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Jorge Vacas sobre situação empresarial
Mais antigo comerciante descreve enormes prejuízos da Covid-19
30.04.2020 - Jorge Vaca, um dos mais antigos comerciantes de S.Tomé e Príncipe e proprietário da Firma Luís Fonseca, foi bem claro sobre as dificuldades por que passam as empresas e firmas comerciais são-tomenses. Este respeitado comerciante é dono de uma das mais antigas e equilibradas lojas do centro da cidade de São Tomé. A sua firma, Firma Luís Fonseca, Lda., acumula longa experiência de sobrevivência às dificuldades, depois de ter enfrentado várias vicissitudes desde do período colonial até aos nossos tempos. Esta casa comercial tem com cerca de 118 anos de existência.
Para este popular comerciante, os prejuízos acumulados nestes meses de luta contra o novo coronavírus economia já são muito grandes, referiu, lembrando que o poder de compra das populações já era de si fraco. Com menos rendimentos disponíveis, o volume de negócio, já por si pequeno, reduziu ainda mais, não suportando deste modo a falta de recursos financeiros a circular no mercado. Com a baixa de negócios, é natural que não haja recursos financeiros para alimentar o negócio, afiançou.
A semelhança de outros empresários nacionais, “estou a sentir-me bastante prejudicado, porque a única indústria que nós tínhamos, era o turismo, e a pandemia veio acabar com o turismo”. Adiantou que “venho mantendo a parte de uma secção do comércio tradicional”. Com o enfraquecimento de negócio e de receitas por parte das populações, as empresas e os comerciantes, como consequência, estão a acumular prejuízos, lembrou Jorge Vacas.
Este empresário recordou a nossa reportagem que com o crescimento do turismo nos últimos tempos, muitos negócios foram se especializando em prestação de serviço para aproveitarem a oportunidade que este oferecia. Para tal, explicou Jorge Vacas, ele criou, tal como muitos empresários locais, no seu investimento “um pólo de atracção turística com artigos africanos, que os turistas gostam”. E devido a suspensão da actividade turística, esta vertente de negócio seu e, em geral, no país inteiro está a parada e a ser asfixiada.
Perante esta situação, Jorge Vacas disse que a alternativa é recorrer a pouca ou quase inexistente reserva com que vai tentando evitar a falência “enquanto durar esta situação”. Garantiu que vai continuar a tentar sobreviver “até quando não poder”
Jorge Vacas reconhece o valor do programa de apoio a actividade económica financiada pelo Governo, mas considera este plano de contingência “está a funcionar em parte” e que deveria ter em conta “os interesses específicos dos empresários nacionais”. Para este empresário, na área do comércio, por exemplo, são poucos os empresários nacionais que conseguiram sobreviver a concorrência desigual dos comerciantes estrangeiros que se instalaram em S.Tomé, defendendo, deste modo, “um tratamento especial em defesa dos interesses nacionais”.
Jorge Vacas disse-nos que o número de comerciantes nacionais pode ser contado numa só mão Deu o exemplo dos resistentes, nomeadamente “estou eu, está Milú, Casa Inglesa” e pouca mais. E lamentou que se não tiverem auxilio e facilidades do Estado, neste quadro terão que “fechar as portas” tal como já vem acontecendo. “Já estão fechadas Lojas, Bares, Restaurantes, etc.”, desabafou.
Na perspectiva do nosso entrevistado, sempre houve muito pouca atenção dos anteriores governos em relação ao sector empresarial. Disse que se observa alguma “anarquia” e mesmo “vandalismo”, referindo-se a concorrência do comércio informal de rua em prejuízo dos que pagam os seus impostos e garantem empregos, e “não devem” nomeadamente “a EMAE, CST, Correios, Alfandegas, ENAPORT, Bancos e Segurança Social”, afirmou Jorge Vacas.
O empresário explicou que a concorrência desleal é um fardo para os que cumprem a lei, que pagam impostos e dão empregos, porque os informais não têm estes compromissos, dando o exemplo da sua empresa que “tem cinco empregados, dos quais cerca de 20 agregados familiares deles dependem para sobreviver”, desabafou ao terminar.
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