterior, uma tendência
que está “longe de se
inverter”.“Só nos
primeiros meses do ano
de 2023, já recebemos
quase o dobro de pedidos
de apoio,
comparativamente com o
período homólogo”,
sublinhou.
Os
pedidos de ajuda surgem
da população em geral
pelos mais diversos
motivos: pagamento de
rendas e consultas,
assim como despesas
correntes e bens de
primeira necessidade.
Nesta área estão
incluídos pedidos de
produtos de higiene,
pagamento de contas de
eletricidade, água e gás
e compra de material
escolar. “Há um sem
número de pedidos de
ajuda em todas estas
variáveis”, contou.
Temos de
ter serviços
centralizados para
otimizar a
sustentabilidade
económico-financeira da
entidade e caminhar no
sentido de uma maior
articulação entre as 159
delegações, dotar a
entidade de uma gestão
de frotas eficiente, uma
central de compras que
faça a gestão de toda a
rede de uma forma mais
rigorosa, acompanhando
aquilo que são hoje as
possibilidades dos meios
informáticos que temos
para melhorar tudo o que
é possível melhorar numa
rede com esta
amplitude”, defendeu.
A Cruz
Vermelha atua em 14
áreas, incluindo a
emergência médica, sendo
um dos parceiros da
Jornada Mundial da
Juventude (JMJ), que vai
decorrer na primeira
semana de agosto e que
trará a Portugal o papa
Francisco, num evento
para o qual são
esperados 1,5 milhões de
peregrinos.
“Vamos
estar envolvidos na
Jornada Mundial da
Juventude com um número
significativo de
equipamentos e de
pessoas, médicos,
enfermeiros, postos
médicos avançados,
ambulâncias em alerta,
integrando com o INEM
todo este apoio que vai
ser necessário”,
adiantou António
Saraiva.
A Cruz
Vermelha terá 10 postos
médicos avançados, 20
ambulâncias e 45 equipas
apeadas que vão estar a
cobrir diferentes zonas
de Lisboa, nomeadamente
o Parque Eduardo VII, e
também o Parque Tejo,
marcando, como
habitualmente, presença
também em Fátima.“Temos
320 voluntários
envolvidos, 1.334
operacionais acumulando
turnos, temos 944 horas
de médicos, 944 horas de
enfermeiros, 1.097 horas
de socorristas, 472
horas de psicólogos,
temos uma célula
operacional em Santo
Estêvão”, fora de
Lisboa, acrescentou
António Saraiva, que
desempenhará o cargo de
presidente da CVP em
regime pro bono (sem
remuneração).