FMI debate programa
de assistência
financeira
a São Tomé e
Príncipe em junho

24.04.2023 -
O
economista do
departamento africano do
Fundo Monetário
Internacional (FMI)
Thibault Lemaire disse
hoje à Lusa que o
programa de assistência
financeira a São Tomé e
Príncipe será discutido
pelo conselho de
administração em junho.
"A nova
facilidade de crédito
alargado deverá ser
apresentada ao conselho
de administração do
Fundo em junho", disse o
economista, reconhecendo
que apesar das
"condições
macroeconómicas
difíceis", há "boas
perspetivas" de
crescimento a médio
prazo para o
arquipélago".
O novo
programa apoiado pelo
FMI, previsto para junho
de 2023, deverá servir
de base a uma
recuperação económica
gradual, projetamos um
crescimento anual de 2%
em 2023, impulsionado
pela recuperação do
turismo para um nível de
80% anterior à pandemia
e por um ajustamento
orçamental concentrado
no início do período",
acrescentou o
economista.
O FMI
prevê que, depois de um
crescimento de 1,9% em
2021, o Produto Interno
Bruto (PIB) tenha
registado uma expansão
de 0,9% no ano passado,
mas deverá acelerar para
2,4% este ano e 3,5% até
2025, "apoiado pelo
investimento em
infraestruturas, por um
maior potencial do
turismo e exportações de
óleo de palma e cacau, à
medida que o acesso a
importações de adubos se
normaliza".Na base do
abrandamento económico
está a pandemia, a
escassez persistente de
energia, as inundações
do final do ano passado
e o aumento acentuado
dos preços dos alimentos
e dos combustíveis a
nível mundial, disse
Thibault Lemaire, o que
levou a uma degradação
das condições
económicas, a que se
juntam os gastos
eleitorais.
"O
desempenho orçamental
deteriorou-se
significativamente em
2022, refletindo
sobretudo um aumento
acentuado das despesas
com as eleições",
vincou, notando também
que "as saídas de
capital estrangeiro e a
estagnação do
financiamento externo
levaram a uma
deterioração da posição
externa" de São Tomé e
Príncipe.O FMI anunciou
no final de março que
aprovou um programa de
assistência técnica para
o arquipélago, no valor
de 20 milhões de
dólares, mais de 18
milhões de euros, para
sustentar o "ambicioso
programa de reformas das
autoridades" até finais
de 2026.
"O
ambicioso programa de
reformas das autoridades
visa restabelecer a
estabilidade
macroeconómica, ao mesmo
tempo que protege a
população vulnerável,
preserva a estabilidade
financeira e lança as
bases para um
crescimento mais rápido
e inclusivo", lê-se no
comunicado divulgado
então em Washington.
O acordo
surge na sequência do
"descarrilamento total"
das metas do anterior
programa no verão
passado, que levou à
suspensão do programa
então em curso e
motivado novas
negociações, já
lideradas pelo novo
primeiro-ministro,
Patrice Trovoada.
Quanto à
inflação, que subiu para
níveis inéditos no
seguimento do aumento
dos preços dos
combustíveis e dos
alimentos, nomeadamente
os cereais, face à
invasão da Ucrânia pela
Rússia, o FMI nota uma
desaceleração para 23,5%
em fevereiro, face ao
período homólogo, depois
de em janeiro este valor
ter sido de 25,6%."Este
aumento acentuado foi
impulsionado pelos
preços mundiais dos
alimentos, combustíveis
e fertilizantes, bem
como pelo financiamento
monetário do défice
orçamental", considerou
Thibault Lemaire.