05.06.2023 - O
primeiro-ministro de São
Tomé e Príncipe, Patrice
Trovoada, defendeu a
necessidade de canalizar
os recursos do Estado
para os juízes que estão
no ativo, diminuindo as
regalias dos juízes
reformados.
"Na situação em que nos
encontramos hoje, os
juízes que estão no
ativo, mais novos,
carecem de telefone, de
combustíveis, às vezes
vão em transportes
públicos para trabalhos
fora, e quem não está no
ativo leva carros de
dezenas de milhares de
euros, e os que estão no
ativo passam por
dificuldades
operacionais, como falta
de tinta, de papel, de
comunicações. Portanto,
vamos tentar ser
razoáveis em função da
situação do nosso país",
argumentou o chefe do
Governo.
Em declarações aos
jornalistas antes de
partir para Abidjan,
Washington e Brasília,
Patrice Trovoada apoiou
a lei aprovada na
quinta-feira na
Assembleia Nacional de
São Tomé e Príncipe, que
impõe a jubilação
automática de juízes com
62 anos e determina a
cessação automática de
algumas regalias após a
jubilação. "Os juízes
chegam à idade da
reforma, e têm direito à
reforma e à jubilação,
que é um pouco mais que
a reforma, e a intenção
dos deputados é bastante
compreensível.
É dizer que a jubilação
vinha com uma série de
vantagens: salário,
casa, água e luz, carro,
combustível, telefone,
condutor, é muita coisa
para pessoas que
serviram o Estado mas já
não estão no ativo",
argumentou.
As declarações de
Patrice Trovoada surgem
no dia seguinte à
aprovação da lei, muito
debatida na Assembleia
Nacional, e na sequência
das críticas feitas pelo
presidente do Supremo
Tribunal de Justiça e do
Conselho Superior da
Magistratura Judicial,
Silva Gomes Cravid, que
disse que a lei é uma
"intenção maldosa" dos
deputados, que "visa
exclusivamente os
interesses próprios,
interesses de grupos,
perseguindo os juízes
pelas ações".
Para Patrice Trovoada, a
nova lei, que ainda vai
seguir para a
promulgação pelo
Presidente da República
são-tomense, Carlos Vila
Nova, a quem os
deputados da oposição
apelaram que vete o
diploma, dá "dignidade"
aos juízes que saíram do
ativo.
"A decisão mantém o
subsídio de alojamento e
água e luz para além do
salário, o que é uma
decisão justa no
contexto de São Tomé e
Príncipe", disse.
"Esperamos que, assim,
vamos conseguir, com
mais esforços de
poupança, criar
condições para que os
que estão na carreira
terem melhores condições
de trabalho.
Temos muitos processos
em atraso, que nunca
foram tocados, na
Polícia Judiciária, na
Procuradoria, no
tribunal também há
demoras, e o que ouvimos
dos juízes são queixas
permanentes sobre as
condições de trabalho",
argumentou, concluindo
que "as condições são
confortáveis e
razoáveis, basta dizer
que os antigos
Presidentes da República
têm o salário base, um
'plafond' para água e
luz, casa e no que diz
respeito aos carros, o
Estado não tem estado a
dar carros. Temos de
'cair na real'".
A lei foi proposta e
aprovada na quinta-feira
pelos partidos que
apoiam o Governo
são-tomense e determina,
entre outras coisas, que
"cessam automaticamente
com a jubilação ou
aposentação" do
magistrado "os direitos
ao uso profissional e
pessoal de viatura e
combustível, bem como de
motorista e subsídios
para telefone, água e
luz, por serem inerentes
ao exercício efetivo da
função de magistrado".
Lusa