Escassez de gasolina
provoca filas e
especulação
de preços em São Tomé

09.06.2023 -
A maioria das
gasolineiras de São Tomé
está sem gasolina para
venda, registando-se
longas filas e alguma
confusão nos poucos
pontos com o petrolífero
disponível, enquanto o
Governo prevê o
abastecimento do
arquipélago na
sexta-feira.
O
posto de gasolina de
Oquê-Del-Rei, a cerca de
três quilómetros do
centro da capital, São
Tomé, é um dos poucos
pontos de venda com
gasolina disponível, mas
tem registado longas
filas e clima de tensão
entre motoqueiros,
taxistas e
automobilistas.
Pequenos revendedores
informais estão a vender
a gasolina entre 80
dobras (3,25 euros) e
120 dobras (4,87 euros),
muito acima do preço
real de 37 dobras (1.50
euros)."Há pessoas que
estão a exagerar nos
preços, porque se na
bomba se vende
combustível a 37 dobras,
não há razão de eles
venderem a 120 dobras.
Os
taxistas estão a comprar
a esses valores e também
estão a aumentar o preço
do táxi [..] Quem vai
sofrer é o povo, não são
as pessoas que estão a
vender, nem a revender",
comentou um taxista.A
Associação dos
Distribuidores e
Revendedores de
Combustíveis (Adrecol)
diz-se alvo de ameaças e
tentativas de vandalismo
por parte da população,
sob a acusação de
açambarcamento da
gasolina.
"Neste preciso momento
não temos gasolina nas
bombas e somos
confrontados pelos
clientes com ameaças de
vandalismo e outras
ameaças porque nós temos
combustível e estamos a
esconder, porque o
combustível vai aumentar
de preço para depois
revendermos a preço mais
caro", disse o membro da
Adrecol, Hugo Medeiros.
Medeiros referiu que as
únicas bombas que têm
combustível são as que
pertencem à Empresa
Nacional de Combustíveis
e Óleo (Enco), gerida
pela Sonangol de Angola,
que é a principal
responsável pela
importação de
combustível para São
Tomé e Príncipe."Nós
estamos já desesperados
com a situação [...] até
agora nós não tivemos
nenhuma informação da
Enco", referiu Hugo
Medeiros, adiantando que
muitos associados já
pagaram à Enco pela
gasolina, mas aguardam
pelo produto.
Guilherme Octaviano,
também associado da
Adrecol, criticou o que
considerou de
"tratamento desigual"
por parte da Enco."Temos
tido um tratamento
desigual, desequilibrado
e é neste aspeto que nós
já estamos cansados e
gostaríamos que o
tratamento fosse
equilibrado [...] temos
clientes e gostaríamos
de atendê-los de uma
forma regular", disse
Guilherme Octaviano.
São
Tomé e Príncipe deve
mais de 270 milhões de
dólares (250 milhões de
euros) a Angola pelo
fornecimento de
combustível, o que tem
levado à constantes
reduções da quantidade
de combustível fornecido
ao arquipélago.
A
falta de combustível tem
agudizado os cortes
constantes de
eletricidade e causado o
aumento de preços de
transportes."Com essa
falha de combustível, de
gasolina principalmente
que não há agora, fez-me
enfraquecer
financeiramente [...]
nós dependemos da área
piscatória e maior parte
dos senhores que fazem
pesca precisam de
gasolina [para os
motores], e como não há
gasolina, não há como ir
para a pesca", relatou
um taxista.
"Praticamente eu fiz
apenas duas viagens, mas
quando há gasolina à
vontade eu fazia três
até quatro viagens,
porque as canoas vão
para pesca trazem peixe
e há movimentação das
palaiês [vendedoras de
peixes]", acrescentou.Na
quarta-feira, o Governo
são-tomense informou que
"os derivados
petrolíferos,
nomeadamente o petróleo,
a gasolina e o gasóleo
têm a previsão de
chegada ao país para
sexta-feira",
justificando a escassez
com "mau tempo no porto
de Lomé, Togo" que
"inviabilizou o
carregamento e o
transporte dos referidos
produtos".
"Assim, vem o Governo
advertir que deve ser
evitada, a todo o custo,
a prática de
açambarcamento das
quantidades existentes e
eventuais especulação de
preços", lê-se no
comunicado publicado no
Facebook, assinado pelo
ministro da Presidência
do Conselho de Ministros
e dos Assuntos
Parlamentares, Gareth
Guadalupe.
"A
nossa maior preocupação
é quando o combustível
vier, se vai sofrer mais
aumento. Se vai sofrer
mais aumento, nós
estamos com mãos atadas,
porque se combustível
vai aumentar, produtos
de primeira necessidade
já estão caro, quer
dizer que tudo vai ficar
mais caro.
O que
será de nós?, questionou
um motoqueiro."Em São
Tomé nós não estamos
habituados com esse
aperto desse jeito. É
bom que o Governo possa
minimizar as coisas,
porque nós não estamos
habituados com coisas
com preços alto desse
jeito e estamos um pouco
tristes com essa
situação", acrescentou.
JYAF // JHLusa/Fim