28.10.2021 - Começo por
citar do Canto III dos
Lusíadas de Camões: Que
um fraco rei faz fraca a
forte gente.
Embora seja aceite que a
análise dos Serviços
Públicos é indissociável
das pessoas e dos grupos
orgânicos que os
integram, verificam-se
por vezes abordagens que
analisam os Serviços
Públicos como se
pudéssemos pensar no
grupo sem pensar na
pessoa e pensar no
serviço sem pensar no
grupo.
De facto, os Serviços
Públicos podem ser
considerados como
sistemas complexos
compostos por
actividades humanas em
diversos níveis de
actuação, em que
valores, personalidades,
atitudes,
comportamentos, grupos e
normas (co)existem sob
um padrão complexo e
multidimensional, pelo
que são muito mais que a
mera adição das suas
partes.
Como se sabe todos os
indivíduos são
portadores de uma
estrutura de valores
pessoais [determinando a
sua maneira de ser e
estar] que, não poucas
vezes, colide com a
construção [social] da
própria cultura da
organização.
Verifica-se mesmo que à
medida que as pessoas se
vão integrando nos
respectivos grupos
orgânicos estes tendem a
desenvolver as suas
próprias normas e
mecanismos auto
reguladores que podem
entrar em colisão com o
serviço no seu todo,
sendo que o
relacionamento entre o
indivíduo e o serviço
nem sempre é cooperativo
e satisfatório.
Por outro lado, os
Serviços Públicos
necessitam de pessoas
que lhes ofereçam 3
níveis bastante
diferenciados de
habilidades:
- Habilidade de fazer:
executar tarefas
previamente definidas
para realizar os
objectivos estratégicos
do serviço;
- Habilidade de utilizar
conceitos: abstrair
ideias e conceitos e de
utilizar estes como
ferramentas na conceção,
planeamento e
organização do trabalho
dos outros,
abastecendo-os em
permanência com
motivação e comunicação,
tendo mais peso no
planeamento técnico e
operacional;
- Habilidade de
influenciar: alterar o
comportamento dos outros
que, sendo em geral
gestores de nível
superior, têm maior peso
na definição dos
objectivos estratégicos
e do consequente
planeamento [citando Mc
NAMARA: têm a arte de
organizar o talento].
Assim, para terem
sucesso, os Serviços
Públicos têm de assumir
que o indivíduo é a base
dos mesmos [centro
vital] e como tal têm de
desenvolver um esforço
permanente no sentido de
reforçar o laço
psicológico que prende o
indivíduo ao serviço e,
deste modo, alcançar a
sua integração no mesmo
visando partilhar a
respectiva cultura
institucional, ou seja,
participar em plenitude
na realização do
respectivo objecto
social.
O acolhimento do
indivíduo nos Serviços
Públicos reveste
importância capital uma
vez que, com elevada
probabilidade, irá
influenciar o seu
comportamento durante a
sua permanência nos
mesmos, podendo um mau
acolhimento desencorajar
uma boa vontade e até
originar um sentimento
de hostilidade [quando
não se compreende a
importância de um
problema, torna-se
impossível resolvê-lo,
ou sequer participar na
sua resolução].
Uma atenção particular
deve ser dada ao
acolhimento dos jovens
que acabam de deixar a
escola e que ocupam pela
primeira vez um posto de
trabalho, visto que o
trabalho, tal como o vão
encontrar, só muito
raramente corresponde à
ideia que dele faziam
enquanto estudantes.
Os Serviços Públicos que
assim procedem estão em
melhores condições para
pelo menos minorar a
tendência de valorização
sectária das pessoas e
dos grupos, obtendo uma
melhor harmonização
entre os objectivos
organizacionais e os
objectivos pessoais, o
que contribui para
melhorar a realização do
potencial recíproco de
desenvolvimento,
assegurando a realização
individual sem
comprometer a eficiência
do serviço.
Assim, e porque cada vez
mais estou interessado
por tudo aquilo que
possa ter uma influência
significativa sobre o
comportamento [admito
que possa ser já uma
idiossincrasia pessoal],
escrevo este artigo em
que o mais difícil é ser
capaz de seleccionar o
essencial, já que o
objectivo não consente
grandes pormenorizações.
Os atributos essenciais
que permitem a definição
dos Serviços Públicos
enquanto entidades
sociais nos quais as
pessoas participam e em
relação às quais reagem:
compostas por Pessoas e
Grupos de Pessoas para
Atingir um Objectivo
Comum através de uma
Divisão do Trabalho
Continuadamente Através
do Tempo.
Os Serviços Públicos de
Sucesso confrontam
regularmente o
cumprimento da sua
Missão através da
Análise do Presente: o
que é o Serviço? Análise
do Futuro: o que será?
Análise de Relevância; o
que deveria ser?
A Modelagem
Organizacional é uma
medida (formal e
explícita) tomada pela
direcção de topo, para
indicar aos membros do
serviço o que espera
deles e inclui os
seguintes elementos:
Estrutura
Organizacional:
definição das tarefas
individuais e
inter-relacionamentos,
como descritos em
organogramas e
descrições de cargos e
funções que, na sua
essência, é uma
tentativa por parte da
direcção de topo de
desenhar um mapa de quem
ela quer que faça o quê;
Planeamento, Mensuração
e Esquemas de Avaliação:
procedimentos
estabelecidos pela
Direcção de Topo para
definir os objectivos
organizacionais e os
meios para alcançá-los,
bem como os métodos
usados para medir o seu
progresso e o ″feed-back″
do seu desempenho;
Recompensas:
retribuições explícitas
dadas pela Direcção de
Topo em troca do
trabalho individual, que
incluem dinheiro,
oportunidades de
carreira e outras, cuja
aplicação deve ressaltar
não só da dimensão de
tais recompensas mas
também como elas se
relacionam com os
resultados alcançados
por cada um Critérios de
Selecção: parâmetros
usados pela Direcção de
Topo para seleccionar os
trabalhadores incumbidos
de várias posições que
obviamente afectam as
personalidades,
experiência e
habilidades dos membros
do serviço.
Formação: programas
educacionais formalmente
estabelecidos pela
Direcção de Topo, dentro
e fora do emprego, que
não só fornecem
conhecimentos e
habilidades, mas também
oferecem à Direcção de
Topo outros meios de
indicar como ela espera
que os membros se
comportem dentro do
serviço
Um objectivo para ser
bem definido deve:
focalizar metas ou
resultados
identificáveis; ser
mensurável, tangível e
verificável; ser
explicável e
comunicável; dimensionar
o tempo e especificar o
custo; significar um
desafio, mas realista e
atingível.
Alguns erros a evitar:
Não definir claramente
os objectivos que são
comuns a todo o serviço;
Não fixar datas nem
indicar certos
objectivos intermédios
que possam ajudar os
colaboradores a atingir
os objectivos últimos;
Não ter em conta os
resultados e as
experiências anteriores;
Não estabelecer
directivas concretas de
actuação; Atribuir
demasiada importância
aos métodos de trabalho
sem estabelecer e
identificar claramente
os sectores individuais
de responsabilidade, no
estilo de "tudo é de
todos";
Manifestar indiferença
perante os progressos e
os sucessos dos
colaboradores na
obtenção dos objectivos;
Nunca mostrar
disponibilidade para
ajudar os colaboradores;
Ter dificuldade em
abandonar os objectivos
previstos que se
apresentam
irrealizáveis; Recusar
as ideias vindas do
exterior, nem motivar os
colaboradores a
procurarem novas ideias
e novos caminhos; Deixar
transparecer que é mais
importante agradar à
hierarquia do que
atingir os objectivos
previstos; Tornar-se
totalmente indiferente
perante a realização ou
não dos objectivos
propostos.
Como controlar e avaliar
o desempenho do pessoal:
Manter-se alerta sobre o
cumprimento dos
objectivos básicos; Dar
especial atenção só aos
principais problemas;
Realizar regularmente
uma reunião com o "pessoal-chave"
para avaliar e corrigir
o desempenho dos
subordinados; Usar um
método de controlo que
dependa o mínimo de si.
Como coordenar:
Encorajar o pessoal a
cooperar com outros
funcionários e unidades
do serviço; Encorajar o
pessoal para trabalhar
com especialistas
qualificados; Assegurar
que os subordinados
saberão o que fazer
perante mudanças;
Considerar o pessoal
pelos resultados
alcançados, a curto como
a longo prazo.
Como delegar: Assumir
responsabilidade sobre
os objectivos e os
resultados do seu
próprio trabalho, ″não
delegando para cima″;
Responsabilizar os
subordinados mais pelos
fins do que pelos meios;
Confiar na capacidade do
pessoal, permitindo que
desenvolva alguns
métodos próprios de
trabalho; Evitar a
rotina, lembrando-se que
tudo o que for rotineiro
deve estar
hierarquicamente abaixo
do seu nível; Promover
regularmente reuniões de
avaliação da
funcionalidade e
operacionalidade com
subordinados de mais de
um nível hierárquico;
Instituir um sistema de
tomada de decisões que
possibilite que a sua
presença possa não ser
indispensável para a
solução de determinados
problemas.
Ter sempre presente:
Corrigir vale muito, mas
estimular vale mais,
pois o estímulo depois
da censura é como a água
depois da sede
Os elogios são como os
perfumes: são para
aspirar, não são para
beber;
Tomar uma decisão é como
fazer a cama. É muito
mais fácil tendo uma
pessoa do outro lado;
Não sei qual é a chave
exacta do sucesso. Mas a
do fracasso é querer
agradar a toda gente;
A habilidade em gestão é
decidir bem e
rapidamente, e depois
arranjar alguém que faça
o trabalho, e bem feito;
Os gestores são lideres
mais pelo exemplo que
pelo poder e autoridade;
Às vezes os gestores têm
de recuar, como à beira
de um precipício só têm
uma maneira de andar:
para trás;
Um exército de veados
conduzido por um leão é
mais temível que um
exército de leões
conduzido por um veado;
Algumas características
das grandes empresas de
sucesso
(Flexibilidade+Simplificação):
- Consideram que uma
empresa é uma entidade
social muito complexa
para ser gerida só
através de regulamentos;
- Consideram que os
dirigentes do estilo
punitivo levam a que os
subordinados se
preocupem mais com o
comportamento do "chefe"
do que com o seu próprio
comportamento;
- Consideram que os
dirigentes devem
orientar-se para a
acção, encorajando no
pessoal a ideia de
"tocar pr'à frente";
- Consideram que as
empresas com grande
complexidade formal
apenas estimulam o
conformismo e a inércia;
- Estimulam pequenos
grupos de trabalho
temporário (fora do
organograma formal) para
formulação de respostas
rápidas para os
problemas cruciais da
empresa.
Por: Adrião Simões
Ferreira da Cunha
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