Crise de medicamentos
obriga médicos
são-tomenses
a ações fora das normas
- Ordem
23.05.2024 - A Ordem dos
Médicos são-tomense
denunciou hoje uma
“crise sem precedente de
medicamentos” que põe em
risco a vida dos
cidadãos e tem forçado
os profissionais a
realizar ações médicas
fora das regras, “na
tentativa desesperada de
salvar vidas”.
Num comunicado conjunto
com o Sindicato de
Médicos, os
profissionais de saúde
sublinharam que veem
acompanhando “de forma
apreensiva a alarmante
situação dos
medicamentos nas
unidades de saúde do
país”, acrescentando que
há mais de dois meses
que se verifica “uma
crise sem precedente de
medicamentos e de meios
de diagnóstico
laboratorial que põe em
risco a vida de qualquer
cidadão que de repente
se encontra numa
situação de necessidade
destes medicamentos”.
Segundo o bastonário da
Ordem dos Médicos, Celso
Matos, que leu o
comunicado, ladeado pela
presidente do Sindicato
dos Médicos, Benvinda
Vera Cruz, estas
organizações mantiveram
encontros separados com
a direção do hospital,
com delegados distritais
e com a ministra da
Saúde, Ângela Costa.
Celso Matos afirmou que
todas essas entidades
assumiram a “situação de
carência de
medicamentos”, sem dar a
garantia da resolução do
problema, “alegando que
os constrangimentos têm
a ver com as
dificuldades financeiras
do país”. O bastonário
acrescentou que as
entidade deram conta da
previsão de chegada de
medicamentos para o dia
10 de junho, numa altura
em que os médicos já têm
estado a praticar ações
fora das normas.
“Até lá, é importante
que tanto a população
como as entidades
judiciais deste país
saibam em que condições
estamos a trabalhar para
evitar situações de
agressão física ou de
injusta imputação de
responsabilidade para
com os médicos e outros
profissionais de saúde
que neste preciso
momento estão
forçosamente, por
conjuntura de
circunstâncias, a
realizar ações médicas
fora do que são as
normas tanto do ato
médico, como do
conhecimento científico,
simplesmente na
tentativa desesperada de
salvar vidas”, declarou
Celso Matos.
O bastonário da Ordem
dos Médicos referiu que
a situação de falta de
medicamentos vem sendo
uma rotina no país, mas
“a atual situação é
gravíssima”, apontando a
falta de “soros
apropriados para o
tratamento da maioria
das situações clínicas,
nem para a realização de
cirurgias, nem para a
cura das feridas”. “Os
antibióticos mais
eficazes estão escassos,
obrigando a grau de
racionalização
inaceitável e perigo, e
não garante a cura dos
doentes […]. Muitos dos
profissionais, perante
essas dificuldades
recorrentes,
encontram-se frustrados,
indignados e esgotados.
Veem, em muitas
situações, a vida e
saúde dos doentes, a sua
conduta profissional,
postas em causa”,
acrescentou. Ainda
assim, Celso Matos disse
que os profissionais de
saúde mantêm “a
esperança de que, o mais
breve possível, se
consiga dar resposta a
essas necessidades” e
garantem o “maior
esforço” para dar
resposta a cada cidadão
que deles precisam. O
comunicado dos médicos
surge dois dias após um
cidadão ter denunciado
nas redes sociais que o
seu tio teria falecido
por falta de soro no
hospital central Ayres
de Menezes. Lusa