Autoridades preocupadas
com aumento da
criminalidade
violenta em São Tomé e
Príncipe
09.05.2024 -
O Governo e partidos de
São Tomé e Príncipe
expressaram à Lusa
preocupação com o
crescimento da
criminalidade violenta,
com o primeiro-ministro
a garantir que estão a
ser auscultados
diferentes responsáveis
para a adoção de
"medidas urgentes".
"A criminalidade está a
aumentar de forma
assustadora e com
contornos muito
violentos e isso
preocupa-nos bastante",
disse o líder
parlamentar do Movimento
de Libertação de São
Tomé e Príncipe/Partido
Social Democrata (MLSTP/PSD),
Danilo Santos, que
introduziu no parlamento
um pedido para serem
ouvidos os responsáveis
das instituições da
Justiça, prevendo em
seguida pedir um debate
sobre o setor.
São Tomé e Príncipe
registou durante todo o
ano de 2023 oito
homicídios, mas só nos
primeiros cinco meses
deste ano contabilizou
sete homicídios,
indicador com o qual a
direção da Polícia
Judiciária afirmou estar
"bastante preocupada",
sublinhando, contudo,
que "cinco dos alegados
autores destes crimes
estão em prisão
preventiva e apenas dois
casos estão ainda sob
investigação".
O secretário-geral da
Ação Democrática
Independente (ADI),
Elísio Teixeira, partido
que detém a maioria
absoluta no parlamento
são-tomense, sublinhou
que também acompanham
"com bastante
preocupação" o aumento
da criminalidade e
alinha-se à iniciativa
parlamentar do MLSTP-PSD.
"Nós, tradicionalmente,
somos um país de gente
pacífica, gente de boa
índole, daí que (...)
nos tem preocupado de
sobremaneira e estamos a
olhar em várias
perspetivas para depois
termos a certeza do que
podemos fazer e ajudar
nesse processo",
afirmou.Já o sociólogo e
analista Olívio Diogo
considerou que "as
pessoas já não são
tolerantes" e "estão
mais violentas" porque
"o índice de frustração
é muito mais elevado em
relação ao ano passado".
Isto porque as
expetativas criadas não
estarão a ser atendidas,
pelo que "passam a
resolver os problemas
com as próprias mãos",
acrescentou.Uma leitura
rejeitada pelo
primeiro-ministro
são-tomense, que pediu
não se politizar a
questão."As pessoas
estão a tornar-se
demasiadamente violentas
e nós estamos a começar
a identificar a natureza
dessa violência e não
tem nada a ver com o
desespero, com o
desemprego, com
situações que existiram.
(...)
O país conheceu períodos
em que a vida era muito
mais complicada do que é
hoje e não assistíamos a
isso (...). Vamos olhar
para isso com
responsabilidade para
que também as soluções
sejam as melhores face à
identificação do
problema", vincou
Patrice Trovoada, à
Lusa.Muitos crimes
registados nos últimos
meses têm sido com
recurso a armas brancas,
nomeadamente a uma faca
ou catana, o que o
sociólogo Olívio Diogo
associa à falta de
controlo na venda,
circulação e uso dessas
armas na praça pública,
mas não só: "Isto
demonstra que a pessoa
está com uma frieza, uma
vontade de tirar a vida,
uma vontade de ver o
sofrimento da outra até
à morte (...).
Quando nós temos uma
sociedade em que a
pessoa comete a
violência com uma arma
branca isto demonstra
que o nível de violência
atingiu o patamar mais
alto", apontou.O
primeiro-ministro disse
que o Governo está "a
progredir na compreensão
do problema" e que a
segunda fase vai passar
pelo "envolvimento de
mais atores, de mais
parceiros", pela
"sensibilização da
sociedade" para se
adotarem "medidas de
urgência", de forma a
por cobro à
situação."Não há dúvidas
que boa parte da
violência tem estado
ligada ao consumo
excessivo também de
bebidas alcoólicas
(...).
Hoje temos visto uma
série de festas que
acontecem sem comunicar
previamente a polícia,
então instala-se alguma
desordem sem que a
autoridade esteja
presente", sublinhou
Patrice
Trovoada.Questionado
sobre o debate de
urgência pretendido pelo
MLSTP-PSD, o
primeiro-ministro
respondeu: "O MLSTP faz
o seu trabalho de
oposição, não tenho nada
contra, não tenho nada a
favor, eu penso que o
debate sério,
responsável,
construtivo, é sempre
saudável para toda a
sociedade".
Por: Lusa