20.06.2023 - A cidade de São Tomé está silenciosa e
o país a parar devido à
falta de combustíveis,
descreveu hoje o
presidente na Câmara do
Comércio, Indústria,
Agricultura e Serviços,
devido à situação mais
crítica de que se
lembra.
"Eu não me recordo de ter atravessado um período tão
crítico como este, deste
momento", disse à Lusa
Jorge Correia,
presidente do organismo,
lembrando contingências
de um país como São Tomé
e Principe onde quase
tudo chega por barco.
São Tomé e Príncipe é "um país ilha" em que a
energia vem dos
combustíveis e por isso
"as repercussões são
transversais", porque
faltando os
combustíveis, "o país
para". Para descrever o
ambiente, referiu que
"são raros os veículos a
circular" na cidade de
São Tomé, a capital, e
por isso "quase se pode
andar na cidade de olhos
vendados" e a falta de
combustível tem
agudizado os cortes
constantes de
eletricidade.
"Nem vale a pena entrar em grande pormenor porque em
São Tomé os combustíveis
movimentam tudo. [Sem
combustíveis] é o
pescador que não pesca,
são os taxistas que não
funcionam, transporte
público que não se
movimenta, os
motoqueiros estão
paralisados...",
descreveu. "É um
problema extremamente
grave. A circulação para
e parando a circulação,
para a economia",
resumiu, apontando
algumas excepções
conseguidas por acordos
do Governo com parceiros
que permitem
abastecimento de
serviços essenciais.
O presidente na Câmara do Comércio, Indústria,
Agricultura e Serviços
acredita, contudo, que a
situação será em breve
ultrapassada e, mais,
"que não se repetirá".
"O apelo que eu faço é
que, quando se tem uma
situação como essa, é
preciso que a gente
tenha cuidado
acrescido", apelou, e se
já se falava "da
importação, da hipótese
de ir buscar combustível
ao Togo ou outro país,
tem de se ter noção de
como fazer, o que fazer
para que o navio possa
descarregar" e prever
"um conjunto de
situações". "Não sei de
quem é, mas julgo que há
que responsabilizar as
pessoas que estiveram à
frente dessa operação",
defendeu.
O Governo e a Empresa de Combustíveis e Óleo (ENCO)
de São Tomé e Príncipe
já disseram que
obtiveram respostas a
pedidos feitos ao Togo e
a Angola e, em três
dias, contam ultrapassar
a escassez de
combustíveis no país,
que se prolonga há cerca
de duas semanas. A
petrolífera angolana
Sonangol "aceitou
antecipar a entrega que
estava programada para
final deste mês", devido
à intervenção do Governo
de São Tomé e Pricipe e
da empresa, revelou hoje
à Lusa o diretor
administrativo e
financeiro da ENCO e
deputado da Ação
Democrática Independente
(ADI, no poder), Orlando
da Mata, prevendo que "é
uma questão de dias" e
até final de
quarta-feira a situação
pode ficar resolvida.
Este navio está a ser carregado e a viagem desde
Angola "demora dois a
três dias até São Tomé",
detalhou a mesma fonte.
Ao mesmo tempo, do Togo,
de onde é procedente o
navio com combustíveis
que chegou há duas
semanas mas que até
hoje, por razões
técnicas e apesar de
várias tentativas, não
conseguiu descarregar,
já saiu um navio mais
pequeno e com as
características
necessárias para receber
o combustível do
primeiro navio e depois
fazê-lo chegar aos
terminais.