Mais de 80% das vítimas 
														de violência doméstica
														
														
														
														em São Tomé e Príncipe 
														são mulheres
														
														
														
														20.09.2023 -
														As 
														mulheres são-tomenses 
														representam mais de 80% 
														dos casos de violência 
														doméstica registados 
														este ano pelo Centro de 
														Aconselhamento Contra a 
														Violência Doméstica (CACVD), 
														que reclama recursos 
														humanos e financeiros 
														para o acompanhamento 
														das vítimas.
														
														Até ao 
														fim do primeiro 
														semestre, só o CACVD 
														registou 173 casos, 
														sendo as vítimas 31 
														homens e 142 mulheres, 
														mas há muito mais casos, 
														disse à Lusa a diretora 
														da instituição, Sónia 
														Afonso, em entrevista a 
														propósito do dia da 
														mulher de São Tomé e 
														Príncipe, que esta 
														terça-feira se assinala.
														A 
														diretora do Centro de 
														Aconselhamento Contra a 
														Violência Doméstica 
														referiu que os números 
														oscilam, mas admite uma 
														média de 15 casos por 
														mês em cada distrito."É 
														muito e nem todos vão 
														para o Ministério 
														Público", sublinhou a 
														responsável.
														
														Segundo Sónia Afonso, 
														muitas vítimas procuram 
														aconselhamento, mas 
														dispensam o procedimento 
														criminal, acabando 
														muitas vezes por voltar 
														a ser vítimas do mesmo 
														agressor."Faz falta um 
														psicólogo naqueles 
														gabinetes [distritais] 
														porque só eles conseguem 
														também ajudar a perceber 
														se vale a pena ou não só 
														o conselho ou se [é 
														necessário] pôr um 
														'stop' e remeter ao 
														Ministério Público", 
														referiu Sónia Afonso.
														A 
														diretora do CACVD 
														referiu que o próprio 
														centro não tem 
														atualmente nem 
														psicólogos nem 
														sociólogos para o 
														aconselhamento e 
														acompanhamento nas 
														vítimas.
														
														Embora com falta de 
														recursos humanos e 
														materiais, a instituição 
														tem realizado ações de 
														sensibilização no 
														terreno, que começaram 
														na semana passada no 
														distrito de Lembá, no 
														norte de São Tomé, 
														aquele que regista maior 
														número de casos."É um 
														distrito que normalmente 
														tem um índice elevado de 
														violência baseada no 
														género, tanto ao nível 
														psicológico como físico, 
														então, estamos a 
														procurar estratégias, a 
														tentar ver o que fazer 
														com esta situação", 
														disse Sónia Afonso.
														A 
														responsável considera 
														que o elevado índice de 
														violência em Lembá, não 
														se deve à falta de 
														conhecimento, mas, 
														sobretudo à influência 
														do consumo de álcool e 
														ao desemprego, como 
														presenciou durante a 
														sensibilização numa das 
														comunidades do 
														distrito."Aquela 
														comunidade é muito 
														fechada, não tem 
														emprego, as mulheres não 
														trabalham, dependem do 
														homem que fazem pequenos 
														negócios, então ficam 
														muito dependentes do 
														marido [...] quando 
														começam a beber é só 
														conflito, quase que 
														diariamente", contou.
														
														Recentemente as 
														autoridades alteraram a 
														lei penal e a Violência 
														Doméstica passou a ser 
														um crime público o que 
														fez aumentar as 
														denúncias anónimas. No 
														entanto, a diretora do 
														CACVD admitiu que ainda 
														há alguma demora nas 
														respostas por parte das 
														autoridades 
														principalmente na 
														tramitação processual no 
														Ministério Público.
														Lusa