Contacto -: +239  9936802 9952092 transparencia.st@hotmail.com  -

 

Corte abusivo de árvores e as Mudanças Climáticas

São Tomé e Príncipe conhece perca de

potencial florestal - afirma director das florestas

 

08.04.2019 - A desflorestação em S.Tomé e Príncipe dá visíveis sinais de alarme, com as chuvas a diminuírem, o calor a aumentar e a seca a afectar grande parte do território são-tomense, principalmente a ilha de São Tomé. Os prejuízos já são incalculáveis para a agricultura e o meio ambiente. Todo o país encontra-se com problemas da perca do potencial florestal madeireiro, tal como reconhecem as autoridades nacionais, afirma Director das Florestas sobre causas e Consequências das Mudanças Climáticas.

A propósito fomos ouvir o Director de Floresta, Anahory Dias. Antes de tudo fez questão de lembrar que foi através da Lei nº 5/2001 que o governo de então, criou esta direcção porque já naquela altura era necessário congregar esforços “para uma administração dos recursos florestais em benefício do homem e sem prejuízos para a natureza”.

Depois de reconhecer a importância da preservação das florestas são-tomenses por causa da manutenção do clima e da temperatura para o mundo de uma forma global, realçou o papel exercido pela floresta tropical são-tomense na cadeia de filtro da poluição do mundo”. Acrescentou que a preservação da nossa floresta “contribui para a preservação da água que tende a diminuir com o processo de aquecimento global”.

Director Anahory Dias diz que apesar de todos “reconhecerem as potencialidades”e“a diversidade biológica das nossas florestas”, “tempos grandes problemas de controlo” das mesmas. Lembro-vos da sua “importância reconhecida internacionalmente” e deu como exemplo desta diversidade, osprodutos “não madeireiros”referindo-se nomeadamente “os búzios, a malagueta tuatuá, o óssame, o pau-pimenta, o vinho da palma, a carne de caça, e muitos outros”, dos quais“muitas famílias são-tomenses buscam o seu sustento”, explicou na ocasião.

 

“A floresta não é só madeira”, pontuou. É um ecossistema, que “integra desde a água, as plantas, os amimais e os microrganismos que a compõem”, por isso fez questão de recomendar que “temos que a preservar”porque “é dela que depende a vida”no nosso planeta.“Esta a fonte primária da vida na terra”, esclareceu a propósito.

OS RICOS E AS ZONAS DEGRADADAS

Sobre a desflorestação, Director Anahory Dias fez um historial das suas causas e contornos e consequências. Explicou que “tudo começou depois que foram distribuídas as parcelas de terra para os pequenos e médios empresários agrícolas, com início em 1996”. Adiantou que “a partir de 2001 agravou-se a desflorestação”, principalmente “da chamada floresta de sombra” que“também são produtivas”, devido, - nas suas palavras - “a falta de acompanhamento” desde que foram distribuídas as parcelas. Acrescentou que também foram cortadas madeiras para habitações sociais, por falta de alternativa para a sua construção.

 

O director da Floresta afirmou que “todo o país se encontra com a perca de potencial madeireiro”, com isto o país “perdeu muito da outra parte da sua diversidade biológica”, designadamente “as aves, outros animais e microrganismos” e justificou, dizendo que estes seres “dependem um do outro”.

Para Anahory Dias, “em S.Tomé a floresta está bastante degradada”, enquanto“no Príncipe tem havido uma certa recuperação”, reconhecendo que há lá “uma maior preocupação” e “uma política mais firme de protecção das florestas e da biodiversidade”.

A propósito do combate à desflorestação em S.Tomé, “a ilha em que a situação é mais preocupante”, existe “um Departamento de Controlo e Fiscalização” afecto à Direcção de Floresta “que tem esta responsabilidade”, afirmou o seu director. Esclareceu “que este departamento apoia o Estado na regulamentação, na emissão de licenças de abate, na fiscalização e protecção através de guardas florestais, em coordenação com a Polícia Nacional, as Forças Armadas, as Câmaras Distritais e instituições da comunidade” que ajudam “no fornecimento de informações” indispensáveis.

O Director Anahory Dias defende “uma conjugação de esforços entre o governo, o parlamento, a sociedade civil e instituições políticas nacionais”para “combater esta calamidade e salvaguardar os recursos florestais”. Podem se unir para fazer a “legislação e criarem incentivos para a importação de madeira e outros materiais alternativos aos recursos florestais usados na construção principalmente em casas sociais”, exemplificou, a propósito.

 

COMO A COMUNIDADE PARTICIPA NA PRESERVAÇÃO?

Depois de reconhecer “a importância da comunidade na preservação das florestas nacionais”, Anahory Dias confirma ter sido pouco o contributo das cooperativas dos madeireiros, particularmente. Afirma, com muita preocupação que “muita gente pensa que os recursos florestais são renováveis como algo mágico”. Acrescenta que “muitos só vêem o abate de madeira apenas como fonte de rendimento, sem ter em conta as suas consequências” para o país e o ambiente.

Disse que “a floresta é um processo”, cujo” ciclo é mais alargado”que“a produção agrícola”. “Quando plantamos uma árvore em S.Tomé e Príncipe, temos que esperar, pelo menos entre 15 e25 anos” para termos uma árvore pronta para ser abatida, explicou, acrescentando que “há ainda espécies que temos que esperar entre 100 e 150 anos para que cresça”.

O Director de Floresta disse que o país já dispõe de um plano desenvolvimento florestale uma estratégia de comunicação para fazer face à situação actual. Afirmou estar a trabalhar com as instituições públicas nacionais e com as organizações do sistema das Nações Unidas nesse sentido.

Continuaremos na próxima edição com o Plano de Reflorestação e Estratégia de Comunicação.

 

 

 

 

Diário de São Tomé e Príncipe - Jornal Transparência | Todo Direito reservado | Rua 3 de Fevereiro - São Tomé | 

 São Tomé e Príncipe | transparencia.st@hotmail.com - (00239) - 9936802 - 9952092 - Webmaster JS 


Ir ao top^