Índice global revela que
83% da população mundial
vive em países com altos
níveis de crime

28.09.2023 -
Cerca de 83% da
população mundial vive
em países com altos
níveis de criminalidade
e com baixa resiliência
ao crime organizado,
revela um relatório
divulgado hoje pela
Iniciativa Global contra
a Criminalidade
Transnacional Organizada
(GI-TOC, na sigla em
inglês). Cabo Verde,
junto com as Ilhas
Maurícias e o Ruanda,
estão entre os países
com baixa criminalidade
e elevada resiliência ao
crime organizado em
África.
O relatório “The Global
Organized Crime Index”
(na designação original)
de 2023 mostrou que,
“embora a resiliência
global tenha permanecido
em grande parte nos
níveis de 2020, a
criminalidade continuou
a crescer a um ritmo
surpreendente em
resposta à
intensificação política,
social, económica e
desafios de segurança,
mostrando as
dificuldades envolvidas
na abordagem do
fenómeno”.
No relatório
esclarece-se que o
índice é medido numa
escala de 1 a 10, indo
dos níveis mais baixos
de criminalidade aos
níveis mais elevados de
actividade criminosa
organizada. No caso do
índice de resiliência
uma pontuação de 1
indicaria baixos níveis
de resiliência, enquanto
uma pontuação de 10
indica alta resiliência.
Portugal aparece na
posição 104.ª de um
total de 193 países que
tiveram os índices de
criminalidade
analisados. O país
obteve pontuação de
4.88, dado que o colocou
na 21.ª posição entre os
44 países europeus.
O Brasil aparece com a
maior pontuação no
índice de criminalidade
entre os países
lusófonos, com 6.77, o
que coloca o país na
22.ª posição entre 193
nações com maior índice
de criminalidade do
mundo.No que diz
respeito a resiliência à
criminalidade, o Brasil
somou 4.92 pontos,
ocupando a 94.ª
colocação entre 193
países. Cabo Verde,
junto com as Ilhas
Maurícias e o Ruanda,
estão entre os países
com baixa criminalidade
e elevada resiliência ao
crime organizado em
África.
Segundo o relatório,
esse país lusófono tem
pontuação de
criminalidade de 4.28, o
que o colocou na 142.ª
posição no total de 193
países analisados. A
Guiné Equatorial tem
pontuação de 4,38 e está
na 135.ª posição,
Timor-Leste teve
pontuação de 4,08 e
ficou na 150.ª posição.
São Tomé e Príncipe tem
pontuação 1,70 e está na
192.ª posição.
Já Angola somou 5.58
pontos, ocupando a 70.ª
posição do ranking.
Moçambique somou
pontuação de 6.20 e está
na 42.ª posição. Não há
dados sobre a
Guiné-Bissau. No que se
refere a resiliência à
criminalidade, Cabo
Verde somou 6.58 pontos,
Timor-Leste 3.83 pontos,
Guiné Equatorial 2.21
pontos, São Tomé e
Príncipe 4,92, Angola
4.50, Moçambique 3.29.
Não há dados sobre a
Guiné-Bissau.
No geral, o continente
africano continuou a
registar elevados níveis
de criminalidade no
período de dois anos
desde 2021 quando a
primeira edição do
relatório foi divulgada,
e permanece como o
segundo continente com
maior pontuação no
mundo, atrás da Ásia. A
pontuação, tal como em
2021, parece ser
impulsionada
principalmente por
actores criminosos, que,
com uma pontuação de
5.45, aumentam a média
da criminalidade em
África. Os mercados
criminosos tiveram uma
pontuação inferior a
5.05.
O relatório também
destaca a presença do
Grupo Wagner, uma
empresa militar privada
russa, que estabeleceu
operações em vários
países africanos,
incluindo a República
Centro-Africana, Mali,
Sudão, Líbia, Moçambique
e Madagáscar.
Segundo o relatório, o
grupo fornece serviços
militares, incluindo
assistência paramilitar
directa e programas de
formação, a governos
autocráticos
enfraquecidos que
necessitam de apoio na
repressão de
insurgências e está
ligado a uma rede de
entidades privadas que
operam crimes em
diversos sectores,
incluindo madeira e
mineração.
“Estes negócios,
combinados com a
corrupção generalizada
nas partes de África
onde opera, supostamente
permitem à Wagner lucrar
com economias ilícitas,
especialmente flora e
crimes contra recursos
não renováveis,
juntamente com as suas
actividades legais.
Algumas entidades
económicas ligadas ao
Grupo Wagner são
acusadas de exploração
ilegal de fontes
minerais e contrabando”,
conclui o relatório.