Corte abusivo de árvores
e as Mudanças Climáticas
São Tomé e Príncipe
conhece perca de
potencial florestal
- afirma director das
florestas
08.04.2019 -
A
desflorestação em S.Tomé
e Príncipe dá visíveis
sinais de alarme, com as
chuvas a diminuírem, o
calor a aumentar e a
seca a afectar grande
parte do território
são-tomense,
principalmente a ilha de
São Tomé. Os prejuízos
já são incalculáveis
para a agricultura e o
meio ambiente. Todo o
país encontra-se com
problemas da perca do
potencial florestal
madeireiro, tal como
reconhecem as
autoridades nacionais,
afirma Director das
Florestas sobre causas e
Consequências das
Mudanças Climáticas.
A
propósito fomos ouvir o
Director de Floresta,
Anahory Dias. Antes de
tudo fez questão de
lembrar que foi através
da Lei nº 5/2001 que o
governo de então, criou
esta direcção porque já
naquela altura era
necessário congregar
esforços “para uma
administração dos
recursos florestais em
benefício do homem e sem
prejuízos para a
natureza”.
Depois de reconhecer a
importância da
preservação das
florestas são-tomenses
por causa da manutenção
do clima e da
temperatura para o mundo
de uma forma global,
realçou o papel
exercido pela floresta
tropical são-tomense na
cadeia de filtro da
poluição do mundo”.
Acrescentou que a
preservação da nossa
floresta “contribui
para a preservação da
água que tende a
diminuir com o processo
de aquecimento global”.
Director Anahory Dias
diz que apesar de todos
“reconhecerem as
potencialidades”e“a
diversidade biológica
das nossas florestas”,
“tempos grandes
problemas de controlo”
das mesmas. Lembro-vos
da sua “importância
reconhecida
internacionalmente”
e deu como exemplo desta
diversidade, osprodutos
“não madeireiros”referindo-se
nomeadamente “os
búzios, a malagueta
tuatuá, o óssame, o
pau-pimenta, o vinho da
palma, a carne de caça,
e muitos outros”,
dos quais“muitas
famílias são-tomenses
buscam o seu sustento”,
explicou na ocasião.
“A floresta não é só
madeira”,
pontuou. É um
ecossistema, que “integra
desde a água, as
plantas, os amimais e os
microrganismos que a
compõem”, por
isso fez questão de
recomendar que “temos
que a preservar”porque
“é dela que
depende a vida”no
nosso planeta.“Esta
a fonte primária da vida
na terra”,
esclareceu a propósito.
OS RICOS E AS ZONAS
DEGRADADAS
Sobre a desflorestação,
Director Anahory Dias
fez um historial das
suas causas e contornos
e consequências.
Explicou que “tudo
começou depois que foram
distribuídas as parcelas
de terra para os
pequenos e médios
empresários agrícolas,
com início em 1996”.
Adiantou que “a
partir de 2001
agravou-se a
desflorestação”,
principalmente “da
chamada floresta de
sombra” que“também
são produtivas”,
devido, - nas suas
palavras - “a
falta de acompanhamento”
desde que foram
distribuídas as
parcelas. Acrescentou
que também foram
cortadas madeiras para
habitações sociais, por
falta de alternativa
para a sua construção.
O director da Floresta
afirmou que “todo
o país se encontra com a
perca de potencial
madeireiro”, com
isto o país “perdeu
muito da outra parte da
sua diversidade
biológica”,
designadamente “as
aves, outros animais e
microrganismos”
e justificou, dizendo
que estes seres “dependem
um do outro”.
Para Anahory Dias, “em
S.Tomé a floresta está
bastante degradada”,
enquanto“no
Príncipe tem havido uma
certa recuperação”,
reconhecendo que há lá “uma
maior preocupação”
e “uma política
mais firme de protecção
das florestas e da
biodiversidade”.
O Director Anahory Dias
defende “uma
conjugação de esforços
entre o governo, o
parlamento, a sociedade
civil e instituições
políticas nacionais”para
“combater esta
calamidade e
salvaguardar os recursos
florestais”.
Podem se unir para fazer
a “legislação e
criarem incentivos para
a importação de madeira
e outros materiais
alternativos aos
recursos florestais
usados na construção
principalmente em casas
sociais”,
exemplificou, a
propósito.
COMO A COMUNIDADE
PARTICIPA NA
PRESERVAÇÃO?
Depois de reconhecer “a
importância da
comunidade na
preservação das
florestas nacionais”,
Anahory Dias confirma
ter sido pouco o
contributo das
cooperativas dos
madeireiros,
particularmente. Afirma,
com muita preocupação
que “muita gente
pensa que os recursos
florestais são
renováveis como algo
mágico”.
Acrescenta que “muitos
só vêem o abate de
madeira apenas como
fonte de rendimento, sem
ter em conta as suas
consequências”
para o país e o
ambiente.
Disse que “a
floresta é um processo”,
cujo”
ciclo é mais alargado”que“a
produção agrícola”.
“Quando plantamos
uma árvore em S.Tomé e
Príncipe, temos que
esperar, pelo menos
entre 15 e25 anos”
para termos uma árvore
pronta para ser abatida,
explicou, acrescentando
que “há ainda
espécies que temos que
esperar entre 100 e 150
anos para que cresça”.
O Director de Floresta
disse que o país já
dispõe de um plano
desenvolvimento
florestale uma
estratégia de
comunicação para fazer
face à situação actual.
Afirmou estar a
trabalhar com as
instituições públicas
nacionais e com as
organizações do sistema
das Nações Unidas nesse
sentido.
Continuaremos na próxima
edição com o Plano de
Reflorestação e
Estratégia de
Comunicação