PM são-tomense rejeita
aumento de eletricidade
e combustível proposto
pelo FMI
11.06.2024 -
O primeiro-ministro
são-tomense disse que
não aceita a proposta do
Fundo Monetário
Internacional para
aumentar o preço do
combustível e
eletricidade em troca do
acordo de crédito
alargado para não piorar
a situação social no
arquipélago.
"As pistas de solução
pelo FMI [Fundo
Monetário Internacional]
para as contas baterem
certo, por exemplo,
[propõem] aumentarmos o
combustível de 30%, mais
aumento de eletricidade
de 20%, mais termos um
parceiro que pode nos
financiar a taxas
concessionais uma grande
parte da importação de
combustível [...] isso é
uma pista, mas não nos
traz a solução", revelou
Patrice Trovoada que
esteve reunido na
quarta-feira com a
missão técnica do Fundo
que esteve no
arquipélago.
O primeiro-ministro
sublinhou que, mesmo
adotando estas medidas,
o país continuaria 'com
um gap', falta de
garantias financeiras
para a importação de
combustível, o ponto
principal que disse
estar a adiar o acordo
com o FMI."Irão se
calhar, ainda mais
piorar as condições
sociais no país sem
resolver o problema,
então eu disse que não é
por esse caminho que o
Governo irá", apontou.
No entanto, Patrice
Trovoada admitiu estar a
trabalhar na
possibilidade de
gradualmente ajustar a
tarifa da eletricidade,
mas "depois de sanar
algumas situações a
nível do setor da
energia", o que sublinha
que "não é algo que
possa ser de resolução
rápida".
"Aumentar 30% do preço
do combustível sem que
todos os outros aspetos
sejam, de facto,
atendidos e resolvidos
só irá piorar a situação
dos transportes, da
inflação, e não
resolverá também o
problema das divisas",
referiu o chefe do
Governo são-tomense.
Patrice Trovoada
defendeu a aposta "com
maior caráter de
urgência" na transição
energética, "não só com
o objetivo ambiental,
mas sobretudo com o
objetivo financeiro de
reduzir o peso do
gasóleo nas
importações".
"Nós estamos com um
objetivo de daqui a 12
meses termos pelo menos
40% da produção de
eletricidade em São Tomé
e Príncipe de origem
solar para pouparmos, de
facto, 40% do gasóleo",
sublinhou.
Além disso, apontou
outras medidas,
nomeadamente "a
introdução mais rápida
possível dos contadores
pré-pagos" para ajudar a
resolver o problema da
cobrança a nível da
Empresa de Água e
Eletricidade (Emae) a
qual o Governo vai
mandar auditar o sistema
informático e ainda "
estancar o roubo do
gasóleo" na instituição.
O primeiro-ministro
admitiu que o Governo
está perante uma
"equação extremamente
complicada"."Se nós não
temos um acordo com o
FMI os parceiros não
podem ajudar [...] Se
nós não temos programa e
acordo com FMI, aqueles
parceiros que emprestam
o dinheiro mais barato
concecionalmente têm
dificuldade em
engajar-se connosco, mas
para ter um acordo com
FMI, temos que ir buscar
dinheiro à taxa
concessional o que
também é difícil um
parceiro engajar-se
nisso", explicou.
Neste sentido admitiu
que "a situação está
difícil," e que vai
exigir "mais esforço",
mas não o impossível aos
são-tomenses,
considerando que "existe
margem" para
melhorar."Como eu digo,
o futuro não é aquilo
que os outros vão fazer
para nós, mas aquilo que
nós decidirmos fazer e
vamos ter que ser muito
mais responsáveis com o
futuro de São Tomé
Príncipe", defendeu
Patrice Trovoada.
Na sexta-feira, o
Governo são-tomense
anunciou a redução das
despesas de
funcionamento em 50% e
suspensão das missões de
serviço ao exterior
financiadas pelo Estado
face a "difícil situação
financeira", ao que o
primeiro-ministro disse
hoje não tratar-se de
imposições do Fundo
Monetário Internacional.
Na quinta-feira, o FMI
sublinhou a importância
de o Governo são-tomense
conseguir obter
"compromissos de
financiamento dos seus
parceiros externos" que
"assumam a forma de
subvenções ou de
empréstimos em condições
muito favoráveis",
referindo ser "uma
condição prévia para um
programa que possa ser
apoiado pelo FMI".
JYAF (APL) // MSF