Governos de Cabo Verde
e Portugal vão partilhar
experiência sobre
diáspora

14.04.2026 -O
primeiro-ministro de
Cabo Verde, Ulisses
Correia e Silva,
anunciou hoje a criação
de um grupo de trabalho
conjunto com o Governo
português para coordenar
a partilha da
experiência dos dois
países no âmbito das
respetivas diásporas.
Decidimos a criação de
um grupo de trabalho
conjunto de articulação,
de coordenação e de
partilha de experiências
que ambos os países têm
no âmbito da sua
diáspora, considerado um
ativo estratégico tanto
para Cabo Verde como
para Portugal”, anunciou
Ulisses Correia e Silva,
depois de receber, na
Praia, o secretário de
Estado das Comunidades
Portuguesas, Paulo
Cafôfo.“
Cabo
Verde e Portugal têm
reforçado os consensos
necessários em matéria
da mobilidade plena e
para promover maior
circulação aos nossos
cidadãos no nosso espaço
comum da CPLP
[Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa].
Estamos também a
desenvolver um trabalho
minucioso visando a
implementação do projeto
de mapeamento de
cabo-verdianos e
descendentes de
cabo-verdianos em
Portugal”, acrescentou.
De
acordo com informação do
ministro das Comunidades
de Cabo Verde, Jorge
Santos, residem na
Europa quase meio milhão
de cabo-verdianos, com
dupla nacionalidade,
descendentes e de várias
gerações, dos quais 360
mil em Portugal.
O
secretario de Estado das
Comunidades Portuguesas,
senhor Paulo Cafôfo,
manifestou-me hoje o
engajamento e atenção do
Governo português nestas
questões”, afirmou ainda
Ulisses Correia e
Silva.O governante
português iniciou na
quarta-feira, na ilha de
Santiago, com a
inauguração das novas
instalações do Centro
Comum de Vistos da Praia
— gerido por Portugal e
que emite vistos de
curta duração para o
espaço Schengen em
representação de 19
países europeus -, uma
visita a Cabo Verde,
partindo na sexta-feira
para o Mindelo, ilha de
São Vicente.
Cabo
Verde vai mapear e
contar até 2026 a
comunidade emigrada para
potenciar a atração de
investimento e
competências para o
arquipélago, conforme
resolução aprovada pelo
Governo no final de
março.O projeto de
proposta de resolução
que aprova o início do
processo de mapeamento
da diáspora
cabo-verdiana, para fins
de produção de
estatísticas oficiais,
foi aprovado em 28 de
março em reunião do
Conselho de Ministros e
apresentado no dia
seguinte pelo Governo.
“Cabo
Verde é um país de forte
emigração e conhecendo
esta realidade o Governo
assumiu no seu programa
dar uma centralidade
especial à diáspora. E
essa centralidade é,
acima de tudo, do ponto
de vista económico, seja
para a atração de
investimento, seja para
a atração das
competências e
qualificação da nossa
diáspora”, anunciou, em
conferência de imprensa,
na Praia, a ministra da
Presidência do Conselho
de Ministros de Cabo
Verde, Janine Lélis.
Este
mapeamento vai ser
conduzido pelo Instituto
Nacional de Estatística
de Cabo Verde com o
apoio das autoridades
estatísticas dos países
onde a comunidade
cabo-verdiana reside.A
população de Cabo Verde
ronda os 500 mil
habitantes, mas o
Governo estimou
recentemente que mais de
um milhão e meio de
cabo-verdianos vive na
Europa e Estados Unidos
da América (EUA),
estando o sistema
financeiro do
arquipélago dependente
das remessas desses
emigrantes.
“Nós
temos que considerar
aquilo que é a
contribuição que a
diáspora representa para
o próprio Produto
Interno Bruto, ou seja,
a nossa atividade
económica nacional. Nós
também temos que
considerar aquilo que é
o valor das remessas,
que representam um
grande valor para a
nossa economia. E é
neste contexto de
valorização que se
pensou fazer esse
mapeamento, que vai
acontecer até o final do
ano de 2026”, disse
ainda Janine Lélis.
O
levantamento vai levar
em conta todo o universo
da emigração do
arquipélago e vai
arrancar, respetivamente,
pelos países com as
maiores comunidades
cabo-verdianas, casos
dos EUA, França,
Guiné-Bissau,
Luxemburgo, Portugal e
São Tomé e Príncipe.
“O
que nós queremos, na
verdade, é conhecer
melhor, conhecer esses
perfis, conhecer com
detalhe, para que as
medidas de política
também possam ser
promovidas de acordo com
esse perfil, para, de
facto, agregar valor
ainda maior àquilo que é
a grande contribuição
que a nossa diáspora faz
no processo de
desenvolvimento”,
concluiu a ministra.
PVJ // VM