Cerca de 60%
da população são-tomense
defeca ao ar livre
27.04.208 - Segundo
estudo, pelo menos 60% da
população são-tomense defeca
a céu aberto, o que coloca o
país "em situação bastante
delicada, com um dos piores
indicadores da África
Central e mesmo a nível
mundial", indica um estudo.
"É um documento de política
abrangente que dá
orientações gerais, a partir
das quais vamos delinear uma
estratégia e um plano de
ação que orienta o país
sobre o que tem que fazer,
como fazer, para que
possamos resolver os
problemas que se colocam a
nível ambiental", disse a
jornalistas Vítor Bonfim, da
Direção-Geral do Ambiente.
O documento foi elaborado
por um consultor
internacional com o
patrocínio da Fundo das
Nações Unidas para Infância
(Unicef) e submetido hoje
para validação num seminário
organizado pela Direção
Geral do Ambiente.
Esse inquérito define a
questão do saneamento como
"um problema grave" para São
Tomé e Príncipe, que não tem
"sistemas organizados de
evacuação de resíduos
sólidos, nem tão pouco de
águas pluviais ou
residuais".
"Um conjunto de situações
que pode colocar a saúde
pública em perigo", sublinha
Vítor Bonfim.
O documento, que o governo
pretende que venha a ser a
base de uma Política
Nacional de Saneamento, foi
elaborado para um período de
cinco anos e defende a
"coordenação
interinstitucional para
definir as ações a seguir".
Ainoa Jaureguebetia,
representante do Unicef em
São Tomé e Príncipe refere
que há "progressos muito
tímidos na área do
saneamento, sendo por isso
que São Tomé e Príncipe
"continua a apresentar
indicadores muito críticos".
A Unicef diz que as taxas de
defecação a céu aberto no
arquipélago "estão entre as
mais altas da região da
África subsaariana",
sublinhando que 66% das
pessoas que fazem as suas
necessidades fisiológicas
residem em áreas rurais e
34% nas áreas urbanas.
"As águas residuais do país
não são tratadas e apenas
40% das habitações possuem
um sítio específico para
lavagem das mãos com sabão",
sublinha a representante
deste organismo das Nações
Unidas.
Ainoa Jaureguebetia critica
ainda a falta de "prática
sistemática de ações
organizadas para a remoção
dos resíduos sólidos",
referindo que "o lixo é
continuamente queimado a céu
aberto com a emissão
permanente de fumadas
tóxicas".
"Não há sistemas adequados
de esgoto e tem sido comum
urinar nas vias públicas e
defecar nas praias, estando
assim criados vários
pressupostos para a eclosão
de epidemias de origem
hídrica onde a cólera já
anda a espreita e a fazer
vitimas em países vizinhos",
lamenta Unicef.
Esta agência da ONU iniciou
em 1999 um programa de
construção de latrinas
familiares em colaboração
com vários parceiros,
sobretudo organizações
não-governamentais, no
âmbito do qual foram
construídas mais de 10 mil
latrinas em todos os
distritos e na
Região Autónoma do Príncipe.
Fontes de diferentes
autarquias disseram à Lusa
que "a prática de defecar a
céu aberto, particularmente
nas praias, verifica-se com
maior incidência" nas zonas
costeiras do sul e norte do
país, "onde as populações
residentes têm esse hábito".
As autoridades locais
defendem, por isso, "um
programa rigoroso de mudança
de comportamento
relacionados com o ambiente"
sobretudo nas comunidades.
A Unicef defende,
entretanto, que o governo
são-tomense "deve definir a
visão e ambição" na
materialização a médio e
longo prazos dos problemas
básicos de saneamento, para
a melhoria das condições de
vida das populações,
principalmente aquelas mais
vulneráveis.
MYB/EL-Lusa/fim
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